Capítulo 3

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Zoey abriu os olhos preguiçosamente quando o despertador tocou e pediu para si mais cinco minutinhos de descanso. Era sábado e podia acordar mais cedo do que estava acostumada. Fechou os olhos a fim de regressar ao seu sono, porém foi impedida pelo despertador que tocou novamente, fazendo com que se debatesse irritada na cama.

— Ah! Ah! Ah! Eu não quero acordar! É sábado! — resmungou Zoey com o travesseiro em seu rosto.

Requerendo um enorme esforço e força de vontade, Zoey se levantou da cama, enrolou o cabelo, uma mania que possuía sempre que o cabelo estava revolto, e foi debruçar-se sobre a pequena sacada de seu quarto. Agora que dormia no quarto principal, que anteriormente havia pertencido aos seus pais, Zoey tinha uma visão privilegiada da rua, do portão, do grande quintal e das duas casas laterais. Ao ver Dona Carmem sair da casa ao lado, Zoey sorriu para a senhora, que era uma boa vizinha. Zoey tinha medo de maus vizinhos, já que as duas casas laterais ficavam dentro do perímetro de seu quintal, cercadas por um mesmo muro, separadas apenas por uma mureta. As três casas se serviam do mesmo portão de acesso, o mesmo portão de garagem. A casa do centro era a que Zoey morava, a da direita era ocupada por Sr. Cáritas e Dona Carmem, e frequentemente pelos netos que os visitavam. Todavia, a casa da direita estava desabitada havia alguns meses.

Zoey reparou que seu portão estava aberto e havia um caminhão de mudanças estacionado em frente com pessoas entrando e saindo a todo instante da casa da esquerda. Quando deu por si, percebeu que ainda estava de baby-doll e de pronto voltou ao quarto.

Ao descer as escadas que levavam ao primeiro andar de sua casa, Zoey buscou na memória quando que Margareth, sua mãe, havia lhe comunicado que novos vizinhos chegariam. Sua mãe não havia lhe avisado, Zoey concluiu, o que era muito incomum, pois sua mãe era sempre muito organizada e responsável. Como Margareth costumava dizer, a uma lady nada escapava a memória. Enquanto se direcionava a cozinha o telefone tocou. Ela apanhou o aparelho sem fio e continuou andando para a cozinha.

— Alô? — atendeu Zoey, ainda com a voz sonolenta.

— Ze? Ainda dormindo? — disse a voz que Zoey reconheceu ser de sua mãe.

— Não, mamãe! Acabei de acordar! E eu posso me dar ao luxo de acordar mais tarde, aliás, hoje é sábado.

— Certo! — disse Margareth. — Eu liguei para avisar-lhe que eu aluguei a casa e essa semana deve chegar os novos vizinhos.

— Mãe, os vizinhos já estão de mudança. — informou Zoey a sua mãe.

— Já? Ah! Claro! — riu sua mãe com o tom de quem se enganara. — Que cabeça a minha, faz uma semana que a aluguei. Não devo ter te encontrado em casa, você trabalha demais Zoey.

— Não trabalho não, mamãe. A senhora que nunca liga na hora certa e sempre se esquece que eu tenho um celular. — sentando-se no balcão da cozinha.

A conversa com sua mãe se estendeu por mais alguns minutos, os quais Zoey teve que defender sua tese que não trabalhava muito e que não estava cansada. Maggie não aceitava que sua inteligente, estudiosa e dedicada filha trabalhasse incansavelmente em escolas e cursos de idiomas para viver. Acreditava que sua filha tinha que estudar mais para ter melhores empregos e trabalhar menos, já que trabalhar por sobrevivência não era a primeira necessidade das Albuquerque. Seu pai quando morrera deixara a esposa e as filhas em excelentes condições de vida. Assim que encerrou a ligação, Zoey colocou a cafeteira para funcionar enquanto procurava algo que lhe agradasse comer. Tomou o café da manhã na cozinha mesmo, já que não pretendia demorar. Tão logo acabou, subiu para o quarto, trocou de roupa e foi para o quintal junto com um balde com o objetivo de lavar sua Hilux.

O BATOM VERMELHO (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora