Foi só Min Yoongi colocar os pés dentro de seu pequeno apartamento que também se permitiu desabar no chão. O encontro de exatos vinte e três minutos atrás havia sido o mais desastroso de toda a sua vida e, provavelmente, o também mais desastroso da segunda vida que estava carregando. Aliás, aquela grande decepção que chamamos de encontro só aconteceu por causa do feto que Yoongi agora carregava. Um mês atrás o Min transou, aproveitou de verdade o momento com aquele homem que, após mais ou menos três semanas, se revelaria um completo idiota – para não dizer outras atrocidades aqui. O fruto daquele sexo sem compromisso foi gerado e Yoongi iria, mesmo sem experiência alguma, assim como todo e qualquer pai de primeira viagem, criar. Prometeu a si mesmo absorver o máximo de cada experiência para se tornar um pai cada vez melhor para seu futuro filho, mas viu-se estagnado ao ouvir com tão frias palavras que se tornaria um pai solo, sem o mínimo apoio do ex parceiro.
Uma mistura de intensas reações pegou Yoongi de jeito após descobrir que estava sozinho naquilo tudo, com uma gravidez para enfrentar e uma criança para cuidar, sendo um homem cem por cento inexperiente em qualquer coisa que não envolvesse seu próprio trabalho ou relacionamentos profissionais. Quando mais novo, na época em que estava pronto para ingressar no mercado de trabalho, voltou toda sua atenção a seu emprego e perdeu muito de sua juventude. Digo, ela ainda estava lá, ele tinha apenas vinte e quatro anos e talvez aquela criança pudesse o ajudar a recuperar os anos perdidos com árduo trabalho e pouca vida social, distração, diversão, lazer.
Ele, infeliz ou felizmente, teve que controlar suas emoções para fazer o favor de não jogar todo aquele macchiato sobre a cabeça do homem à sua frente, aquele o qual nunca seria mencionado para o bebê que carregava. Yoongi estava queimando por dentro, tanto no coração como no estômago – não estava acostumado com os enjoos matinais, ainda eram nove e meia da manhã –, mas decidiu ir logo para casa. De que adiantaria tentar convencer alguém que já havia tomado sua decisão? Aliás, pra que manter alguém por perto sendo que essa mesma pessoa havia tornado uma decisão tão difícil em algo tão fácil e benéfico para si mesmo? Egoísmo, irresponsabilidade. Seu acompanhante chamou o nome de Yoongi algumas vezes enquanto o observava andar entre as mesas para alcançar a rua, provavelmente era a cobrança da parte de Yoongi na conta, mas o garoto mal comeu os macaroons que havia pedido, nem fez questão daquilo, se pôs de pé e saiu.
O Min, com seus cabelos negros esvoaçantes naquele tempo fresquinho, gostoso de passear, um moletom bem simples cobrindo qualquer elevação de sua barriga, se contentava com a vida que iria levar daqui pra frente. Enjoos matinais, hormônios ainda mais distorcidos, mais dedicação ao seu bebê que a si mesmo – não que ele cuidasse muito do próprio corpo, como eu disse, não gastava muito de seu tempo consigo mesmo, mas agora deveria e iria, precisava se manter saudável –, a falta de ter um outro pai para seu filho, mesmo que ele fosse mais que suficiente para a criança, conhecimento de auto-suficiência que Yoongi só teria daqui quase três anos, quando o filho diria que ama o pai pela primeira vez e o Min, emocionado e orgulhoso, perceberia que tinha feito um bom trabalho.
Foi capaz de cumprimentar o porteiro de seu condomínio por mais que o humor não lhe estivesse bom, Yoongi sempre fora muito educado e gentil e seu modo de ser não seria mudado por causa de um acontecimento ruim. Ele era um homem forte, firme, poucas vezes ficava tão abalado ao ponto de querer chorar. Mas, infelizmente, esse era um dos momentos que mais fizera Yoongi chorar na vida.
Como estava dizendo, chegou em sua casa e trancou a porta. De súbito não chorou, suas lágrimas simplesmente não vieram à tona e ele não sabia o porquê, mas resolveu deixar quieto. Estava em choque, talvez, por isso se deixou cair sentado ao chão. Contemplou o espaço decorado à gosto, sabendo que em alguns meses aquilo se tornaria uma completa zona com roupas de de bebê espalhadas pra lá e pra cá, enquanto ele tentava arrumar o guarda roupas do bebêzinho, ou então, após o nascimento, tropeçaria nos brinquedos desorganizados no chão ao mesmo tempo que tentaria chegar à cozinha para pegar a mamadeira da criança. Yoongi sabia no fundo de seu coração que as coisas não dariam tão certo assim, pelo menos não no começo. Já estava aceitando este fato, mas tentou imaginar tudo da melhor maneira possível para poder dar o melhor de si para seu bebê.
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fatherhood.
Fanfiction{yoonkook/sugakook} {mpreg!au} Yoongi, aceitando o fato de se tornar um pai solo, se sentia sozinho; só não esperava que seu vizinho, Jeongguk, fosse ser sua mais nova companhia.