Capítulo 4

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CAPÍTULO 4

Quatro dias depois, chegou a noite de sexta-feira, e María estava tão tensa que parecia que ia quebrar em duas partes, esperando a chegada de Esteban. Ele se mudaria naquela noite, e durante a semana inteira seus funcionários tinham visitado a casa para prepará-la para a chegada dele.

Quando ela voltara para casa na segunda anterior, tivera que explicar a Bridie o que acontecera. A mulher mais velha reagira com uma fleuma admirável.

– É o pai dele, você diz?

– É – concordou María, em voz baixa, dando uma olhada para Bridie para lembrá-la dos ouvidinhos na área, já que Milo estava na sala de estar, assistindo a um desenho antes de ir para cama.

Infelizmente, a governanta deleitara- se com a informação. Dera um gole em seu chá e repetira:

– O pai dele... Olha, nunca pensei, María. Você é cheia de mistérios, não é? Sempre pensei que seria um garçom, um mecânico da fábrica ou algo assim, mas é o próprio, na verdade... o patrão Falcone.

María interrompeu-a para dizer:

– Ele só está se mudando para cá temporariamente. Ficará entediado em uma semana, acredite em mim.

Bridie deu uma fungadela de reprovação:

– Bem, vamos esperar que não seja assim, para o bem de Milo.

As mãos de María aquietaram-se sob a água corrente enquanto lavava os pratos do jantar. Conseguia ouvir Milo tagarelando com Bridie ali do lado. Estava fazendo aquilo por ele. Tinha de parar de pensar em si própria e pensar no filho. Era a única maneira de sobreviver àquela situação, porque quando, por um segundo, parava para pensar no que significava para ela ser empurrada ao encontro de Esteban de novo, María sentia um impulso premente de correr para longe daquilo tudo.

Bridie entrou alvoroçada na cozinha, e María percebeu sua expressão mal disfarçada de expectativa. Ela teria sorrido, caso estivesse em condições de fazê-lo.

– Você realmente não precisa ficar até ele chegar.

A empregada de tantos anos deu-lhe um sorriso iluminado e começou a secar os pratos.

– Ah, eu não perderia isso por nada neste mundo. É ainda melhor do que a visita do papa a Dublin nos anos 1970.

desabando meu mundoOnde histórias criam vida. Descubra agora