A ternura

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Quando eu brincava de boneca, eu adorava pentear os cabelos, de escolher as melhores roupas pra colocar nela, e o lugar onde ela dormia tinha que ser do bom e do melhor (apesar de não ter completamente nada, além da Barbie), eu não tinha amigos e muito menos uma família presente.

Minha mãe passava o dia todo no trabalho pra colocar uma comida na mesa e a noite ia garantir o seu futuro em uma escola longe de casa, meu irmão quando não estava com os amigos jogando bolita, futebol, "bete", queimada ou soltando pipa estava no computador conversando com os outros amigos dele e minha irmã mais nova era muito pequena pra brincar.

Meu pai não morava mais em casa, por isso não era muito presente mas sempre que possível me dava presente não era bonito nem tão pouco ao meu tipo, eu tinha consciência que não podia negar um presente até porque eu via a felicidade no rosto dele quando me entregava e eu sabia que ele tinha trabalhando duro, que havia litros de suor no seu rosto e um belo sorriso no rosto pra conseguir um presente que eu gostasse.

E na minha rua, eu tive o privilégio de conhecer a Dona Norma, não é uma pessoa famosa e muito menos rica, ela é muito especial pra mim rsrsrs - Ela me chamava de Felícia - ... Era uma senhora de pele parda, cabelos branco, tinha sempre contigo um colar com uma cruz, sua altura não passava de 1,61 e tinha apenas 108 anos de idade. No seu aniversário, eu insisti para que ela convidasse sua família para vir vê-la pois eu desejava conhece-los  e então ela fez o convite.

- Estou fazendo isso por você Felícia, faz tantos anos que eu não os vejo acho que nem devem se lembrar de mim.

- E eu estou fazendo isso para ver a senhora feliz, ultimamente tu vens ficado tão muxinha sem sinal de felicidade dentro de ti.

- Não há motivos para ficar tão preocupada comigo - resmunga com um tom de voz diferente - 

- Eu me preocupo, sim, me preocupo porque a felicidade normalmente acorda contigo e hoje parece que ela saiu pra uma viajem muito longe de ti.

- A vida nem sempre é um mar de maravilhas, ás vezes temos que suportar uma dor para que a felicidade venha.

- Ham sim.... - eu toda feliz abraço ela.

Acordei , escovei os dentes e lembrei que aquele dia seria mo reencontro da Família Mendeiros, me aprontei toda e fui tomar café da manhã com ela mas quando cheguei ela estava olhando um papel e chorando disfarçadamente, e então pergunte:

- Oiii, O que é o papel?

- Aaaah, oi, esse papel? Não é nada importante.

- Mais porque choras?

- Não estou chorando - em seguida limpa sem olhos com um pano que havia ganhado de sua mãe quando a viu pela última vez

- Está sim, eu a vi chorando quando cheguei.

- Não estou chorando, é que eu perdi meu óculos e quando fico sem ele meu olhos lacrimejam.

Eu fingi cair na conversa dela - Ah, então tabom - tomamos o café da manhã e esperamos a família dela. Horas passaram e nada da família, quando anoitecera ela sorrindo me disse:

- Vá dormir, eles não irão aparecer... Amanhã tu tem escola vai para acordar cedinhos e ser uma futura professora - 

Depois da escola ela estava sentada para o lado de fora na sua cadeira preferida, ela estava com uma cara de tristeza, e apenas tive a oportunidade de sentar ao lado dela e deitar em seu colo. Ela havia me dito que tinha algo a me contar e aos prantos ela me contou que estava com um câncer e que não tinha mais tempo para um tratamento, me disse que iria viajar para o céu e que voltaria para me buscar do mundo cruel.

No dia seguinte, eu passei na casa dela antes de ir para escola mais não tinha ninguém apenas uma carta com o meu apelido de baixo da porta, ela escrever que naquele dia ela ia ao médico e que não sabia se ia voltar para casa.

É eu não perdi apenas uma amiga, mais perdi um professora, uma mãe, uma médica, uma parceira e isso me faz falta até hoje.


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⏰ Last updated: Dec 05, 2017 ⏰

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Era uma vezWhere stories live. Discover now