Prólogo

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Mal dá pra acreditar que 8 meses se passaram depois de todo o caos causado pelo mundo invertido, Dart e aquele coqueiro ambulante terrível ou... aranha gigante? Eu realmente não sei como posso defini-lo. Seja lá o que aquilo realmente possa ter sido, Mind Flayer era péssimo.
Não acho que eu consiga expressar o quanto a vida me surpreendeu nos últimos dois anos. O quanto ela surpreendeu à todos nós.

Steve já faz parte do nosso grupo. Costumamos chama-lo de Mama ou até mesmo Mãe. Acho que o motivo é um tanto quanto óbvio.
Minha irmã Nancy e o irmão do Will, Jonathan, começaram um relacionamento concreto na noite do Snow Ball. Era óbvio que aqueles dois ficariam juntos.
Max já é bem vinda no grupo, acabei cedendo à ideia de que ela é nossa Zoomer, mas... não acho que a El tenha se acostumado com isso ainda. Não que a Max não tenha tentado uma aproximação, ela tentou, várias vezes inclusive... mas por algum motivo El não se entregou em nenhuma delas.
As vezes me questiono se a queda da Max no ginásio foi, de alguma forma, ocasionada pela minha... por Eleven.
O fato de ela ter sentido uma força magnética a puxando para baixo do skate no mesmo momento em que senti a presença de alguém, especificamente a presença de El nos observando...
Não pode ser mera coincidência.
Ainda não a questionei sobre esse dia, mas pretendo.

Falando dela, o vocabulário da El vem ficando cada vez melhor. O ensino médio tem sido incrível para ela. Acontece que o significado de uma palavra específica foi interpretada por ela mesma, sem ajuda de professores ou dicionários. Aquilo realmente mexeu comigo.


Flashback

- Mikeee! Mikee? - Avisto El no corredor da escola procurando por mim. Ela consegue ficar adorável até mesmo depois de 5 períodos de aula. Não consigo conter o sorriso bobo.

- El, aqui! - Movo meus braços para que ela consiga me encontrar no meio dos alunos com mais facilidade.
Ela sorri de volta no mesmo momento em que coloca seus olhos sobre mim. O mesmo sorriso de quando nos reencontramos após 353 dias de distância.
O mesmo sorriso de quando nos vimos no Snow Ball.
Vejo ela vindo em minha direção.

- Mike! Oi... só queria dizer que na aula de literatura o professor passou um livro para lermos sobre promessas e.. como elas são importantes. Se chama "Promise Me That We Can Make Our Promises". Achei importante te dizer isso porque... me fez lembrar de você. Me fez lembrar da gente. E talvez você precise lê-lo também.

Eu definitivamente não esperava aquilo. O fato de promessas fazerem com que El se lembre de mim é simplesmente... adorável.

Tentei mostrar o quão grato fiquei por aquele gesto. Peguei em sua mão e logo em seguida sorri para ela. Ela retribui o sorriso.

- Ahhh, e antes que eu me esqueça.. aprendi o que significa realmente o termo "amar alguém". Tivemos que fazer uma dissertação sobre a primeira coisa que vem à cabeça quando pensamos em amor, então pedi para que o Sr. Clarke explicasse melhor aquilo para mim...
Ele disse que amar alguém pode ser de várias maneiras, como amar um irmão, uma mãe, um pai ou seus amigos...

- Ah sim, igual aquele dia no ginásio quando convidei você para ir ao Snow Ball comigo, lembra?

- Isso! E como eu poderia esquecer, Mike? - Ela olha em meus olhos e sorri, acariciando nossas mãos que ainda estavam entrelaçadas. - Ele até citou você, dizendo "assim como você deve amar seu primo, Mike Wheeler". Não acha que devemos contar a ele que na verdade nós somos... - ela pausa e parece tentar o termo certo para definir o que somos. Rezo mentalmente para que ela não diga aquela palavra que começa com a... - amigos?

- Droga. - Me amaldiçoo logo em seguida por ter dito isso em voz alta. El parece confusa com minha reação.

Amigos... aquilo ficou ecoando em minha cabeça. El claramente já sabe a diferença entre um amigo e um amor. Me pergunto se falhei em algum momento com ela no quesito demonstrar o que eu realmente sinto sobre ela... talvez o beijo no Snow Ball não tenha tido para ela o mesmo valor que teve para mim? Não sei como posso mudar essa situação. Talvez eu tenha que me declarar com um pouco mais de clareza do que da última vez que beijei ela no ginásio quando a expliquei o porquê não vamos ao Baile de Inverno com uma irmã. Achei que ela tinha entendido o que eu quis dizer com aquilo. Parece que vou ter que pensar em algo para ser mais claro com ela.

- De qualquer forma ... - ela diz me trazendo de volta ao mundo real. - eu queria que soubesse que a maior parte da minha redação foi sobre você. Na verdade não foi o professor Clarke que me explicou o que o amor realmente é... ele só me fez perceber que você já tinha me ensinado desde a primeira vez que você me levou ao seu porão e tomou conta de mim quando eu precisei.
Queria te agradecer por isso, Mike.

- Eleven, essa é provavelmente a coisa mais linda que me disseram. Não precisa agradecer, eu realmente gosto muito d... e-eu amo você. Fico feliz que eu tenha sido a pessoa a te mostrar o que é o significado de amor. - acho que nunca disse uma frase tão rápida em toda minha vida.

- Eu também amo você, Mike. - Ela pega minha outra mão que estava apoiada em meu armário e a acaricia. Eu poderia beija-lá nesse exato momento, se Dustin, Lucas e Max, Steve, Jonathan e Nancy não estivessem todos olhando para nós de ângulos diferentes do colégio. Então apenas deposito um beijo em sua testa.

- T-te vejo depois? O pessoal vai lá em casa hoje a noite para jogarmos e vermos algum filme.

Ela afirma com a cabeça e se aproxima aos poucos de meu rosto olhando diretamente para minha boca. Eu já estava fechando os olhos quando sinto um beijo sendo depositado na minha bochecha. Assim que abro meus olhos, vejo El indo embora para seu último período de aula.


E foi naquele dia que eu pensei que talvez já tivesse chegado, ou até mesmo passado da hora, de pedir Eleven em namoro.

Isso se não tivesse acontecido o pior pesadelo em nossas vidas desde o Mind Flayer. Nada se compara ao que será descoberto...
agora.

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