Capítulo 1 | A Garota da Fonte

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Como faz frio no inverno aqui na Vila Brazil, mesmo saindo de casa com muitas roupas eu sempre sinto frio

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Como faz frio no inverno aqui na Vila Brazil, mesmo saindo de casa com muitas roupas eu sempre sinto frio. Meu nome é Hugo, moro em uma pequena vila no meio de um vale ao norte do Canadá, é uma vila formada por brasileiros, todo mundo aqui é brasileiro e nós falamos português como língua principal, nossa vila era pacata, saia de casa todos os dias pela manhã por volta de oito e meia, nossa aula começava as nove horas então dava tempo suficiente para chegar na escola.

A história que vou contar é do dia em que conheci uma garota, nunca vou esquecer. Era dezembro de 1993, eu tinha acabado de completar 10 anos, havia saído de casa e a rua estava coberta de neve, decidi ir caminhando em direção à escola, as ruas já estavam cheias de pessoas.

Bem no centro da vila havia uma praça, no verão brincávamos na água da fonte que ficava no centro da praça, já no inverno ela ficava completamente congelada, a água congelava no formato em que saia do topo da fonte formando quatro arcos de gelo em direção ao chão, era lindo de se ver.

Quando avistei a fonte mais à frente pude ver uma pessoa sentada na lateral dela, usando o parapeito como banco, ela estava com um livro na mão e parecia bem concentrada.

Cheguei mais perto e pude ver que era uma garota, eu nunca tinha visto ela antes, era linda, com o cabelo cacheado e bem volumoso, negra como a noite, a noite mais linda que já vi na minha vida, uma negra tão linda que poderia encantar todos a sua volta, seus olhos eram castanhos e brilhavam como duas pérolas enquanto lia o livro, ao passar por ela tentei ver qual livro estava lendo e para minha surpresa era meu livro favorito, comecei a sentir um aperto no peito, não sabia direito o que era, mas tudo que eu queria era conversar com aquela garota.

A manhã passou como se fosse uma eternidade, eu só pensava naquela garota, tão linda, e ainda gostávamos da mesma coisa, tudo que eu queria era poder conversar com ela.

Na saída da escola fiz o mesmo caminho que fazia todos os dias, só que naquele dia eu fui correndo, estava louco para encontrar a garota da fonte novamente. Chegando na praça da vila onde ficava a fonte eu não via nada além de branco, neve por todos os lados, e a fonte solitária.

❊❊❊

Dias se passaram, depois meses, e anos, nunca esqueci a bela garota da fonte que vi naquela manhã de dezembro, todos os dias eu passava pela fonte, e todos os dias eu rezava para encontrar com ela novamente.

A medida que fui crescendo fui vendo meus amigos começando a namorar, sair com garotas para ir em restaurantes, eu nunca me interessei por nenhuma garota que conheci, hoje eu entendo que o que eu sentia por aquela menina que vi na fonte era amor à primeira vista, mesmo nunca tendo acreditado nesse tipo de amor era exatamente isso que tinha acontecido comigo.

Uma bela manhã de dezembro em 2003, logo após completar 20 anos, eu estava caminhando pela vila, gostava de caminhar de manhã, e quando cheguei na praça não acreditei no que eu estava vendo, lá estava ela, a garota da fonte, sentada exatamente no mesmo lugar só que agora olhando para o celular, continuava linda como no dia em que à vi pela primeira vez, meu coração parou, eu não podia deixar ela sumir novamente, eu não aguentaria, sentei-me ao lado dela, e uma longa conversa se iniciou.

Descobri que ela era escritora, e estava relendo o mesmo livro que lia naquele dia 10 anos atrás, só que dessa vez pelo smartphone, queria ideias para o próximo livro, descobri também que ela era prima de uma moradora da vila, mas que tinha gostado tanto do local em sua última visita que resolvera se mudar para a Vila Brazil. Conversamos durante a manhã inteira naquele dia, e no dia seguinte, e nas semanas seguintes.

Hoje,14 anos depois do nosso reencontro, eu e Alice nos vemos todos os dias, tomamoscafé todas as manhãs junto com nossa filha, Luiza. Eu nunca acreditei em amor àprimeira vista, mas naquele dia de um dezembro qualquer me apaixonei pelo amorda minha vida.     

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