O despertador tocava insistentemente, se tinha uma coisa que Maite odiava, mais que noites de Natal, eram as vésperas dela. Nova York realmente ficava deslumbrante aquela época, definitivamente era a cidade mais iluminada que alguém poderia ver, era realmente muito encantador. Para uns sim, para outros não, como tudo na vida é. Datas comemorativas já tiveram uma importância na vida de Maite, mas, como tudo, qualquer importância que tivesse aquela ou qualquer outra data, para ela, pouco importava, a única coisa que ela tinha de lucro, eram as férias que viriam, e assim ela poderia divertir-se um pouco jogada inteiramente de cabeça no computador, renovando idéias para o ano que se iniciaria. O toque irritante do celular começou a soar pelo quarto, e ela condenou-se por ter esquecido de fechar bem as cortinas da janela, a claridade e o ar gelado entravam pelas frestas, quebrando a escuridão do quarto que tanto combinava com a decoração de cores frias. Maite limitou-se a esticar o braço, até alcançar o aparelho e por fim, desliga-lo. Uma mensagem fora anunciada e Maite pensou em simplesmente ignorar, porém quando viu o remetente, optou por ler de uma vez. Era Christian, e uma careta logo formou-se em seu rosto. Christian deveria estar aproveitando a lua-de-mel, ao invés de estar atormentando-a aquela hora da manhã. O conteúdo da mensagem era breve, mas pela forma da escrita, parecia mais um mandado, cheio de exclamações e súplicas. Maite respirou fundo, digitando de volta, porque se tinha uma coisa que Christian sabia, era que ela não iria aceitar ir para a ceia de Natal que aconteceria em sua casa, todo ano a resposta sempre era a mesma, literalmente. E, mesmo antes que Maite pudesse terminar de digitar, outra mensagem chegou, e era o que ela menos queria.
"Te espero. Tenha um ótimo dia. ¡Besos hermosa!"
Insistir, realmente sempre fora o forte de Christian.
- Merda...! - ela praguejou, colocando o travesseiro no rosto, com a tentativa falha de voltar a dormir.
*
Os flocos de neve, aquele dia, em plena manhã, era um desejo esperado por muitos, Anahí até que tinha se esforçado para sair da cama, detalhe: Sancho com toda a sua pança, a impedia, por ter dormido com ela na noite passada. O cachorro fora quem a acordou, enquanto latia, tentando chama-lá para fora, e juntos, como se era de costume, correr até a janela, para observar a alegria das pessoas, das crianças, brincando na neve.
- É maravilhoso! - Anahí exalava felicidade nos olhos, enquanto observava tudo aquilo, acariciando o pelo de seu cachorro, feliz por estar ali mais uma vez, feliz porque era uma etapa que se fechava, e que ao mesmo tempo, se renovava mais uma vez...
Era comum, Anahí não trabalhar apenas na noite de Natal, na véspera, ela sempre trabalhava, mas aquele dia em especial, estava sendo quase impossível, uma vez que Christian e Miguel havia intimado-a a escolher uma sobremesa para a ceia. Ela sempre tentava livrar-se daquelas tarefas, cozinhar não era seu forte, então teria que correr a cidade inteira atrás de uma loja que fosse, para comprar a torta que tinha visto a receita na Internet. Sancho acompanhou a dona, que entrava e saia em lojas, até que no fim da tarde, por sorte do destino, conseguiu comprar, a tal torta. Não fora ela que havia cozinhado, mas todo o esforço que havia feito, compensava.
