Capítulo 2 | Um Amigo Especial

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Eu nunca tive muitos amigos, mesmo estudando na única escola da Vila Brazil onde todas as crianças estudavam eu não conseguia ter amigos, sempre me escolhiam por último nos times de futebol, acho que um pouco disso era pelo fato de eu ser o único ...

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Eu nunca tive muitos amigos, mesmo estudando na única escola da Vila Brazil onde todas as crianças estudavam eu não conseguia ter amigos, sempre me escolhiam por último nos times de futebol, acho que um pouco disso era pelo fato de eu ser o único garoto que morava isolado na vila, nenhum outro garoto morava perto da nossa casa.

Vivíamos em um casebre de madeira no fim de uma estrada de chão que subia a montanha, da minha casa podíamos ver toda a vila e à noite eu e meu pai ficávamos na varanda conversando e olhando as luzes da vila inteira.

Como eu vivia apenas com meu pai, já que minha mãe havia saído da vila pouco antes de eu completar cinco anos de idade, eu não tinha com quem brincar e acabava tendo que inventar brincadeiras diferentes, eu gostava muito de andar por aí e explorar a montanha.

Em um dia muito frio, bem perto do natal, eu estava brincando próximo a nossa casa, meu pai havia saído para fazer compras na vila, resolvi explorar um pouco a montanha, existiam muitas trilhas naquela montanha, várias delas tinham sido feitas no início da vila e logo haviam sido abandonadas, escolhi uma das trilhas aleatoriamente e comecei a andar por ela, explorando e descobrindo os mistérios da montanha.

Depois de algum tempo caminhando encontrei uma clareira, não estava muito longe de casa, ainda podia ver o topo do telhado da nossa cabana, nessa clareira havia uma pedra quase do meu tamanho, imagine uma pedra do tamanho de uma criança de 10 anos, era bem grande, nela havia uma palavra escrita que parecia ter sido entalhada ali: Pedro. Ouvi um barulho e me virei para trás, um garoto com praticamente a minha idade estava ali, ele era loiro, tinha os olhos azuis e uma pele bem clara.

— Oi, quem é você? — Me perguntou o garoto.

— Me chamo Tiago, e você? — Respondi curioso para saber quem era ele.

— Sou o Pedro, o dá pedra.

— Foi você quem escreveu o nome ali?

— Foi meu pai, achamos esse lugar a muito tempo, venho aqui sempre que me sinto sozinho, gosto de ficar olhando a vila daqui de cima.

Olhando em direção a vila notei que aquela era a melhor visão que eu já tivera da vila, podia ver tudo até o horizonte, era impressionante como a visão dali era tão linda.

— Você mora aqui perto? — Perguntei para Pedro.

— Sim, moro em uma cabana aqui perto, mas é meio solitário as vezes, papai e mamãe brigam muito, mamãe está pensando em sair de casa, eles brigam muito por minha causa, não gosto de ver as brigas, então fico aqui, onde não ouço nada.

Ficamos conversando até quase anoitecer, no fim do dia me despedi de Pedro e voltei para casa, encontrei meu pai e contei para ele sobre o garoto que eu tinha encontrado na clareira, meu pai tinha ficado feliz em saber que finalmente eu estava arrumando amigos. Todos os dias daquela semana eu voltei até a clareira para encontrar com Pedro, brincávamos a tarde toda, explorávamos as redondezas, lutávamos com espadas de madeiras, saqueávamos vilas com nossos amigos piratas imaginários, aqueles foram os melhores dias da minha vida.

No natal daquele ano meu pai saiu para comprar um peru na vila, fui até a clareira para desejar feliz natal para o meu melhor amigo, porém quando cheguei lá não havia ninguém, pensei que estivesse cedo demais, então sentei ao lado da pedra de Pedro e esperei e esperei. Já estava cansado de esperar quando ouvi passos, levantei o rosto para ver quem vinha e me deparei com meu pai, ele carregava algumas flores na mão.

— O que você está fazendo aqui Tiago? — Perguntou meu pai.

— É aqui que brinco com meu amigo, estava esperando ele, mas ele não apareceu hoje.

Meu pai não respondeu, caminhou até a pedra e ajoelhou-se, colocou as flores na frente da pedra, tocou o nome de pedro com a mão direita e pude notar que caíram algumas lágrimas do seu olho. Após secar as lágrimas ele levantou e disse:

— Vamos filho, deixe o Pedro descansar.

Voltamos para casa e naquela noite fizemos uma oração especial para meu irmãozinho que faleceu antes mesmo de nascer. Nunca mais vi Pedro na clareira, mas as vezes converso com ele em meus sonhos.  

Contos de um Dezembro QualquerOnde histórias criam vida. Descubra agora