Panorama econômico europeu do século XIX

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As características do capitalismo, que se originou na Europa, surgiram na baixa Idade Média, entre os séculos XI e XV, em consequência da transferência do centro de vida econômica, social e política dos feudos para a cidade. Nessa época, o feudalismo já enfrentava uma grave crise decorrente da catástrofe demográfica causada pela Peste Negra, que dizimou 40% da população eurpopéia e pela fome que assolava o povo. Com o comércio reativado pelas Cruzadas, ocorridas do século XI e XII, a Europa passou por um intenso desenvolvimento urbano e comercial e, conseqüentemente, as relações de produção capitalista se multiplicaram, minando as bases do feudalismo. Na Idade Moderna, os reis expadiram seu podério econômico e político por meio do mercantilismo e do absolutismo. Em consequência a população que até se concentrava no campo, começou a se transferir para os centros urbanos, em busca de empregos que, ao menos poderia garantir sua subsistência, apesar da ausência total de infra-estrutura necessária para recebê-la.
A situacão era caótica, mas havia quem a defendesse, como os filósofos Jean Bodin, que dizia que "os reis tinham o direito de impôr leis aos súditos sem o consentimentos deles"; Jacques Bossuet que ressaltava que, "o rei que está no trono por vontade de Deus" e Nicolau Maquiavel, que por sua vez, enfatizava que, "a unidade política é fundamental para a grandeza de uma nação."
O absolutismo e o mercantilismo favoreciam o controle da economia e o Estado, que de uma certa forma se sentia seguro, por meio da exploração, estabelecia colônias para garantir o seu enriquecimento, por meio de mão-de-obra barata.
Esse enriquecimento também se estendeu à burguesia - classe que detinha os meios de produção - que, em pouco tempo, começou a contestar o poder do rei, desencadeando a crise do sistema absolutista e o surgimento das revoluções burguesas, como a Francesa e a Inglesa, que provocaram o triunfo do capitalismo.
A Europa do século XIX, passou a ser caracterizada principalmente pelos conflitos entre trabalhadores e capitalistas. No clássico livro "A situação da classe trabalhadora na Inglaterra", Friedrich Engels, amigo de Karl Marx, reconhecidamente o grande teórico do socialismo científico, nos dá exemplos das catástrofes sociais produzidas pela Revolução Industrial e por seus componentes políticos e ideológicos, representados pelo liberalismo e individualismo.
A sociedade Européia, que até então, vinha mantendo seus vínculos feudais tradicionais de coesão e integração, baseados nos laços familiares, religiosos, morais e sentimentais, comuns ao meio rural, de forma abrupta, assistiu ao surgimento de uma organização urbano-industrial sem nenhum tipo de ligação que primasse pelo humanismo.
Foi apartir da segunda metade do século XVIII, com a Revolução Industrial, que se iniciou um processo ininterrupto de produção coletiva em massa, geração de lucro e acùmulo de capital. Na Europa Ocidental, a burguesia assumiu o controle econômico e político. As sociedades iam superando os tradicionais critérios da aristocracia (principalmente a do privilégio de nascimento), enquanto a força da capital se impunha.
Nessa época surgiram as primeiras teorias econômicas, como a fisiocracia(1) e o liberalismo(2). Na Inglaterra, o escocês Adam Smith (1723-1790), precursor do liberalismo econômico, publicou "Uma investigação sobre Natureza e Causas das Riquezas das Nações", na qual defendia a livre-iniciativa e a não-interferência do Estado na economia.
A nova revolução industrial, caracterizada pelo avanço tecnológico e progresso científico, modificou não apenas os processos de produção, mas a própria estrutura econômica. Os negócios familiares, que se mantinham em pequena escala, foram substituídos por grandes empresas, muitas vezes agrupadas em cartéis, que os agregavam ou os eliminavam.
A população que deixava o campo, passou a se concentrar em vastos aglomerados urbanos, impelida pela industrialização. Nesse período, a Europa como um todo, se transformou numa sociedade de desempregados, mendigos, trabalhadores pauperizados, na maioria das vezes, sem nenhum tipo de vínculo familiar. Socialmente, esse fator além de contribuir ainda mais com a miséria, facilitou a proliferação de uma multidão de mães solteiras, de crianças sem pais, mulheres e homens despreparados, que se tornavam presas fáceis para a superexploração tanto em minas de carvão quantos nas fábricas, que se multiplicavam de acordo com o capital disponível que se concentrava nas mãos de poucos.
As nações que foram se tornando as principais representantes de seus próprios grupos econômicos privados, ampliavam o mercado internacional e, por fim, terminaram por se fazerem imperialistas, partindo para a conquista direta ou indireta de um considerável número de países africanos e asiáticos. Em conseqüência, ocorria de forma ambígua, o grande momento da Europa, enquanto a burguesia urbana, enriquecida pelo espólio colonial, vivia o luxo e o gozo de deter o poder sobre o mundo, um povo, visto apenas como uma mera base de sustentação, vivia submetido a todo tipo de miséria.

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