O Alfaiate Valente

Capítulo 1

Muito Obrigado por estar aqui, e tenha uma boa leitura.

A Adaptação mais famosa é da disney, com o Mickey como o Alfaiate Valente.  Também teve um episódio do Chapolin com uma adaptação do Alfaiate Valente.

A multidão se aglomerava na beira da Oxford street, ao lado dos seus inúmeros prédios clássicos de quatro, ou cinco andares,  ao fundo Torre do Relógio do edifício do Parlamento de Londres, o Big Ben badalava ao longe, aumentando ainda mais a dramaticidade do momento. O que chamava a atenção das pessoas não era a rainha saindo com sua corte para o Royal Princess's Theatre, mas os vários soldados cabisbaixos, alguns com bandagens ensanguentadas em várias partes dos corpos, braços pendendo em tipoias ou apoiados em muletas improvisadas.

Os soldados da rainha pareciam estar voltando de um guerra, mas toda a população observava ainda mais horrorizada porque sabiam que eles estavam vindo de um encontro com um autonomo gigante que havia adquirido consciência própria. 

***

Meses antes...

No térreo de um prédio de estilo clássico no meio da periferia de Londres, sob a pesada fumaça das inúmeras chaminés das fábricas movidas a vapor, Jerry havia terminado a costura no colete de um cliente e agora preparava o seu jantar, feito na mesma mesa em que instantes atrás ele efetuava seus ofícios de alfaiate, a única existente no apertado cômodo que servia de local para o seu ofício e casa para ele e seu sócio. As dezenas de moscas que infestavam a casa abusaram da oportunidade e iniciaram sua faina repulsiva ao se banquetearem com o escasso pão que servia como almoço para o jovem; uma cena ascosa, mas que não incomodava o alfaiate - talvez por estar acostumado - talvez por ter abdicado de se importar. Quase no mesmo instante em que ele se sentou a mesa seu colega Hugh, como o combinado, adentrou na casa trazendo o leite provavelmente conquistado numa das suas famosas noitadas de jogatina.

Finalmente, quando terminaram a ceia, a dupla se manteve ali sentada olhando para o nada apreciando a sensação da barriga cheia, algo não muito comum durante aqueles dias.

As moscas intensificaram o seu trabalho quando notaram a inércia, esta que mesmo durando apenas um instante, foi o suficiente para que dezenas de insetos pousassem sobre os restos de comida. Farto do incomodo o jovem alfaiate pegou um dos panos de prato velho e começou a enxotar as invasoras de forma bastante desajeitada e até ridícula. 

Notando a incapacidade do amigo na tarefa Hugh esboçou um sorriso velhaco e maquiavélico, ao que propôs:

— Vê estas moscas, meu caro amigo Jerry? Te proponho um desafio.

— Lá vem você novamente com essas suas ideias estapafúrdias, o que me propões dessa vez? Sabes muito bem que eu não sou muito prodigioso nessas suas competições injustas — o pequeno alfaiate esboçou um sorriso.

— É simples, o desafio é o seguinte, veja essas inúmeras moscas sobre nossa mesa? Proponho uma competição entre cavalheiros, em que o vencedor será quem conseguir matar mais desses insetos com um único golpe.

— Novamente essa mesma brincadeira Hugh, sabes muito bem que da ultima vez eu tive de fazer o seu trabalho por uma semana. Não aceito esta tolice.

— Ok, entendo a sua preocupação, vamos fazer então dessa vez de uma forma diferente, algo que não envolva trabalho, que tal? — Hugh ficou esperando uma resposta de seu amigo e ele consentiu com um gesto positivo com a cabeça. — Pois bem, dessa vez, o perdedor deve bordar na sua casaca quantas moscas o vencedor matou com um só golpe, simples.

Jerry ficou por alguns instantes pensativos, a ideia lhe parecia interessante, se ele perdesse bordaria sim quantas moscas seu amigo havia exterminado, mas para ele não faria muita diferença, raramente saia de casa; além disso, se vencesse, Hugh seria obrigado a andar por aí com sua casaca bordada, para ele que era um boêmio frequentador dos bares de Londres seria uma humilhação ainda maior.

— Dessa vez eu vou vencer Hugh, eu sinto isso — Jerry sorriu pela segunda vez naquele dia.

— Jerry, Jerry, eu adoro esse seu otimismo.

Hugh foi o primeiro. Notou que havia uma junção de algumas dezenas de insetos em uma extremidade da mesa, preparou o pano de prato e desferiu a pancada. Quando o levantou, duas moscas jaziam mortas, e com isso ele notou de soslaio que um sorriso havia se apagado do rosto de seu amigo; vendo essa reação, Hugh riu novamente.

Mesmo com o semblante fechado Jerry, agora duvidando da sua sorte, se preparou com uma pose derrotada para desferir um golpe, e atacou sem muita vontade uma junção de insetos distraídos com algumas migalhas de pão sobre a mesa. Quando levantou o mesmo pano de prato gritou "três!" como se nem ele acreditasse no que via a sua frente, três moscas estavam mortas sobre a mesa, e no mesmo instante seu sorriso novamente se ascendeu enquanto Hugh ficou ali boquiaberto, sem saber o que fazer.

Como uma última cartada ele proferiu.

— Melhor de três.

Jery riu:

— Meu amigo, dessa vez não vais me enganar com essa história de melhor de três. Pode começar a bordear sua casaca, com os dizeres "Jerry, matou três moscas com um só golpe".

— Pois bem, cumprirei o acordo — respondeu com a cara fechada. — Mas escreverei do meu jeito.

Jerry não gostou da resposta do amigo, ele era conhecido por uma astuta criatividade para escapar de impasses como esse, e com certeza ele iria contornar a situação, mas Jerry não se importava, havia algum tempo que ele não se via campeão ante o amigo "sortudo".

Lá foi Hugh após a ceia bordar na sua melhor casaca, não por ideia própria — afinal queria escrever em uma vestimenta surrada — mas Jerry o obrigou a bordar na sua melhor casaca, a que ele usava para sair. Depois de muita insistência, terminou e muito enfezado vestiu a casaca e como de costume partiu, para a noitada de farra nos pubs da cidade com a frase "Jerry matou três" escrito nas costas.

***

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