O forasteiro ia entrando na cidade.
O garanhão negro trotando elegantemente ao passo em que seu cavaleiro ignorava os murmúrios que ecoavam pela cidade. Construções sólidas de madeira estendiam-se ao redor do imponente castelo de Winterfell. Uma construção tão poderosa que tinha suportado guerras do passado, e até mesmo no tempo não tinham sido páreo. Fazia muito tempo que não via seu lar, e muita coisa tinha mudado.
Os murmúrios se tornavam mais altos a medida em que o forasteiro se adiantava pela cidade. Os populares estavam acostumados a ver homens vindos do sul, agora vindos do norte como esse vinha, era uma novidade pertubadoura. De onde ele vinha? Como sobreviveu em terras de selvagens? Perguntas silenciosas, expostas apenas por olhos cautelosos.
Outras perguntas se formavam quando se via o que o forasteiro trazia nas costas; o escudo redondo era de aço cinzento manchado. Qualquer um reconheceria aço variliano.
Também trazia consigo um revólver .45 cano longo, e o que parecia ser uma espada curta. Esse combinação fez o homem ser temido antes mesmo de ser reconhecido.
Uma brisa gélida passou por alí, soprando os longos cabelos negros do forasteiro, deixando à mostra as feições de um homem duro.
O forasteiro olhou para uma mulher.-- Onde posso encontrar Luke Stark? -- perguntou.
-- O que quer com o governador? -- foi um homem que respondeu emergindo de uma taberna.
O forasteiro o encarou, olhos frios como o gelo. Era um homem velho, a barriga caída sobre os cinturões cruzados onde carregava duas .44. Conhecia o homem o suficiente para saber que era mais rápido do que aparentava, e duvidou que os quilos que havia adquirido ao longo dos anos o fizeram mais lento.
O forasteiro escorregou da sela do garanhão.-- Meu nome é Benjamim, só desejo ter uma palavra com Lorde Stark.
-- Eu sou o sube-cherife Tom, forasteiro, e é eu quem vai decidir se seu assunto vai ser levado ao governador.
Benjamim o estudou por um instante, sabia que o homem não mudaria de ideia.
-- Nesse caso. -- Voltou para o garanhão. -- Vou tentar eu mesmo falar com ele.
Tom se precipitou para frente, bloqueado a passagem do cavalo.
-- Escudo interessante esse seu -- disse -- , aonde conseguiu tanto aço variliano por aquelas bandas? -- gesticulou para o norte.
-- Foi um presente.
Tom coçou sua barba fingindo ponderar.
-- Não quero encrenqueiros -- ralhou. As mãos pousadas na cintura, deixando-as próxima as coronhas de seu revólver. -- E não perturbe o governador Stark.
-- Entendi -- disse Benjamin.
Tom o encarou por alguns segundos antes de conceder passagem.
Benjamim continuou seu trajeto rumo ao Castelo. A cidade havia crescido muito desde a última vez que estivera ali. Se perguntou se as pessoas também teriam mudado tanto.
Logo avistou o paredão negro que cercava o Castelo. Outrora os muros eram mais do que suficientes para protegerem de invasores, mas agora contava com a ajuda de poderosas metralhoras e canhões. Haviam alguns soldados zanzando aqui e alí. Eram homens a serviço dos starks. Todos usavam rifles.
Benjamim seguiu até o portão que dava para o Castelo.-- O que você quer, forasteiro? -- um dos guardas perguntou.
-- Falar com Lorde Stark -- respondeu.
-- E quem seria você?
-- Benjamim.
-- Beijamim...? -- o guarda especulou. Não era comum um homem se apresentar apenas com o primeiro nome.
-- Só Beijamim.
Os dois guardas riram alto.
-- Está bem, Só Beijamim -- disse o guarda. -- O governador não recebe qualquer um, muito menos um vagabundo.
Beijamim deceu de seu cavalo.
-- É importante, ele vai querer me ver -- explicou.
-- Vá embora! -- exigiu o homem e engatilhou seu rifle.
Ben suspirou, uma longa fumaça branca projetou-se dos seu lábios. Não tinha tempo para toda a burocracia que aquilo exigia.
-- Meu nome é Benjamim Stark, herdeiro legítimo dessas terras. Ordendo que me de passagem.
Os homens gargalharam alto.
-- Vai se fuder, seu bastado -- cuspiu o guarda. -- Todos sabem que os filhos do Stark ficaram loucos e morreram para além do norte.
-- Deixe-me falar com Lady Stark, ou Joanna.
Os homens riram mais uma vez.
-- A Lady se matou -- disse o homem.
Aquelas palavras atingiram bem como um tiro. Sua mãe se matou em algum momento enquanto estivera fora.
De repente, Benjamim se flagrou retirando o escudo de suas costas. Ajustou no braço esquerdo.-- Vão me deixar passar agora -- disse bem.
-- Se fode -- retrucou o guarda.
Ben avançou.
-- Mais um passo e eu atiro -- rachou o guarda num grito.
Ben continuou a avança. O escudo protegia todo seu tronco. Talvez se o guarda acreditasse que um escudo suportaria um tiro de uma 22 tentaria atingir os pontos vulneráveis que eram suas pernas, mas o homem não acreditava que aquela superfície manchada suportaria um tiro a queima roupa.
O primeiro disparo recochetiou perigosamente para o lado. O segundo teve o mesmo resultado, mas o projétil se precipitou para cima.
O segundo guarda tentou atirar um terceira vez, mas Benjamim já estava sobre eles. Enviou um guarda para trás, com um chute poderoso seu estômago.
Teve que se abaixar atrás do escudo para se proteger do segundo guarda, e mais uma vez usou a proteção do escudo para se proteger enquanto avançava. Descreveu um arco com escudo atingindo o rifle do homem jogando a arma para longe.
O guarda levou a mão para seu revólver, mas Beijamim já tinha sacado o seu, e apontava para a testa do outro.-- Vai me levar até o Luke agora! -- ralhou.
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As Crônicas de Fogo e Gelo
FantasyAs Crônicas de Fogo e Gelo sempre me fascinaram. Pensei por vezes em escrever algo que compartilhasse desse fascinante universo, porém, o mestre George R. R. Martin criou uma obra tão perfeita que acharia impossível criar algo no mesmo ambiente, não...