Ele se desvencilha dos braços dela, e sussurra algo em seu ouvido. Ela ri e o deixa ir, ele começa a caminhar, mas logo perde o equilíbrio, titubeando ele se pendura na grade que o impede de cair do telhado. Ele ri de si mesmo. Ele está bêbado, Deus ele ficou com a minha garota bêbado. Raiva começa a subir pelo meu corpo, e eu sinto que a qualquer momento vou explodir.
Eu ando duro até Fredd, que continua a rir apoiado na grade. Meu instinto pega-o pelo colarinho, e desfere um soco forte em seu rosto. Sua reação é rir, e eu me sino ferver quando dou outro soco. Seu nariz e boca sangram. E ele parece sentir a dor dessa vez. Meio mole ele me empurra, inútil, pois sua força se esvai no segundo em que meu punho segura o dele. E eu o jogo para longe da grade. Ele se ergue com dificuldade, e tenta avançar em mim. Atinjo em seu estômago o fazendo cair, e logo em seguida vomitar.
As pessoas em volta apenas assistem ao espetáculo, algumas riem, outras torcem por mais, e outras me direcionam um olhar horrorizado, mas ninguém me impede de continuar.
Fredd levanta em meio ao seu vomito, ele limpa a boca, e começa a piscar. O teor de álcool em seu sangue parece baixar, e ele retorna à consciência. Seu olhar encontra o meu, e ele me reconhece.
- Ty?... o que.. - eu soco seu rosto uma última vez, ele cai no chão mais uma vez, mas toda a graça já se foi. Ele limpa a boca de sangue e olha pra mim confuso. Eu o deixo no chão, e saio o mais rápido que consigo dali.
A musica parece estourar em meus ouvidos, os corpos que dançavam, agora parecem me segurar, impedindo-me de escapar.
Sinto alguém segurar minha mão.
- Ty? - a voz familiar me chama, e eu imediatamente olho em direção a ela.
- Estou indo pra casa. Quer carona?- ela parece confusa, mas assente. Ambos saímos da confusão. O ar frio da noite anestesia minha raiva, vou em direção ao carro ignorando as peguntas de Johanna. Seu organismo alterado pelo álcool a deixa um pouco lenta, ouço-a cantarolar algumas musicas durante o percurso.
Em minha mente, vivencio consecutivas vezes a cena de Ramona e Fredd. Meus olhos ardem em lágrimas, mas eu as impeço de escorrer. Piso mais fundo no acelerador deixando a velocidade levar minha frustração. Johanna parece gostar e sorri inclinada no banco, recebendo o ar que bate em seu rosto.
Estaciono em frente à sua casa, Ela olha para sua casa, e depois se vira pra mim.
- Você está bem? - ela pergunta.
- Não. - respondo soltando o ar. - Você está?
- Acho que sim.- sua voz soava um pouco arrastada. - Quer entrar e tomar um pouco de água? - ela oferece gentil.
- Não. - disparo, ela engole em seco e abre a porta do carro pronta para sair. - Eu... - ela para e me olha, as palavras somem e eu apenas fico em silencio. Ela suspira deixando cair os ombros e sorri meio torto. A porta do carro se fecha, e eu a espero entrar. Meu pé pesa sobre o acelerador e arranco em disparada.
Só consigo pensar direito quando chego em casa. Meus pais ainda não chegaram, novidade, devem ter saído juntos, eles adoram dar escapulidas. Aproveito a solidão para extravasar minha raiva e frustração. Vou para a academia no andar de cima, e coloco toda a minha energia em malhação e corrida.
As cenas não param de repetir em minha mente, e eu tenho o sentimento de explosão dentro de mim. Em algum momento a adrenalina deixa meu corpo, e quase deixo uma das barras de supino cair em meu peito. Paro ofegante, e é nessa hora, que eu me sinto um perdedor.
A culpa é minha, eu passei meses observando, sem nunca ter uma interação direta com, nunca disse um "olá" convicto, nunca a chamei para sair. Eu me contentei em apenas descobrir de longe cada característica dela, ao invés de puxar algum assunto e descobrir de sua própria boca quais eram suas bandas favoritas, sua comida favorita, seu passatempo preferido, suas manias, suas paixões, o que ela odeia, o que a aborrece, o que a faz feliz... Poderia ter sido eu a beijá-la essa noite, mas eu escolhi ser o observador, eu escolhi isso. A culpa é minha, só minha, de mais ninguém...minha.
Levantei derrotado, imaginando o que estaria acontecendo agora. Ela estava em casa? Estava pensando nele? Ele estava completamente perdido na festa? Enterrado demais na bebida pra sequer lembrar que teve nos braços a garota mais incrível do mundo? Nada disso me diz respeito. E eu estava disposto a esquecer isso.
Debaixo do chuveiro, naquela noite, eu decidi esquecer Ramona Castiel, e todos os sentimentos que guardo por ela.
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Até Que Ponto?¿
Teen FictionTyler é apaixonado por Ramona Ramona está a fim de Fredd Fredd é loucamente apaixonado por Johanna desde os 12 anos. Johanna nutri uma paixão secreta por seu melhor amigo Tyler. As coisas entre eles se tornam confusas após uma traição e um acidente...