Trying to feel better

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     Três meses depois

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     Três meses depois...

     Três meses já haviam passado desde a morte do meu pai... três meses de sofrimento, três meses de lágrimas, e o pior de tudo, três meses sem a dança.

     Sim!

     Desisti da academia, desisti do meu sonho, desisti de tudo na minha vida... estou fazendo terapia para conseguir lidar com minha recente depressão, estou tomando antidepressivos e remédios para dormir.

     Tem sido um mês bastante difícil tanto para mim, quanto para minha mãe. O Justin ajuda o quanto pode, ele vem nos finais de semana nos visitar no Texas, já que ele ainda está na academia. O mesmo disse que o diretor ainda está com minha vaga, disse que se eu mudasse de ideia as portas da academia estariam abertas para mim...

     O Justin está no quarto sozinho, ele pediu para que não colocassem ninguém no nosso quarto, ele disse que não se sentiria tão bem.

     Nós sempre conversamos a noite, que é quando o Justin não tem aulas, ele também não tem saído muito a noite, ele tenta me levar para sair quando está no Texas, eu raramente saio... mas eu saio porque eu sei que talvez isso seja bom para mim.

     Amanhã, o Justin terá uma apresentação, a primeira apresentação desde o início das aulas...

     E pensar que eu poderia estar naquele palco...

     Cabeça erguida Selena!

— Cheguei filha!

     Ouvi minha mãe e logo a respondi:

— Estou no meu quarto.

     Ela tem saído bastante ultimamente, pra falar a verdade. Diferente de mim, ela tenta se ocupar com algumas coisas, coisas momentâneas, tenta fazer compras, sair com as amigas ou ir ao supermercado, sabe?! Ela tenta de um jeito ou do jeito dela preencher o vazio desde que o papai se foi.

     Eu não consigo sair do quarto, não consigo levantar da cama, não consigo me importar comigo mesma.

     Sabe... algumas pessoas podem ver isso como "frescura" ou dizer:

     "Sai dessa cama! Supera! Seu pai morreu há três meses, ficar dentro do quarto o dia todo não vai fazê-lo voltar".

     E eu tenho ouvido isso constantemente... as pessoas não sabem o que essa droga de doença pode fazer com nós mesmos, as pessoas não sabem que ela afeta tudo em sua vida...

     Seu relacionamento, seu trabalho, você.

     Você não consegue se importar com nada, não com ele, não com ela.

     Não é como se eu não quisesse me deixar ser feliz novamente, eu tento e é tão difícil... eu me sinto envergonhada de mim mesma o tempo todo. É como se houvesse esse fardo sobre mim, puxando-me mais e mais para baixo...

     Viver tornou-se um constante pesadelo... todo mundo tenta me fazer sair, mas eu acho que isso não será resolvido com exercícios ou contatos físicos. Até hoje eu tento me perguntar como eu deixei chegar a esse ponto... como eu me deixei ficar triste assim? Como eu me deixei ter pensamentos ruins, como eu me deixei pensar na minha própria morte e que minha vida é um fardo? Como eu me deixei ficar tão triste a ponto de desenvolver depressão?

     Eu não sei porque estou sempre tão triste... a morte do meu pai já faz três meses e sinceramente? Eu consegui superar, consegui aceitar que o coroa se foi. Mas... eu? Eu estou quebrada...

     Eu acordo todos os dias me sentindo uma merda e essa se tornou minha rotina diária, eu desenvolvi medo, medo do mundo, medo de ser julgada... talvez as pessoas achem que eu gosto de ser assim, mas não. É uma doença e consegue afetar absolutamente tudo na minha vida. Eu escondo a vergonha e o rancor, tenho que esconder.

     Eu tento esconder minha dor constantemente. Eu criei uma personagem, uma para o público e uma para mim, tarde da noite. É mais fácil assim... é mais fácil do que insistir que você tem um problema.

     É uma doença "oculta" e tem conseguido afetar tantas vidas... olhe para mim! Eu desenvolvi depressão! Eu desisti do meu sonho de dançar, estou desistindo de tudo e praticamente desistindo de viver!

     A depressão é o inferno dentro da vida das pessoas e as mata diariamente.

— Quer ajuda com as sacolas mãe?

— Não filha, está tudo bem. Pode ficar no seu quarto. Eu estou bem.

     "Eu estou bem" o eu estou bem da minha mãe consegue ser tão mais falso do que o meu. Ela tem sofrido tanto quanto eu, quem não sofreria se o homem que passou mais de vinte anos ao seu lado viesse a morrer? Apenas alguém de ferro!

     Decidi descer, tanto eu quanto ela precisávamos uma da outra, precisávamos de apoio e de nossas conversas. Nós temos nos distanciado bastante, desde...

— Mãe eu...

     Não terminei de falar e ela estava jogada no chão, abraçada a seus joelhos, chorando baixinho para que eu não ouvisse. Eu não consegui, e desabei do lado dela...

— Tem sido tão difícil filha...

— Eu sei mãe, me desculpe por ter se afastado. Sabe, é essa doença idiota, me desculpa mãe.

— Tá tudo bem... eu entendo.

— Eu prometo que nós duas vamos ficar bem, tá?

— Tá bem...

— Agora, levante-se, e vamos fazer aquele bolo que só nós duas conseguimos fazer!

     Ela sorriu e levantou-se.

     Eu não tinha muita vontade de sair do quarto ou de fazer qualquer coisa, mas eu prezo a saúde e a felicidade da minha mãe mais do que a minha.

     Peguei os ovos, o leite, a manteiga e a farinha. Minha mãe estava lavando o rosto, tentando amenizar o inchaço e a vermelhidão, eu não me importava muito com isso, já chorei tantas vezes...

     Comecei a preparar a massa do bolo, e minha mãe foi me ajudando, adicionando os ingredientes e o açúcar que eu havia esquecido.

     Quando a massa do bolo já estava pronta, a forma untada e o forno ligado, colocamos a forma junto com a massa no forno e esperaríamos até que o mesmo inchasse.

— Você vai até Los Angeles comigo amanhã?

— Eu não sei filha... não estou muito afim de ver apresentações de dança. Seu pai te apoiava tanto no seu sonho e você acabou desistindo...

— Eu sei. É só que, eu não consigo mais me imaginar ensaiando ou apresentando em um palco, tem sido difícil para mim...

— Eu sei, quer fazer um trato comigo?

— Como assim?

— Tem sido difícil para nós duas, então, se eu for à apresentação do Justin amanhã, você promete que vai pensar em voltar para a academia?

     Pensei, pensei, pensei...

— Tudo bem mãe, vou pensar com carinho.

— Seu pai não ficaria feliz em saber que desistiu, pense por favor...

— Tudo bem...

     Minutos depois, fiz a cobertura de chocolate para o bolo e quando acabei de colocar ouvi meu celular tocar. Era o Justin.

— Você vem para a apresentação amanhã?

     Demorei alguns segundos para responder...

— Sim Justin, eu vou. Eu e minha mãe vamos.

Dance With MeOnde histórias criam vida. Descubra agora