O espírito natalino parecia mesmo tocar o coração das pessoas, algo que era de estranhamento para Maite, porque ela não conseguia entender como as pessoas faziam em especial, naquela época, o que poderiam fazer o ano todo, o que deveriam fazer. Ela chamava de hipocrisia, e se contentava por saber que não eram datas especiais que a mudavam, aquela era ela, e nada a mudaria, então ela resolveu ir para a nova casa de Christian e Miguel, os dois tinham aproveitado aquela noite para apresentar a casa aos amigos, e na cabeça dela, seria algo rápido, não era costumeiro, mas, quem sabe, talvez aquela noite não terminasse de todo mal... Foi fácil chegar e cumprimentar brevemente a todos. Maite decidiu ficar no canto, apreciando o belo vinho que tinha na taça em mãos, avaliando toda a decoração da sala, todas aquelas luzes picantes, a grande árvore bem colocada próxima a porta, as cortinas nas janelas. Estava tudo muito lindo mesmo, ela não poderia negar. Talvez toda aquela magia de Natal realmente existisse, porém, dentro de cada um, o modo que cada pessoa via tudo aquilo. Os pensamentos de Maite foram longe, ao último Natal que ela havia comemorado, a quase dez anos atrás, na casa dos pais, onde o que era para ter sido uma noite feliz, mas tudo fora destruído com a notícia doloroso que Paco, seu irmão, havia se envolvido em um acidente de carro, e infelizmente, havia falecido. Era tudo muito frio, ela lembrava nitidamente do desespero da mãe, e do silêncio sombrio de seu pai, o que era para ser uma data especial, tornou-se a pior noite de sua vida, desde então, tornava-se sem sentido comemorar tudo aquilo.
Maite voltou a si quando um estalar de dedos a sua frente chamou sua atenção, fazendo-a despertar de seu devaneio.
- Ah... Desculpe, me desculpe, eu... - ela tentava explicar algo que nem sabia o motivo. - Eu... Você...
- Olá! Você se sente bem? Aconteceu alguma coisa? - Anahí ria sem entender, avaliando o nervosismo daquela mulher a sua frente. - Eu entrei e você parecia tão distante. - apontou para a porta, voltando a olhá-la. - Você está pálida.
- Oh, não. - Maite negou. - Eu só estava... Pensativa! É, é isso... - assentiu, deixando a taça de vinho sobre a mesinha de centro.
- Ah, entendi... - Anahí assentiu, observando-a. - Então está tudo bem mesmo?
- Sim, está. - Maite assentiu, olhando-a. - Anahí, certo? - tentou.
- Isso. - ela riu, aproximando-se. - Nos conhecemos no casamento do Christian e do Miguel. - Anahí a cumprimentou com um beijo no rosto.
- Sim, eu lembro. - Maite forçou um sorriso, assentido desconfortável, pela situação constrangedora que havia acabado de passar.
- Então você resolveu vir. - Anahí cortou o silêncio, olhando em volta. - A sala é enorme e a decoração ficou linda.
- Sim. - Maite respondeu breve, olhando em volta.
- Sim para que? - Anahí a olhou. - Por você ter resolvido vir, ou pelo meu comentário sobre a decoração?
- Ahn... - Maite a olhou. - Para os dois.
- Oh, sim. - Anahí riu divertida. - O Christian comentou que talvez não viria e de quebra não gostaria da decoração, por ser tão cheia de detalhes e essas coisas.
- Ele te contou isso? - Maite questionou, estupefata, vendo Anahí assentir. - E o que mais ele te contou sobre mim? Merda, ele sabe que eu odeio muito isso. - murmurou, aborrecida.
- Não, não se aborreça. - Anahí pediu, erguendo as mãos. - Ele só respondeu o que eu perguntei.
- Você... - Maite franziu o cenho, confusa. - Você fez perguntas sobre mim. - riu sem entender. - É agente da CIA ou algo do tipo? - negou, ainda surpresa.
- Não, eu apenas me interessei e resolvi saber um pouco. - Anahí cruzou os braços, sorrindo levemente. - Apenas.
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Uma Nova Chance
FanfictionMaite Perroni é uma renomada advogada, empenhada pelo que faz, dedicada ao trabalho, e que não esconde de ninguém, que a prioridade de sua vida é o trabalho e o bem estar de si mesma. Totalmente fechada para relacionamentos, após um casamento contur...