As Crônicas de Fogo e Gelo

Prólogo

Derik Stark e Rian Lannester iam na frente, os duzentas homens seguia-os de perto, só não mais perto que o lobo gigante que, era como uma sombra do Stark.
As densas árvores da floresta negra já estavam à vista. Os clicks das armas se misturaram com o uivo do vento; rifles, espingardas, revólveres. Aqui e ali podia-se ouvir uma lâmina sendo desebanhada; facas, espadas, machados, sabres, rapieras.
Derik Stark sacou seu revólver, os homens mais próximos fitaram a arma com interesse. Feito de uma mistura de aço e osso de dragão, era de um negro profundo, com coronha branca e com o lobo entalhado.

-- Alto! -- os homens pararam, olhos atentos na floresta, que mesmo durante o dia era ameaçadora. Derik olhou para o homem ao seu lado: -- Espero que esteja certo disso, Lannister.

Rian Lannister devolveu o olhar.

-- Estamos nessa juntos, Stark.

Os olhos castanhos do Stark encontraram os azuis do Lannister. O Lannister fechou os olhos quando o vento tocou-lhe o rosto. Ele era um homem do sul e o vento gelado não lhe caia bem.
O Stark sorriu, era um sorriso sem humor verdadeiro.

-- Um homem do verão -- ele comentou.

Homens distintos, na aparência, no nome, mas o motivo de estarem ali era parecido. Derik Stark era o irmão mais novo de Luke Stark, enquanto Luke é sherife, lorde e governador de Winterfell, Derik seria para sempre apenas seu ajudante. Por vezes desejou ter nascido em outra época, quando os guardas da noite era mais do que um punhado de bêbados. Desejava ter vindo ao mundo quando os corvos eram heróis que lutavam contra as criaturas da noite, assim poderia ter sido o primeiro guarda, como muitos de seus antepassados. Mas agora a patrulha da noite era constituída de dez homens, e nenhum era digno desse título, que outrora fora tão honrado. Mas esse tipo de pensamento logo se esvaiu quando lembrava que teria que usar uma espada, e pelos deuses, ele amava seu revólver.
Rian Lannister também vivia à sombra de seu irmão. A droga de um perneta que sempre o superava em tudo.
O Lannister sacou seu par de revólveres de aço dourado.

-- Fique perto -- ele disse para um de seus homens, um dothraki, que empunhava um arco-lua.

O Lannister fitou a arma do outro. Ainda não entendia como duas roldanas deixavam um arco tão poderoso.
Cem homens eram mercenários contratados por Rian Lannister, os outros cem eram homens leais à Derik Stark, porém os duzentos homens estavam inclinados a seguir Derik na linha de frente. Os dias que passaram com o Lannister os fizeram perceber que não era um homem confiável, principalmente quando se trata de uma batalha.
Era uma aposta perigosa estarem ali. Derik havia enfrentado seu irmão para se juntar ao Lannister, agora juntos enfrentariam os selvagens. E para que? Madeira? Não, não era só isso, com isso terei respeito.
Rian Lannister, no entanto foi o que mais se arriscou. Foi ele que caminhou em terras de lobos para ir procurar ajuda. E o único que aceitou ajudar fora  o temido lobo vermelho, um Stark que tinha fama de comer seus inimigos.
O Lannister fitou o lobo que acompanhava como uma sombra o Stark. Todo Stark tinha um lobo, mas aquele sem sombra de dúvidas era o mais assustador de todos; pelos negros como o breo, presas longas como adagas, a  não ser por uma que lhe faltava. Diziam que a presa havia sido perdida quando quebrou em dois um rifle.

-- Vamos! -- Derik Stark gritou e se adiantou para floresta negra a meio galope.

Olhou em volta, o Lannister, como sabia que faria, estava ficando para trás. O dothraki, por outro lado só não avançava mais por uma questão de respeito.
Houve um momento de hesitação por parte dos cavalos quando passavam pelo ponto onde um dia se ergueu a grande muralha. Foi como o cair da noite quando adentraram o território da grande floresta negra. O frio ficou cortante, a luz do sol tornando-se escassa.

-- Vai, Sombra-- Derik Stark disse para seu lobo.

O lobo gigante adentrou as profundezas da floresta negra farejando o chão a sua frente.