seven

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Jeon Jeongguk estava com pressa, porém não podia correr. Bon-Hwa, com seus quase seis meses de idade, estava agarrada ao homem por uma bolsa mamãe canguru, e Jeon, por sua vez, era muito cuidadoso com a então bebê coruja. Contudo, se esgueirava por aquele monte de transeuntes em seu percurso de volta pra casa, carregando em mãos uma sacola cheia de fotos que havia revelado em uma loja especializada há pouco tempo. Infeliz ou felizmente, não tinha carro, então se locomovia com os próprios pés — e era até bom, afinal não se exercitava mais, pois seu tempo, que já era curto, diminuiu descabidamente com a nova bebê. Por ora, tudo parecia bem, exceto pelo nervosismo de Jeon que o fazia andar mais rápido e descuidado, logo, esbarrava com as pessoas. Numa dessas vezes, Bon-Hwa foi pressionada e acordou de seu sono, abrindo um berreiro de uma vez. Na verdade, ela era bem calma e mal fazia barulho, a menos que fosse incomodada, então foi fácil para Jeongguk fazê-la parar de chorar: teve que cantar “Call With All My Heart”, a música vinda do filme Oseam, o qual ela adorava e havia visto somente porque Yoongi lembrou-se de ter visto-o quando pequeno, e então gravou para a filha. Ela foi ninada e adormeceu a poucos metros do condomínio onde moravam.

(🌻)

Enquanto Bon-Hwa repousava sobre seu lençol de flores na cama do Min, Jeon organizava as inúmeras fotos de Yoongi em um varalzinho de barbante. Era simples, mas fofo e o resultado acabava bem satisfatório. Aliás, Jeongguk já não tinha muito tempo, e vez ou outra Bon-Hwa resmungava de fome, então teria que se apressar mais ainda para poder cuidar dela.

O Min deveria estar de licença, na verdade, entretanto seu cargo era muito cobiçado e de muita importância na empresa, e não pôde ficar afastado por um longo período, caso contrário nada correria bem. Logo, preferiu não estender sua licença paternidade, apesar de ter o coração apertado de saudades da filhinha — em seu horário de almoço, sempre tentava ir para casa vê-la, e quando não era possível optava por uma chamada de vídeo. Jungkook se enchia de amor, era verdade, por ver a filha e o hyung sorrirem um para o outro mesmo por uma tela de celular celular. De qualquer forma, por isso os dias estavam mais corridos para Jeon. Ele mesmo havia pensado em ligar para alguns amigos pedindo ajuda com a bebê, porém fariam muita farra e perturbariam Bon-Hwa, que não gosta de ser incomoda enquanto mama ou dorme, muito menos se estiver com sua chupeta.

Jungkook pensou que seria difícil estar sozinho com Bon-Hwa, organizando algumas coisas e vigiando-a ao mesmo tempo. Entretanto, se virou bem e agradeceu a todos os deuses pela bebê estar entretida com seu chocalho, que também era um mordedor para seus dentinhos que haviam de nascer posteriormente. Ela também não parecia entender o que o pai estava fazendo, afinal era tão pequena que só sabia reconhecer uma mamadeira ou seus brinquedos.

Jeon, por sua vez, estava extremamente afobado. Tinha sorte que era bom fazendo todo e qualquer tipo de trabalho manual, fosse esse cerâmica, costura ou decoração, era bom em absolutamente tudo. Até mesmo se gabou para a filha, reforçando suas qualidades.

— Bon-Hwa, sou bom em tudo! — Por um momento, parou de ajeitar o varal de fotos, pegou a bebê no coloco e mostrou-a toda a sua organização, o  enfileirado de fotografias que fizera como uma linha do tempo. — Na verdade, tento... enfim, sempre vou preparar várias coisas pra você, papai vai te dar tudo! — Deu-lhe um beijinho na bochecha antes de colocá-la de volta na cama. Chamar a si mesmo de “papai” havia se tornado algo normal para Jeon, mal parecia que demorou dois meses para se acostumar com o chamamento.

Antes de retornar ao trabalho, viu a neném sorrir — era carinhosa, ao receber qualquer forma de amor já sorria —. Inevitavelmente, pegou de volta a criança no colo, atacando-a com múltiplos beijos. A risada da pequena Min era tão contagiante que deixou Jeongguk ainda mais revigorado a continuar. Os dois, apesar de não compartilharem o mesmo sangue, ainda sim eram a família um do outro.
Durante o preparo, pôs-se a pensar na reação do hyung: ficaria surpreso, obviamente, mas aquilo o deixaria feliz? Jeon só poderia ter certeza dos próprios sentimentos, criar expectativas e acabar convencendo-se de que o outro sentia a mesma coisa era errado e ele sabia bem disso. Entretanto, sonhar não custava nada e Jeongguk vinha fazendo isso há meses, para finalmente ter coragem de dar (mais) um passo.

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