Os flocos de neve cadentes substituem os pontos luminosos conhecidos como estrelas, o céu num azul tão escuro que mais parece um grande lençol preto que cobria minha cabeça solitária. Meus pés afundando na neve branca deixam repetidas pegadas por todo o caminho em que ando, meus lábios descoloridos e rachados tremem provando o quanto o frio me incomodava e o som dos dentes se chocando parecem ecoar na longa estrada.
As árvores formam uma muralha em linha reta mostrando que aquele era o único caminho a seguir. Embora com um grosso cachecol em torno do pescoço, não é o suficiente para fazer meu nariz parar de escorrer e a garganta parar de mostrar sinais de irritação. A fina fumaça que sai dentre meus lábios desaparece conforme vai em direção ao manto negro do céu.
Os flocos se acumulam em cima das minhas vestes e pesam a cada passo que dou, a lanterna que carrego está prestes a cair dos meus dedos congelados, maltratados por terem sido esquecidos de serem protegidos.
Mesmo com toda essa “tortura”, o clima em minha volta me dá a sensação de conforto. Eu me sinto abraçado pelos sentimentos calorosos que eu guardo dentro de mim, com o sorriso dele pregado na minha mente distorcida. Ele quem me faz sorrir até mesmo em momentos inoportunos, me faz sentir o calor dentro do peito e a necessidade de senti-lo, de tê-lo ao meu lado a todos os momentos.
Ele quem sempre esteve nos meus sonhos, nas minhas roupas que ainda têm seu perfume impregnado, sua risada que ecoa repetidamente como se ele estivesse mesmo rindo no meu ouvido. Tudo isso só faz o amor sufocante aumentar dentro do meu peito, tanto que dói. Mas não só isso, Jimin também me faz chorar. Por não poder sentir sua pele quente como brasa acesa debaixo dos meus dedos, por não poder cheirar seus cabelos macios enquanto o abraço por trás na cama que antes dividíamos.
Eu gostaria de sentir seus lábios mais uma vez, relembrar a textura gostosa e os sentimentos que trazia em consequência.
Mas só me sobrou meu piano. Esse piano em que eu tocava belas melodias para ele e via seu sorriso iluminado se abrir como o amanhecer, a fumaça que saíam das nossas xícaras com chocolates quentes tornava o ambiente mais agradável, junto com a neve que caía como nessa noite. Mas, diferente do passado, agora a cabana está fria e escura e o sentimento de calor foi decepado pelo frio que se instalou sem dó.
É a perfeita retratação de um inverno morto.
Sem ele eu não me sinto vivo o suficiente para seguir o destino que parece correr assustado das minhas mãos, ao contrário do passado que me agarra e me prende a si, me machucando cada vez mais.
O piano está como sempre desde que ele se foi: intacto. As duas xícaras ainda estão lá, mas o líquido que costumava ter desapareceu. A única luz é a da minha amiga lua, a única que não me deixou em momento algum.
Meus dedos levantam a tampa das teclas, a poeira que se acumulou caiu como um pano. Minha única visão são das teclas brancas e pretas da qual eu me apeguei tanto, essas teclas que eu destinei músicas de amor para Jimin.
A primeira nota. A primeira memória. O primeiro sorriso que fez tanto efeito em mim, aquele que me fez apaixonar desenfreadamente. Éramos jovens, adolescentes inconsequentes que querem descobrir, mas também aprendemos a amar e não tinha amor mais lindo que o nosso. Amor que ultrapassou barreiras e mesmo assim se manteve vivo, apesar das diversas dificuldades.
A segunda nota. A segunda memória. Todos os casais brigam, óbvio, e mesmo com aquela recente discussão, não conseguimos ficar muito tempo ignorando um ao outro e logo estávamos nos amando no sofá. Nunca deixamos ninguém e nada interferir na nossa relação, fazíamos de tudo para não nos abalar com o que as pessoas diziam ou faziam contra nós. Nosso elo, a forte ligação que sempre tivemos, sempre nos ajudou a seguir em frente e resolver os problemas, por maiores ou mais tolos que fossem.
A terceira, a quarta, a quinta nota… a melodia. Todas as memórias vêm como um grande tsunami e as lágrimas não demoram a chegar. Ele era tão precioso. Um diamante polido e lustrado que eu fazia questão de admirar sempre que possível. O sorriso doce, as bochechas rosadas quando o elogiava, os olhos brilhantes, os cabelos sedosos, as mãos pequeninas, as pintinhas espalhadas pelo corpo e… ah, que corpo. É inevitável não pensar nas noites quentes que vivemos, de como ele suspirava, das suas expressões…
Tão único. Assim eu posso descrever meu Park Jimin, o rapaz que capturou meu coração de forma assustadora com seu jeito gentil e carinhoso. Eu só quero tê-lo de volta para abraçá-lo com todas as minhas forças…
A música acaba e o silêncio retorna para me atormentar.
— Achou que eu não viria? — Uma alucinação, só pode ser isso. Uma alucinação física também, suas mãos quentes tocam meus ombros rígidos.
Olhando-o por cima do ombro, vejo seu torso e subindo o olhar consigo enxergar a face da pessoa que mais amei em toda a minha vida com um sorriso pequeno nos lábios e olhos marejados.
— Achei que tinha te perdido. — murmuro com a voz fraca. O choro preso na garganta me impede de falar mais alto, mas o sorriso que surge no meu rosto é inevitável.
Meu precioso está do meu lado, como sempre quis e implorei nesses anos solitários.
— Eu prometi — sua voz está sempre num timbre calmo e aconchegante me fazendo derramar a primeira lágrima de muitas. —, nunca deixarei você. Nem mesmo quando morrer, eu estarei sempre com você.
Aquela dor que eu sinto se dissipa assim que seus lábios entram em com contato com os meus rachados e ressecados. O tsunami de sentimentos já não vem carregado de dor e saudade, mas sim de uma tremenda felicidade. Minhas mãos tocam suas bochechas, e, sim, é real.
— Eu te amo tanto, Jimin… — sussurro entre nossos lábios, vendo-o sorrir abertamente.
— Eu também te amo, meu Yoongi.
Essa noite, que pensei que seria fria, hostil e solitária, conseguiu se tornar calorosa apenas com sua presença. O piano voltará ser tocado com canções de amor, as xícaras tornarão a possuir chocolate quente para nos aquecer nos invernos. E Jimin voltará para os meus braços, de onde nunca deveria ter saído.
♤♡♢♧
Olá! Depois de um tempo sem postar nada aqui no Wattpad, resolvi postar essa O/S que fiz hoje na aula de biologia...
Ela pode parecer um pouco confusa, principalmente nesse final tão vago. Mas essa é a minha intenção, quero que vocês criem um motivo para esse "desaparecimento" do Jimin e porque ele retornou.
É uma fic interativa!
Anyway, espero que tenham gostado! Votem e comentem ~
Bye ~ ♡
(Até a próxima fic! '-^)
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Winter ❄ YoonMin ❄
FanfictionTão único. Assim eu posso descrever meu Park Jimin, o rapaz que capturou meu coração de forma assustadora com seu jeito gentil e carinhoso. Eu só quero tê-lo de volta para abraçá-lo com todas as minhas forças... Sem ele eu não me sinto vivo o sufici...