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Seren sentia-se afogando em um oceano de mentiras. Foi ali, diante daquela situação, que a sua festa tivera um fim bastante imprevisto e desagradável. Aos sons dos gritos graves e histéricos da mãe, a jovem viu a ponta do iceberg colidir-se na residência dos Silveira, para logo depois, o iceberg adquirir mais força e espatifar-se sobre a superfície daquela casa que por dentro, transformara-se em um enorme e gigantesco caos.
Primeiro, Joan gritava palavrões que escapavam de sua boca em um emaranhado de palavras solucadas e difíceis de serem compreendidas e decifradas. Logo em seguida, ela pôde visualizar a irmã, as suas primas e as filhas dos amigos de seus pais se aproximarem sorrateiramente, sendo atraídas por toda aquela gritaria. A terceira coisa que aconteceu, foi o seu pai, completamente alarmado, receber um tapa ardido na face esquerda, ao qual ele sequer recuou e, tremendo de raiva, Joan acabou acertando-lhe a face direita também.
A moça de faces envergonhadas e com o corpo encolhido no fim da sala, olhava a todos com medo e Seren podia sentir, através dos seus olhos perdidos e tristonhos, que ela parecia estar se odiando mais do que qualquer outra coisa naquele exato e infortuno momento. Mas o seu olhar, para com Seren, era ainda mais envergonhado e carregava um pedido de desculpas desesperado e eminente.
Seren conhecia aquela jovem. Anelise Pacheco era o seu nome. Por um longo tempo, ambas foram amigas. Anelise trabalhava na empresa dos Silveira e, em um dia qualquer, em uma de mais tantas festas chatas e entendiantes daquela empresa, Seren, que parecia amar mesmo qualquer biblioteca, enfiou-se na da empresa e surpreendeu-se ao encontrar alguém já ali. Uma jovem de cabelos castanhos e olhos amendoados degustava, distraída e sozinha, de uma taça de champanhe enquanto parecia estar perdida em algum mundo particular só seu, analisando a capa de um livro de quadrinhos e franzindo o cenho.
— Incômodo?
Ela questionou, pigarreando e atraindo a atenção da moça que não aparentava ser tão mais velha que ela. Talvez uns três anos de diferença, mais ou menos. A outra, após recuperar-se do susto, negou ligeiramente com a cabeça, abrindo um sorriso amigável em direção a Seren.
— De jeito nenhum. — Ela disse por fim — Vim aqui apenas para relaxar. Creio que outras pessoas também sintam essa mesma necessidade.
Seren concordou, sorrindo. Dirigiu-se até a poltrona defronte para a jovem simpática e acomodou-se ali.
— Você têm razão. — Disse, por fim.
A outra sorriu, abandonando a revistinha de quadrinhos na mesinha disposta ao seu lado.
— Meu nome é Anelise Pacheco. — Estendeu-lhe a mão, apertando suavemente a sua: — É um prazer te conhecer.
— Seren Silveira. — Ela apertou a mão de Anelise: — É um prazer te conhecer também.
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Com Amor, Jazz & Café {degustação}
Lãng mạnCONCLUÍDA / √ QUEBRE AS REGRAS: Seren Silveira detestava, com todas as suas forças, a vida que levava com os seus pais e a sua irmã mais nova, Pâmela Silveira, no Brasil. Detestava ainda mais a escola e contava cada segundo restante daquele último...