Capítulo 4 | 6 de Dezembro

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Seis horas da manhã, o despertador toca, abri os olhos e já era dia, levantei e fui até o banheiro para me arrumar, olhei no espelho e pude ver minha cara de ressaca, os meus cabelos ruivos estavam completamente desarrumados, minha barba toda amas...

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Seis horas da manhã, o despertador toca, abri os olhos e já era dia, levantei e fui até o banheiro para me arrumar, olhei no espelho e pude ver minha cara de ressaca, os meus cabelos ruivos estavam completamente desarrumados, minha barba toda amassada e as olheiras tiravam totalmente o foco de meus olhos azuis.

Depois de algum tempo sai de casa, eu era um alfaiate nessa época, trabalhava em uma pequena loja que ficava na praça central da Vila Brazil, chegando próximo da praça notei uma garota sentada no parapeito da fonte, ela lia um livro, deveria estar muito frio naquele lugar, mas deixei ela lá, passei para a loja que ficava um pouco adiante e logo que entrei pude ver Clarice, uma velha amiga.

— Clarice, a quanto tempo, o que te traz até aqui? — Perguntei para mulher parada no balcão.

— Jorge, como é bom te ver, fazem uns dez anos talvez? — Clarice era uma mulher muito bonita, e se vestia muito bem, eu mesmo já fizera algumas de suas roupas antigamente, fazia muito tempo que ela havia se mudado da vila, hoje ela morava em Toronto, era uma executiva de sucesso em uma grande multinacional.

— Fazem doze anos na verdade, veio apenas fazer uma visita? — Perguntei.

— Vim visitar minha irmã, ela está grávida, quase ganhando a criança na verdade, você poderia consertar uma luva minha? — Falou enquanto me entregava uma luva de lã rasgada na palma.

— Claro, deixe-a aqui, conserto até o meio dia então você pode vir buscar, aliás, aquela garota na fonte é sua filha?

— Ah sim, minha pequena Alice, adora ler livros, bem, vou indo, nos vemos mais tarde. — Disse Clarice enquanto saia da loja.

Aquele dia passou bem devagar, não vi Clarice o resto do dia, achei estranho por que ela falou que voltaria para pegar a luva, mas não voltou. Fui para casa as sete horas da noite, chegando lá tomei um banho, liguei o rádio e sentei na frente da lareira para tomar um copo de vinho.

"Informamos que houve um acidente na estrada ao sul da Vila Brazil, um carro deslizou no gelo e acabou saindo da estrada capotando em um barranco, houveram três mortos e um ferido."

Era difícil termos acidentes na vila, e como não era uma vila muito grande todas as pessoas se conheciam, não sabia quem tinha falecido e por esse motivo fiquei acordado até saber.

"Confirmando as informações sobre o acidente, aparentemente o carro era da família Simões, os três mortos são Ana, Clarice, e Alice, as mulheres da família, Ana estava grávida, já o marido de Ana, Fábio, sobreviveu, mas encontra-se em estado grave no hospital da cidade vizinha."

Eu não podia acreditar, Ana, Clarice, e aquela garotinha tinham falecido, por isso não voltaram na loja. Naquela noite rezei para Deus pela primeira vez em muito tempo, para que ele cuidasse das garotas. Depois de beber meia garrafa de vinho acabei adormecendo.

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Seis horas da manhã, o despertador toca, abri os olhos e já era dia, levantei e fui até o banheiro para me arrumar, olhei no espelho e pude ver minha cara de ressaca, os meus cabelos estavam completamente desarrumados, minha barba toda amassada e as olheiras tiravam totalmente o foco de meus olhos. Depois de algum tempo sai de casa, chegando próximo da praça notei uma garota sentada no parapeito da fonte, ela lia um livro.

— Alice? — Meu coração parou, como ela poderia estar ali? Esfreguei meus olhos e voltei a olhar para a fonte, ela ainda estava ali, olhou para mim e fez uma cara de dúvida.

— Olá, eu conheço o senhor? — Ficou me olhando com aquela carinha de quem não estava entendendo nada, acho que devo ter assustado ela com minha cara perplexa. Não respondi. Passei devagar olhando para a garota, entrei na loja e vi aquela mulher alta, com seu black power encostada no balcão.

— Cla-clarice? — Eu já estava gaguejando, o que estava acontecendo?

— Jorge, como é bom te ver, fazem uns dez anos talvez? — Ela sorria enquanto falava comigo, eu achei estranho que ela falara exatamente a mesma coisa no dia anterior, olhei para o calendário na parede, eu marcava todos os dias no calendário antes de ir para casa de noite, e segundo o calendário hoje seria o dia seis de dezembro, mas para mim era dia sete.

Conversei com Clarice, peguei sua luva, o dia passou, Clarice não voltou. Me certifiquei de marcar o dia seis novamente no calendário, talvez tudo aquilo tenha sido um sonho, por que não?

Cheguei em casa, tomei um banho, sentei-me na frente da lareira, liguei o rádio, e esperei a notícia. Aconteceu novamente, Clarice e sua família não sobreviveram novamente.

"[...] Ana, Clarice, e Alice, as mulheres da família, Ana estava grávida, já o marido de Ana, Fábio, sobreviveu. [...]"

Contos de um Dezembro QualquerOnde histórias criam vida. Descubra agora