Capítulo 3

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        Sem você, sou uma alma fragmentada que se recompõe um dia de cada vez.

        Padre Frederico, 39 anos, chamado de Frei, sofria de depressão e desde os 18 abraçava a vida religiosa. Preferiu assim do que viver num mundo sem sonho, sem sorriso. É o que enxergava nas pessoas antes de seguir a religião. Desde então dedicou-se aos mais carentes, principalmente crianças. Serviu a Deus. Doou amor em vida àqueles com falta de fé e esperança.

        Algo o incomodava. Mostrava alegria só por fora. Metade dele era a religião, enquanto a outra sabe-se lá Deus onde estava.

        Antes que a madrugada chegasse, Lis recolhia a alma. O corpo pedia para dormir, mas os pensamentos não. Sentia-se tão só, que a solidão precisava urgente de alguns reparos físicos.

        Lis e as estrelas amanheciam juntas.

        Depois da chuva, enfim uma fresta de sol no céu.

        Um único segredo a sufocava.

        Seus pensamentos falavam por ela: — de hoje não passa...

        Beatriz recebe uma mensagem da amiga: "preciso falar com você! É urgente! Encontre-me na praça às 18:00 horas.

        Sai rapidamente e na pressa tropeça na calçada. Com a voz ofegante e as duas pernas bambas:

        — O que foi Lis? Não me assusta desse jeito!

        — Será possível! Não posso nem tomar meu café sossegada...queimei a língua por sua causa.

        Lisbela sem pensar duas vezes já escancara:

        — Estou apaixonada pelo padre Frederico! Lis solta todas as palavras enroladas dentro do peito.

        — O quê?

        — Como é?

       — Hem?

        — Repete porque estou quase tendo um infarto agudo do miocárdio Meu Deus! Diz Bia descontrolada.

        — Já sei!

        — Deve ser por causa do pesadelo que tive durante a noite, só pode. Bia mal acredita no que acabara de ouvir.

        Ela pergunta de novo:

        — Vamos lá Lis, comece de novo, mas devagar agora.

       — Espera, vou limpar meus ouvidos.

       — Devo estar surda ou você maluca. Disse Bia com vontade de voar no pescoço de alguém.

        As duas se olham, e um breve silencio paira no ar.

        As palavras somem. Bia continua:

       — Você me disse isso mesmo Lis?

       — Sim! Foi exatamente isso e eu não estou maluca.

        Quando enfim colocou para fora tudo o que sentia, um peso havia saído da garganta, do peito, do corpo. Aliviada por ora.


Lisbela - Um único segredoOnde histórias criam vida. Descubra agora