Kir Royale.

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POV Jade

As garotas acabaram dormindo aqui mesmo. Abraçadas comigo.

São duas e quarenta e dois da manhã e eu continuo no celular olhando nossas fotos antigas. Nós quatro. Juntas. Irmãs. Para sempre.

Esse livro estragou a minha vida!

Me levanto devagar, para que nem Jesy e nem Leigh acordem. Me sinto horrível. Como se uma espada gigante me cortasse ao meio.

Ando até a cozinha e preparo um chá de ervas, afinal, como a Leigh disse antes de dormir " ficar nervosa só vai piorar tudo".

Enquanto o chá ferve, ando até o armário para pegar uma xícara. Me estico nas pontas dos pés e alcanço uma.

— Ufa... pensei que...

Mas quando olhei para a mesa, onde tínhamos deixado o maldito livro, ele sumira.

Normal.

Ignorando isso, sirvo meu chá e ando até a sacada.

Está um pouco frio aqui fora. Me pergunto se Pezz está bem. Mesmo que esta seja uma pergunta boba, afinal, provavelmente ela está em qualquer lugar chique tomando um chocolate quente.

Rio de minha estupidez, ela deve estar melhor que eu.

Me viro para entrar e acabo derrubando a xícara. O chá se espalha pelo piso. Quase pisando em cacos, pulo aquilo e pego alguns pedaços de papel toalha para tirar os cacos, que por sorte são grandes.

Quando termino de jogar tudo no lixo, resolvo dar uma volta. Pegar um ar. Isso provavelmente me faria bem. Ou ao menos, melhor do que estou.

Rabiscando um bilhete para as garotas, visto um jeans e uma jaqueta e saio de casa, no frio.

Olho ao redor e pela primeira vez em minha vida, resolvo ir em um bar. É praticamente na frente do lugar onde estamos.

Talvez beber alguma coisa seja tão bom quanto dizem.

Entro no bar, tentando chamar o mínimo de atenção possível. Me sento no balcão e começo a avaliar as opções.

Sinceramente, não estou entendendo nada.

— Lo que deseas señorita?

O homem no balcão é jovem. E claramente estrangeiro.

— Ah... ainda não sei.

Ele acena com a cabeça e eu continuo a ler os nomes.

Logo, um garoto se senta a meu lado. Usa uma jaqueta de couro marrom.

Volto minha atenção para os nomes, totalmente perdida.

— Experimente um Kir Royale. Você vai ter um porre se beber algo mais forte. — o garoto disse, sem olhar para mim.

Olhei para ele, surpresa e um pouco ofendida.

— Você acha que eu...

— Não acho. Tenho certeza que você nunca bebeu.

Que droga! Eu sou tão óbvia?

— Dá tanto assim para ver? — sorrio.

Ele se vira e sorri para mim. Seus olhos tem olheiras fundas, mas seu olhar é gentil.

— Dá.

Nós rimos.

— Como se chama? — pergunto.

Ele hesita, mas responde.

— Harry. Harry Styles.

— Jade Thirlwall. — sorrio.

Ele retribui.

Ficamos em silêncio por um tempo.

— Ah, finalmente achei os ingredientes das coisas. Acho que vou pedir isso que você falou mesmo. — leio as letrinhas miúdas, era de longe o drink com menos ingredientes alcoólicos.

— Eu falei. — ele riu.

— Hey, José! — ele cumprimentou o barman.

— Harry! Que tal? — ele cumprimentou de volta. Era como se eles se conhecessem de um longo tempo.

— Um Kir Royale e uma Margarita, por favor.

— Obrigada mesmo! — sussurro.

— Disponha. Aliás, você não é da cidade, é? — ele perguntou, sua sobrancelha arqueada.

— Na verdade não. Eu me mudei pra cá, pro prédio onde meu primo está.

— Entendo. Deve ser por isso que eu nunca te vi por aqui.

Os cabelos compridos e ondulados ficavam ao redor do rosto, ele tinha olhos bem verdes, quase como se fossem mágicos (Argh, esqueci como odeio essa palavra) e algumas tatuagens no pescoço. Ou pelo menos o início delas.

Continuamos conversando bobagens. Era bem engraçado, tentamos fazer as piadas sérios. Caindo na gargalhada em seguida. Acho que todo o mundo do bar estava nos olhando.

Logo que secamos as lágrimas de riso, os drinks chegaram.

— Ei, isso é sal? — perguntei, apontando a borda do copo, taça, sei lá o que!

Ele riu.

— É sim. É o costume.

— Costume esquisito. — pego o meu drink e bebo. É muito bom!

— Gostou? — ele perguntou, sorrindo.

— Certamente você tem bom gosto. — digo, fazendo careta com uma voz esquisita.

Quando terminamos os drinks, começamos a discutir. Ele queria pagar o meu, mas eu queria pagar!

No final, ele acabou pagando quando a trouxa aqui percebeu que deixou o dinheiro na outra jaqueta.

Saímos dali. Estava começando a garoar.

— Onde você mora? Se quiser eu te levo. — ele disse.

— Não se preocupe. É perto daqui. — coloco o capuz.

— Certo. Você não quer sai...

O telefone dele tocou.

— Desculpa. Eu preciso atender. — ele diz, meio sem jeito.

Ele atende.

— Alô? Oi... ah, agora? Mas é realmente neces... ah, certo. Já vou.

Ele desliga. Parece preocupado.

— O que houve? — pergunto.

— Nada que te interesse garota. — ele diz isso e sai. Sem mesmo dizer adeus.

— Mas...

Bato o pé no chão. Que racha um pouco.

Volto andando para o apartamento. Queria falar com a Perrie. Mesmo que eu ache que ela não quer me ver nunca mais.

Assim que chego, vou até o banheiro. E coloco dois dedos quase na garganta, sem vomitar. Procuro então pelo remédio para vomitar, a Leigh deve ter deixado aqui no armário. Geralmente ela toma em caso de infecção alimentar.

Logo depois, estou vomitando todo aquele drink idiota. Não queria ter saído de casa. Nem bebido nada. Nem mesmo queria estar viva.

E é tudo culpa do livro.

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Créditos Larih_Wizenffat

Black Magic || Little MixOnde histórias criam vida. Descubra agora