Zoey se encaminhava a passos rápidos para o banheiro dos professores. Aquela sexta-feira havia sido corrida, não houvera tempo nem de almoçar, e depois que chegava a sala de aula não saia por motivo algum. Caminhando apressadamente entrou no banheiro cumprimentando com um sorriso as duas professoras de meia idade que ali se encontravam.
Quando saiu do boxe percebeu que as duas colegas de trabalho já haviam abandonado o banheiro, deixando-a sozinha. Zoey parou em frente a pia, lavou as mãos e se olhou no espelho. Desfez o coque frouxo no qual seu cabelo estava preso, ajeitando as pesadas mechas negras que iam abaixo da linha da cintura, abriu a bolsa para pegar o estojo de maquiagem, passou o lápis de olho preto, o que aumentou a intensidade de seus olhos negros, logo após coloriu seus lábios com o usual batom vermelho, deixando sua pele ainda mais morena. Admirou o conjunto da obra através do espelho e sorriu. Amava aquele vermelho. Sempre que aquele rubro estivesse em seus lábios estaria pronta para tudo.
A professora deu os últimos retoques que disfarçariam sua aparência cansada, guardou seus pertences e se retirou do banheiro encaminhando-se para a cantina que ficava no pátio do colégio.
Enquanto esperava seu pedido ficar pronto, Zoey foi surpreendida por três de suas alunas: Anne, Suzan e Giovanna. As três meninas eram amigas inseparáveis, tinham Zoey como professora desde o sétimo ano, moravam no mesmo bairro que, por coincidência, era o mesmo onde a professora morava desde que nascera.
— Professora! — chamaram Giovanna e Suzan juntas.
— O que faz por aqui? — completou Anne. Por andarem juntas com muita frequência, o trio tinha a mania de completar as frases entre si.
— Bom dia, boa tarde, boa noite! Como vai? Eu vou bem, obrigada. São regras básicas para um diálogo. Educação é tudo, sabiam? — brincou Zoey.
— Boa tarde, professora! — disseram em coro.
— Boa Tarde. — respondeu Zoey. — Eu estou morrendo de fome, por isso estou aqui. — disse atendendo a curiosidade das meninas.
— Ah! Professora! — disse Giovanna ajeitando a franja para o lado direito de seu cabelo loiro— dourado. — Já sabe das novidades? — disse piscando os curiosos olhos castanhos.
— Não, Giovanna, eu não sei. — disse Zoey virando-se para o balcão onde lhe entregavam seu pedido. — Que novidade?
As três amigas conheciam todo mundo que frequentava o colégio, estavam sempre a par de tudo o que estava acontecendo, havia acontecido ou iria acontecer. Eram ótimas informantes.
— O novo professor de história! — disse Anne, que tinha a pele branca e os olhos castanhos claros que faziam par com os cabelos da mesma cor. — Caleb, é o seu nome. — completou com um leve suspiro ao pronunciar o nome.
— Ele é um gato. Eu passo mal com ele. — completou Suzan. A menina que era dona de olhos negros, cabelos castanhos e cacheados se abanava como se apenas a menção do nome lhe provocasse calor.
— Meninas! — ralhou Zoey arqueando a sobrancelha direita. — Vocês já se deram conta que estão falando de um professor?
— Você já o viu? — perguntou Giovanna, ao que Zoey respondeu negativamente. — Ah! Então está explicado. Se o tivesse visto não nos culparia. Ele é um sonho.
— Como vocês o viram? — Zoey perguntou intrigada.
— O professor gatão, como o apelidamos, — começou Anne rindo da suposta intimidade. — passou lá na sala para avisar que era o novo professor de história. Creio que a partir de hoje é a minha matéria favorita.
— Pensei que inglês era a matéria preferida de vocês. — disse Zoey fingindo ciúmes.
— Você é ótima. Amamos sua aula, o seu sotaque, você é nossa amiga. — explicou Suzan. — Mas, ele é um pedaço enorme do mau caminho. Nós não curtimos muito ficar dizendo as qualidades de uma professora, Ze.
— Shhh! Não me chame de Ze aqui no colégio. — disse Zoey. — Aqui eu sou a professora, não se esqueçam. Mas, eu perdoo vocês só porque estão na adolescência, onde os hormônios se sobrepõem a tudo.
— Que bom, professora! Nossa consciência fica limpa. — disse Giovanna ironizando. — Mas, por que você não o viu? É um pecado não vê— lo.
— Cheguei tarde hoje e não fui à sala dos professores. — explicou Zoey. — Bom, meninas, eu já vou! Tenho que comer e ainda chegar a tempo na próxima aula.
Zoey se despediu das meninas e foi diretamente para a sala dos professores onde passou o resto de seu intervalo. Calculando minutos antes do sinal tocar, foi para a sala do primeiro ano do Ensino Médio onde aconteceria sua próxima aula.
Quando chegou à porta viu alguém sentado à mesa do professor, sabia que não era algum aluno, já que os mesmos não podiam permanecer em sala no horário do intervalo. Mesmo assentado, viu que era um homem alto e o cabelo preto havia sido cortado recentemente. Quando o homem levantou a cabeça percebendo sua chegada, Zoey estagnou na porta assustada.
— Oi, eu sou... — O homem começou.
— O professor gatão. — sussurrou Zoey. Era mais do que óbvio que era ele. O homem era um sonho, exatamente como as meninas o haviam descrito. Porém, não haviam comentado o quanto seus olhos azuis eram claros, tão claros que se tornava improvável de existir.
— O que disse? — O homem perguntou.
— O professor de história, não é? — Zoey se corrigiu em tempo, mas não sendo impedida de sentir-se quente de vergonha. E se tivesse escutado?
— Sim, sou eu. Caleb Himmel. — disse se levantando e parando em frente à Zoey. — E você deve ser a professora de inglês, correto?
— Sim, Zoey Albuquerque. — respondeu estendendo a mão de modo que Caleb a segurou fortemente. — Como sabe minha disciplina?
— No quadro de horários indica que inglês vem depois de história. Imaginei que seria a próxima a entrar em sala. — explicou Caleb liberando a mão da colega de trabalho no exato instante que o sinal soou indicando que o intervalo havia se encerrado. — Desculpe estar na sua sala, já estou saindo.
Caleb deu as costas a Zoey, retirou suas coisas da mesa e saiu da sala parando no corredor, quando Zoey o respondeu.
— Que nada! — disse Zoey dando espaço para a turma entrar. — Às vezes tenho esse mesmo costume.
— De qualquer forma foi um prazer, Zoey.
— Foi um prazer, Caleb. — completou. E logo após Caleb direcionou-se para sua próxima aula, enquanto ela fechava a porta de sua sala para dar inicio a sua aula.
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O BATOM VERMELHO (Degustação)
RomantizmZoey Alburquerque. Jovem, bonita, rica e independente. Porém sua característica mais marcante é seu batom vermelho. Forte, chamativo e intenso, assim como ela. Apesar da morte de seu querido pai, Zoey leva a vida de forma tranquila. Sem dramas, se...