count my smiles

vinte e oito

Jimin saiu de casa cinco minutos antes do esperado, com os cabelos despenteados, um casaquinho de frio amarrado ao seu redor e pantufas nos pés.

Estava ansioso, é claro que estava ansioso.

Era ridículo sentir as pernas tão molengas, aquele frio na barriga e o formigar toda vez que ele via o horário passar pela tela do celular.

Jimin estava pirando.

E tudo só foi piorar quando ele reconheceu os cabelos cor de caramelo do outro lado da rua. Deus sabia que ele quase caiu escada abaixo quando percebeu de quem se tratava.

E correu até o portão do jardim, as mãos agarrando o metal e batucando enquanto o corpo se aproximava.

Céus, ele estava sempre tão lindo.

Jimin sabia que talvez estava desleixado demais para o seu primeiro beijo com Jungkook.

Pense bem, o moletom velho quase caía de sua cintura de tão largo que era e era capaz de que seu rosto estivesse totalmente inchado de ansiedade.

Quase não acreditou quando prestou atenção nas calças jeans de Jungkook, e no casaco vermelho que cobria seus dedos. A franja penteada, a touca em sua cabeça, o avermelhado em suas bochechas.

Céus, céus, céus, ele era adorável!

Jimin quase gemeu quando Jungkook parou em sua frente, e os dedos quentes cobriram os seus.

Talvez nem Deus soubesse o quanto seu coração estava acelerado.

Tudo o que separava-o de Jungkook era o portão baixo do quintal, mesmo que a ideia de levantar os pés e o puxar pela nuca parecia atraente.

Precisou o olhar mais de cinco segundos antes de abrir o portão, com um sorrisinho brincando nos lábios.

Não queria pensar em suas primeiras palavras, e não queria pensar se Jungkook estava o achando ridículo do jeito que se comportava.

O pior que podia acontecer era se ensoparem pelos flocos de neve.

Jimin nem ao menos deixou o moreno acomodar-se a frente antes de fechar o portão mais uma vez, seus braços rodeando a cintura fina do mesmo.

Era esquisito, estar tão perto e se sentir explodir por dentro.

Foi isso que ele sentiu quando Jungkook lançou-o aquele de seus risinhos agradáveis, mais para o envergonhado.

Estranho mesmo foi congelar totalmente quando percebeu sua atenção totalmente voltada para si.

Queria beijá-lo.

Queria beijá-lo, e queria abraça-lo pela cintura. Queria beijá-lo no pescoço, nas mãos, na ponta do nariz.

Jimin não demorou para perceber que queria ama-lo.

Não demorou por suas bochechas ardentes, pelas mãos trêmulas que priorizava impedir de que Jungkook fugisse, e as pernas bambas.

— Ah.

Jamais tinha sentido-se como se não pudesse formular uma única frase, e era naquele momento que não conseguia.

Assim que Jungkook riu mais uma vez, os rostos tão próximos que tinha problemas para respirar, os braços se envolvendo ao redor do pescoço de Jimin.

O loiro se sentiu borbulhar ao Jungkook se aconchegar ao seu corpo, sem pressa nenhuma mesmo que já fosse tarde da noite e que, talvez, eles realmente acabassem encharcados da neve.

Estava calmo, e isso em si já era surpreendente.

Não tinha atacado Jimin pela demora do outro. Pelo contrário, observava-o e sorria a cada mini movimento seu.

Mentira era dizer que nenhum dos dois estavam encantados.

Puxa vida, era só um beijo! Quem diria que quase morria do coração de apenas tê-lo perto.

Foi por isso que acabou soltando aquele risinho besta, junto de Jungkook, apenas de pensar no motivo que estavam onde estavam.

Ridículo era estar tão quente se nem estavam tão próximos.

Naquele espaço de tempo curto de seus risinhos, apercebeu-se que já estavam próximos o suficiente.

O que estavam esperando? Não era difícil que ele realmente acabasse desmaiando de nervosismo.

Aconteceu que Jimin queria se adequar a situação.

Então, não se afastou. Não hesitou ao ficar nervoso com a pouca distância aparente, mesmo que pirasse por dentro com o quão bonito Jungkook era de perto.

Com os olhos semi-cerrados, as pernas roçando uma na outra, os lábios tão pertos que podia sentir o quentinho de sua respiração.

E Jimin se derreteu inteirinho assim que Jungkook começou a massagear os cantinhos de seu pescoço, um de seus braços trazendo-o para bem mais perto.

Com as mãos, Jimin conseguiu sentir o movimento do peito do Jungkook. Além do batimento cardíaco agitado na ponta dos dedos.

Não foi uma surpresa. As bochechas rosadas e a mania de mexer a cabeça de vez em quando revelava o quanto estava nervoso.

Daí em diante, Jimin congelou quando Jungkook inclinou o rosto. Não foi para beijá-lo, sabia, porque era como um gatinho que se assustava com movimentos bruscos.

Mas foi só vê-lo tão de pertinho, tão vulnerável, que suas pernas ficaram ainda mais bambas.

Teve que segurar forte no portão quando Jungkook roçou seus lábios, como se anunciasse suas ações.

— Jimin.

Chamou, e fez com que o loiro quase caísse ali mesmo.

O tom suave, sussurrado, o fez ter certeza de algo que já sabia a muito tempo.

Estava apaixonado por Jungkook.

Acabou que realmente fora Jimin quem terminou com o espaço recente, obedecendo como se aquele chamado fosse exatamente para isso.

Colou seus lábios. Por meros quinze segundos, moveu seus lábios contra os de Jungkook, num selinho consideravelmente apertado.

Precisou restabelecer-se emocionalmente antes de notar as mãos de Jungkook por suas costas. A destra, cutucava de seu pescoço até a nuca.

Era como se não fosse solta-lo nunca mais.

Jimin gostou da ideia, tanto que não aguentou-se em segurar na pontinha do queixo do moreno, apenas para puxá-lo contra seus lábios mais uma vez.

Um beijo de verdade.

Não foi rude, diferente do que pensava que iria ser. Jungkook foi doce, e o guiou por todo o processo mesmo sem nem perceber.

O desastre aconteceu quando foram se separar. Claro que foi difícil, e Jimin ainda teria que se inclinar para trás antes de morrer asfixiado.

O resultado foi ter se inclinado tanto que não levou apenas a si mesmo quanto a Jungkook ao chão, encharcando as peças de roupa como tinha pensado anteriormente.

Morria de frio do lado de fora, mas por dentro, pegava fogo.

Sabia que Jungkook sentia o mesmo.