Carnaval

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"Taí, eu fiz tudo pra você gostar de mim..." Era a frase que martelava de minuto a minuto na cabeça de certa médica loira na fila do portal de embarque para o Brasil.

Inferno, nos últimos anos ela já havia aberto mão de muitas coisas por aquela latina sexy que a acompanhava, mas ir ao carnaval? Não, isso era o fim da picada, afinal, até pra ela felicidade tem limite. E enfrentar um vôo de oito horas pra participar de uma festa de rua com milhares de hipócritas envoltos por uma pseudo-alegria, era demais.

Foi entre esses e outros pensamentos que elas entraram no avião. Callie já estava estranhando todo o silêncio desde que fizeram o Check-in, praticamente uma hora atrás, mas como a loira havia tomado alguns calmantes antes de entrarem no avião, ela achou que pudesse ser isso.

- Oh não Calliope, a janela é minha. – finalmente dissera, fazendo birra.

- Mas você disse que queria a poltrona do meio, Arizona

- É que ontem a noite li um estudo...

- Tudo bem, tudo bem, passa pra cá.

Como boa cidadã e provedora dos bons costumes, Callie cedeu o seu lugar na janela para o Arizona, no intuito de acalmar sua amada e evitar que a mesma tivesse mais uma crise de pânico, como da última vez em que voaram.

Ai meu bem, não faz assim comigo não!
Você tem, você tem que me dar seu coração!

Pouco tempo após o avião decolar, Arizona apoiou a cabeça na curvatura do pescoço de Callie, fazendo-a sorrir tolamente, acreditando que a loira já havia pegado no sono, mas para o seu desespero, não tardou muito para que ela pudesse sentir uma mão sorrateira alisando sua perna e o leve roçar de lábios úmidos em seu pescoço.

- Ari, pára.

- Calliope, estou fazendo um voo infinito por você. Mereço receber algo em troca... E o banheiro está livre.

- Sinto muito querida, mas esse seu inocente convite pode nos levar presas, então vou ser obrigada a recusar.

Resignada, Arizona voltou a apoiar a cabeça no ombro da esposa, entrelaçando seus dedos, enquanto dava leves cochilos pelo resto da viagem, o que cá entre nós... Demorou boas horas.
Ao aterrissar, Arizona praguejava mentalmente aos céus e terras pela dor na perna. Há tempos que ela não sentia o seu membro amputado latejar tanto quanto naquele momento.

Meu amor, não posso esquecer,
Se dá alegria faz também o sofrer.

Logo ao saírem do avião, as médicas foram saudadas por uma mini-bateria de escola de samba e algumas mulheres seminuas que davam boas vindas aos turistas. Arizona prontamente animou-se, ousando até sorrir para uma das meninas, o que não passou despercebido por Callie.

- Pra quem não queria vir, você até que está bem animadinha.

- Só estou sendo educada e aproveitando as atrações culturais, Calliope – disse a loira, enquanto acompanhava o balançar dos quadris de uma sambista que passava.

Callie apenas optou por não responder.

Tanto quanto ela era autoconfiante, não podia deixar de sentir uma pontada de ciúmes ao notar os olhares que a esposa estava direcionando para todas aquelas mulheres com seios e bundas 'imoralmente' grandes e simetricamente perfeitos.

Chegando ao hotel, o show de viradas de pescoço e sorrisos bobos por parte de Arizona não cessaram ou tornaram-se mais discretos. Seguindo para a suíte reservada, ela não poupou gentilezas para outra turista que pegara o elevador com elas. Se Callie já estava com raiva, agora desejava que um raio a partisse ao meio. Droga, Arizona nunca fora do tipo desrespeitosa... Ela não conseguia entender o motivo dela estar paquerando tão descaradamente outras mulheres.

[One-Shot] CarnavalOnde histórias criam vida. Descubra agora