Capítulo 4

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Esperem aí por mim, eu preciso de ir à casa de banho. - diz um menino moreno com 10 anos, que estava a caminhar com um grupo de três outros da sua idade.

Ok, mas despacha-te. A próxima aula está quase a começar. - responde um menino ruivo, que fazia parte do grupo.

Ok! - exclama o moreno, começando a correr em direção à casa de banho dos rapazes.

Assim que chega ao corredor onde está a casa de banho avista a criança de cabelo negro e olhos safira a sair de lá e encostar a porta atrás de sí, o pequeno estava com o olhar baixo, mas com um sorriso leve no rosto, o menino de antes, aflito para fazer as suas necessidades, cruza caminho com o menor, batendo-lhe de leve no ombro.

Desculpa! - diz o maior, aprecebendo-se que havia ido contra alguém.

Assim que este abre a porta da casa de banho, e os seus olhos param sobre aquela visão mórbida e sangrenta o seu corpo paralisa por momentos, tentando processar tudo aquilo. Após recuperar a consciência o menino assustado e sem saber o que fazer começa a dar passos atrapalhados para trás, até cair e começar a gritar, fechando os olhos com força e dizendo para si próprio que aquilo à sua frente não era real.

O grito dele chama a atenção dos seus amigos que imediatamente correm ao seu socorro.

O que foi? O que se passa?? - pergunta o mesmo menino ruivo de antes, segurando o moreno, pelo ombros e sacundindo-o, tentando-o tirar daquele tranze.

O moreno com o rosto pálido, assim que vê o amigo, para de gritar e com o braço trémulo aponta, lentamente, para a casa de banho dos rapazes, com lágrimas a escorrem-lhe pelo rosto petrificado pelo medo.

O ruivo então desvia o olhar lentamente para a casa de banho,tal como o resto do grupo que instaneamente ficam pálidos de medo e começam a gritar de susto e correm para fora do corredor, sem se preocuparem com o colega petrificado no chão, sem conseguir desviar o olhar da cena.

Uma professora, vendo os meninos a passarem por ela a correrem e gritarem, solta um suspiro de reprovação e decide ir ver o que aconteceu, pensando que algum aluno havia decidido pregar uma partida aos seus colegas na casa de banho. Assim que ela chega ao corredor e vê moreno no chão acelera o passo até à porta.

Mas o que aconteceu aq- - começa a professora, quando é cortada pela visão sangrenta de uma menina cainda no chão, com uma enorme poça de sangue em expansão à sua volta.

Oh meu deus! - exclama a professora levando uma mão à boca e outra ao telemóvel em seu bolso.

Esta então marca o número de emergência e leva o aparelho ao ouvido, enquanto se aproxima em passos lentos da cena.

E-escola Maria José, u-uma aluna e-está... - relata a professora, agora perto o suficiente para perceber o profundo ferimento na parte de trás do pescoço da menina sem sinais de vida. - E-ela está... m-m-morta...p-por favor... venham... rápido... - continua a mesma com lágrimas a começarem-de a formar em seus olhos e o rosto extremamente pálido.

Pouco tempo depois o som das sirenes dos carros da polícia e ambulância podia ser ouvido por toda a escola, invadindo os ouvidos de todos aqueles que ali estavam.

O resto das aulas daquele dia haviam sido canceladas a pedido da polícia para que eles conseguissem analisar a cena do crime com calma e então todos os alunos foram mandados de volta para casa.

As crianças do orfanato estavam todas reunidas perto da paragem de autocarro da escola, à espera que o autocarro as viesse buscar.

Um pouco afastado do foco de pessoas estava o nosso pequeno Suya, sentado na beira do passeio a olhar para o céu.

Esquisitão! - chama Emi aproximando-se de Suya.

Esta estava com a sua mochila à costa e uma outra, pertecente ao seu novo amigo, no ombro.

Toma, deixas-te isto na sala. - diz Emi, entregando-lhe a mochila.

Obrigado... - responde Suya, com o seu habitual tom vazio, sem encarar a outra, pondo a sua mochila às costas.

E onde foste? Eu estive à tua procura durante o intervalo, mas não te encontrei em lugar nenhum, então fui brincar com umas meninas que me chamaram para ir brincar com elas. - explica a menina.

Suya não responde ou encara a menina.

HEY! - exclama ela, chamando a atenção do pequeno, que a encara com o seu olhar vazio de sempre. - Sabias que é má educação não olhar para as pessoas enquanto falas com elas? - pergunta ela, evidentemente frustrada pela postura de Suya.

Ok... - responde ele, desviando o olhar para o céu.

*suspiro* Tu és mesmo estranho sabias? - pergunta Emi num tom provocante.

Suya não responde, o que deixa a menina ainda mais frustrada. Após uns momentos a encarar-lo com um olhar de reprovação ela desiste, sentado-se ao lado do pequeno e ficando a olhar para as nuvens com ele.

Após algum tempo o som do autocarro a chegar faz Emi se levantar e desviar o seu olhar, antes no céu, para onde as outras crianças estavam.

Vamos, o autocarro já chegou. - diz Emi, puxando Suya pela mão, o fazendo levantar e segui-la até ao seu transporte.

Eles entram no autocarro com as outras crianças e sentam-se lado a lado, Suya à janela e Emi ao lado, assim que o autocarro começa a andar Emi começa a conversar com as outras crianças do autocarro, então, ao perceber que a menina se encontrava distraída, o pequeno guarda a faca que escondera por baixo de sua roupa dentro da mochila, sem que a outra veja.

Após mais um tempo de viagen eles chegam ao orfanato.

Pequeno, mas vazioOnde histórias criam vida. Descubra agora