Não há para onde fugir

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Axl vestiu-se como conseguiu, o mais rápido que conseguiu. Aquela viagem estava começando a ficar terrivelmente real e dolorosa. O tapa que Robert havia lhe dando na coxa ardia ainda, lembrando-o que sentia dor, e por isso, estava vivo - e tinha que lutar por sua vida. Talvez ele tivesse dando um passo demais com as drogas, e agora, estava pagando por isso naquela viagem infernal vitoriana.

Ele colocou as calças, e apenas as calças e saiu desesperado do quarto. Os tijolos ainda estava na porta da frente, e por isso, Axl começou a procurar janelas. Portas Alternativas. Tijolos. Tijolos. Mais Tijolos. Onde ele olhava, estava barrado de sair. Ele estava preso naquele pesadelo? O que é que estava acontecendo?

Ele fechada os olhos com força, repetindo para si mesmo que estava sonhando. Ele podia ter pisado em uma porra de uma realidade alternativa. Uma onde os mortos andavam. Afinal, era outubro, não era? O dia das bruxas. Talvez magia fosse real... talvez ele...

- Axl!

A voz de Robert o repreendeu quando o menino virou-se para ele, assustado e transtornado. Ele sentia-se enjoado de novo. Mais até do que antes e sua visão estava quase borrada.

- Está tudo lacrado... tudo lacrado... - Ele falou alucinado olhando para Robert. - Eu estou maluco! Eu estou preso...

- Calma, rapaz. - Robert pediu, enfiando as mãos nos bolsos. - Por quê não conversamos? De homem pra homem. Talvez eu possa... ajudar você a compreender seja lá o que acha que está vendo.

- Você é Robert Dawnson? Mesmo? - Começou a abraçar o próprio corpo, enjoado demais.

- Sou. - Concordou, vendo os olhos dele quase partirem de tão nervosos.

- Robert Dawnson morreu há mais de um século.

- Sim, está correto. - Sorriu Robert. - Embora nem sempre pareça tanto tempo assim...

- Como eu... como eu... - Ele quis saber.

- Nem sempre eu sei essa resposta. Como pode ver, não recebemos muitas visitas. - Suspirou, cansado de ver a cena dramática aqui. - Ficar nervoso assim não vai lhe fazer nenhum bem agora, Axl. Talvez queira se acalmar e conversar. Quer respostas, não quer?

- Quero. - Concordou. - Onde eu estou? - Começou a forçar a visão, no meio de um tipo de corredor.

- Na minha casa. - Robert explicou. - Casas, na verdade. Essa casa parece um pouco com a casa do meu pai, e um pouco com a casa que eu comprei quando casei com Katherine. Suponho que tenha o melhor das duas coisas.

- Você morreu. Como isso é... se quer possível?! - Quase gritou.

- Eu gostaria de saber, mas não sei. - Confessou. - Quando eu morri, alguns meses depois de Kat, eu formei isso aqui. Uma espécie de projeção, antes disso, Kat diz que estava vivendo em uma cabana, parecida com a cabana que ela e os pais moravam quando ela era menina. Quando eu cheguei, eu acabei formando isso, por cima da visão dela.

- Summerset?

- Eu o contratei, quando casei-me com Katherine. Ela tinha só 15 anos, e eu tinha muitos afazeres. Não era justo pedir para ela cuidar de tudo, e eu precisava de um Valete. - Explicou com calma, mexendo as mãos nos bolsos. - Summetset viveu muitos anos mais, e faleceu aos noventa anos.

- Ele está enterrado aqui? - Quis saber. - Nesse túmulo?

- Summetset está enterrado há dois túmulos de distância. E como não tinha família, quando morreu, bateu aqui, e perguntou se ainda tinha um emprego. Eu não podia negar, obviamente. Ele sempre foi gentil, e me ajudou muito.

Além do túmuloOnde histórias criam vida. Descubra agora