Os Espioes - Luis Fernando Verissimo

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Copyright © 2009 by Luis Fernando Verissimo Todos os direitos desta edição reservados à Editora Objetiva Ltda. 

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© Amanda Friedman / Getty Images 

Revisão 

Rita Godoy 

Ana Julia Cury 

Joana Milli 

Coordenação de e-book Marcelo Xavier 

Conversão para e-book Abreu's System Ltda. 

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE 

SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ 

V619e 

Verissimo, Luis Fernando 

Os espiões / Luis Fernando Verissimo. - Rio de Janeiro : Objetiva, 2010. 

123p. ISBN 978-85-7962-026-3 

1. Ficção brasileira. I. Título. 

09-4843. CDD: 869.93 

CDU: 821.134.3(81)-3 

O que amarei se não for o enigma? 

Giorgio De Chirico

Sumário 

Capítulo 1 

Capítulo 2 

Capítulo 3 

Capítulo 4 

Capítulo 5 

Capítulo 6 

Capítulo 7 

Capítulo 8 

Capítulo 9 

Capítulo 10 

Capítulo 11 

Capítulo 12 

Capítulo 13 

Capítulo 14 

Capítulo 15

1

Formei-me em Letras e na bebida busco esquecer. Mas só bebo nos fins de semana. De segunda a sexta trabalho numa editora, onde uma das minhas funções é examinar os originais que chegam pelo correio, entram pelas janelas, caem do teto, brotam do chão ou são atirados na minha mesa pelo Marcito, dono da editora, com a frase "Vê se isso presta". A enxurrada de autores querendo ser publicados começou 

depois que um livrinho nosso chamado Astrologia e Amor - Um Guia Sideral para Namorados fez tanto sucesso que permitiu ao Marcito comprar duas motos novas para sua coleção. De repente nos descobriram, e os originais não param mais de chegar. Eu os examino e decido seu futuro. Nas segundas-feiras estou sempre de ressaca, e os originais que chegam vão direto das minhas mãos trêmulas para o lixo. E nas segundas-feiras minhas cartas de rejeição são ferozes. Recomendo ao autor que não apenas nunca mais nos mande originais como nunca mais escreva uma linha, uma palavra, um recibo. Se Guerra e Paz caísse na minha mesa numa segunda-feira, eu mandaria seu autor plantar cebolas. Cervantes? Desista, hombre. Flaubert? Proust? Não me façam rir. Graham Greene? Tente farmácia. Nem le Carré escaparia. Certa vez recomendei a uma mulher chamada Corina que se ocupasse de afazeres domésticos e poupasse o mundo da sua óbvia demência, a de pensar que era poeta. Um dia ela entrou na minha sala brandindo o livro rejeitado que publicara por outra editora e o atirou na minha cabeça. Quando me perguntam a origem da pequena cicatriz que tenho sobre o olho esquerdo, respondo: 

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⏰ Última atualização: May 15, 2014 ⏰

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