No dia 22 de novembro, a melhor parte da minha vida tinha começado.
Eu ainda lembro, era um fim de tarde bem quente. Eu tinha saído para dar uma volta no jardim quando escutei ele chegando. Eu tinha achado aquilo muito estranho, por mais que eu já estivesse acostumada com Damon entrando e saindo de casa o tempo todo, naquela hora do dia ele já deveria estar no estádio com meu pai.Era um domingo de jogo, o Corinthians ia jogar pelo primeiro lugar do Brasileirão de 2005. O jogo fora as quatro horas da tarde, mas mesmo assim era muito cedo para ele estar em casa.
Eu perguntei para ele por que ele estava aqui, com medo de receber alguma notícia trágica ou algo do tipo — claramente essa notícia trágica seria a perda do Corinthians. Não que eu entendesse muito sobre futebol; até hoje não entendo. Mas ainda sim, seria trágico.
Ele me respondeu que não foi ao jogo, mas era pra eu ficar tranquila, porque o Corinthians ganhou o campeonato. Pulei de alegria, mas ainda sim fiquei um pouco receosa. Por que ele estava aqui, afinal?
Antes que eu pudesse perguntar, ele se agachou e começou a falar as palavras mais lindas que eu já escutei em toda minha vida.
E foi naquele dia que eu virei a noiva mais feliz do mundo.
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Em 17 de janeiro de 2006, meu pai havia falecido. Foi extremamente difícil passar por isso, mas Damon me deu todo o suporte do mundo, e eu sou muito grata à ele por isso. Ele disse que poderíamos fazer uma nova família, e que apostaria que meu pai estaria muito feliz com a decisão. Eu apostaria também. Foi então que no dia 5 de março de 2006, decidimos nos mudar para São Paulo.
Já estávamos planejando a mudança desde que fui pedida em casamento, e se queríamos ampliar a família, precisaríamos de um novo lar. Meu sonho sempre foi morar na praia, mas a oportunidade de emprego foi em São Paulo e não pensamos duas vezes em aceitar. Foram horas de viagem de carro, mas nem sentimos passar, afinal, Damon era extremamente engraçado e divertido. Não tinha como ficar no tédio com ele em sua volta.
Até que, dia 10 de junho, quando fui buscar meu exame de rotina, eu descobri que precisava comprar um berço imediatamente.
Como eu chegava três horas mais cedo que Damon, eu comprei e montei no quarto reserva e esperei Damon chegar para lhe dar a notícia. Os minutos pareciam não passar de tão nervosa que eu estava. Não sabia se ele iria reagir bem com o resultado, mas não tinha mais volta.
E a resposta que ele me deu quando chegou em casa, foi a melhor do mundo.
— Eu acho que eu vou montar de novo, porque se você deitar meu filho nesse berço, ele irá desmoronar no mesmo segundo.
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Eu queria poder ter me casado naquele ano, mas não tínhamos condições de fazer o evento, até porque eu estava com uma barriga enorme.
Damon sempre me perguntava como que eu estava sobre tudo isso, se eu não estava triste por não me casar, e eu sempre respondia que estava tudo bem. Meu sonho nunca foi me casar na igreja nem nada do tipo; o que importa pra mim é o amor, e eu estava extremamente satisfeita com a minha vida.
No dia 4 de janeiro de 2007 você nasceu. E meu deus, Théo, como foi difícil. Você não tem noção da dor que eu senti. Mas parece que no momento que eu peguei você no colo, tudo ao meu redor se silenciou e eu não sentia dor alguma.
Ficamos sete dias na UTI e logo depois fomos para casa. Damon parecia que ia ter um ataque do coração. Todo minuto ele ia no seu quarto perguntar se eu precisava de alguma coisa ou se estava tudo bem. E é claro que estava tudo bem. Eu nunca me senti tão feliz quanto naquele dia, que eu tinha os dois amores da minha vida ao meu lado.