Capítulo I: Desastre Natalino

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Era véspera de natal, luzinhas coloridas iluminavam o bairro dos Montgomery's em meio à noite fria e escura, acontece que não eram pisca-pisca natalinos e sim o carro dos bombeiros, acompanhado de uma ambulância. As pessoas das casas vizinhas aproximavam para tentar bisbilhotar o que havia acontecido na residência, Fallon Stuart observava os vizinhos fofoqueiros do alto, literalmente, estava muito bem escondida na casa da árvore e jurou a si mesma que não sairia de lá tão cedo.

Bebericava um eggnog que surrupiara minutos antes de sair, enquanto encarava as pessoas cochichando ao redor da casa. Ninguém parecia notar sua ausência, e nem deveriam já que ela era uma intrusa, uma penetra, alguém que não pertencia aquela família. Só queria apagar aquele momento da sua medíocre vida, o universo conspirava contra si, tinha plena certeza disso, pois tudo havia dado errado e ela sabia que daria!

No exato minuto em que Luke a arrastará para aquela confraternização idiota no interior de Minnesota, ela sabia que tudo iria por água abaixo. Assim  que a garota pisou naquele fim de mundo, uma nuvem negra pairou sobre aquela casa, Fallon não era nada supersticiosa, mas arrependeu-se amargamente de ignorar todas as bizarrices malucas sobre superstição que a pirada da sua colega de quarto do internato vivia comentando. Já não sabia mais, se o fato de ter entrado na residência dos Montgomery's com o pé esquerdo e o gato preto que cruzou seu caminho, eram meras coincidências ou simplesmente karma. Fallon tinha consciência de que algo, no mínimo desagradável, aconteceria, mas nem nos seus piores pesadelos ela imaginou o que sua chegada provocaria.

Sentiu raiva de si, raiva de ter deixado o namorado a convencer de que era uma boa ideia, acontece que Natal e Fallon Stuart não combinavam. Se tinha uma coisa que a garota odiava com todas as forças era o natal acarretado de todas "aquelas besteiras natalinas", como costumava dizer. Tudo isso lhe davam náuseas, vivia dizendo que o natal era uma data corporativa ao invés de comemorativa. Que era só uma desculpa absurda para o consumismo desenfreado do ser humano e motivo de rivalidade entre as pessoas que se diziam cheias de "espírito natalino" mas, na verdade competiam para ver quem tinha a casa mais decorada do bairro ou quem doou mais aos pobres.

A verdade é que, Fallon não sabia o que fazer, não sabia o que era comemorar aquela data com quem ama. Fora trancafiada em um internato desde a morte de sua mãe, e o pai esqueceu-se de sua existência. E foi justamente essa carência que a levou até ali, isso e o fato de que existia algo que a menina odiava ainda mais que o Natal, algo que na verdade era um alguém, com nome e sobrenome, Stacey Becker, ouvir esse nome ser proferido pela boca de Luke, fez a menina arrumar suas malas em um piscar de olhos. Fallon fez uma careta ao visualizar o rosto da garota em sua memória, Stacey era a cópia fiel da Barbie, alta, magra, loura e os olhos tão azuis quanto o céu. E graças a um pequeno incidente que a mesma causou, Stacey havia torcido o tornozelo e Luke estava cuidando da namoradinha de infância. Fallon sentiu seu estômago revirar só de pensar nos dois juntos, no quarto do rapaz, fazia seu corpo fervilhar de raiva. Sua inútil mente insistia em criar as cenas mais clichês de filmes de comédia romântica para os dois, não queria ser a vilã, questionava-se onde foi que errou para acabar naquela posição, afinal   a megera da história era Verônica Montgomery e não ela! 

Deveria ter sido uma noite calma e agradável, com um jantar saboroso e todos partilhando daquele sentimento natalino cafona, acontece que quando a campainha tocou e Fallon visualizou um cabelo louro, o pouquinho de sentimento natalino que nascera dentro de si, escorreu pelo ralo. Verônica jogava baixo, a mulher trouxera o primeiro amor do filho só para provocar Fallon e por mais que a garota tenha tentado lutar contra seus instintos, ela não tinha sangue de barata. O resultado daquela fatídica noite, foi o seguinte: uma ambulância, um caminhão de bombeiros e a árvore de natal pegando fogo.

Fallon deu outro gole no eggnog e deixou as lágrimas escorrerem por seus olhos, não sabia se Luke seria capaz de perdoa-la, a garota sentia raiva porque depois de meses tentando separar os dois, finalmente a maldita Montgomery conseguiria, o medo da perda tomou conta da menina, não podia e não queria perder Luke. Um barulho alto a tirou de seus devaneios, seu coração disparou, provavelmente eram os policiais para prendê-la por toda aquela catástrofe, ou talvez um ladrão querendo tirar proveito daquele caos e prestes a assalta-la, a garota olhou para o lado avistando uma espada, a qual pegou e estendeu, apontando para porta, ela não deixaria nenhum ladrãozinho de araque tirar algo de si, já havia perdido muito naquela noite.

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