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Capítulo 1 - Desmoronando
A vida de Seren Silveira poderia ser comparada a um comercial de farinha de bolo ou talvez um de margarina.
Dentro daquela casa grande demais e que carregava um vazio central atordoante, ela era obrigada a conviver com a sua mãe, Joan Silveira, e com a sua irmã mais nova, Pâmella Silveira, que, parecendo assumir os papéis daquelas mulheres que sorriam falsamente com os seus dentes brancos e alinhados para a porra de um comercial, eram metidas, esnobes, egoístas e possuíam um alter ego tão inflado que poderiam, quando empinavam os narizes de moda a se achar superior aos outros e estufavam os seios, talvez, sair voando como um balão de gás élio.
Definitivamente, ela não se encaixava naquela casa. Todo aquele luxo excessivo fazia-a se sentir como um ET e ter que, em festas, ser obrigada a se portar como elas, era pior do que se alguém defecasse dentro da sua boca. Nojento, eu sei. Mas era verdade.
A única coisa que a entretia naquela casa era a enorme biblioteca que possuíam e que provinha de uma vasta quantidade de livros diversos. Seren amava permanecer naquela sala todos os dias das suas férias. Era o seu maior refugio. E os livros proporcionavam-lhe uma aventura diferente a cada novo exemplar, que a fazia viajar em sua própria mente, fazendo-a esquecer da realidade ridícula em que ela se encontrava e levando-a a novos lugares apenas com a força da sua mente ultra fértil.
O fato era de que, no meio de toda a hipocrisia daquelas mulheres, ela finalmente havia se livrado do colegial, por isso, tampouco se importou com a festa extravagante e desnecessária que as duas organizaram para si. Embora a festa fosse apenas para a família, as duas haviam feito dela uma festa grande. Seren odiou aquela situação. Odiou tanto que, dando qualquer desculpa esfarrapada, subiu para o segundo andar e adentrou o quarto da mãe.
Adentrou o seu quarto porque naquele momento o dela, que estava dividindo temporariamente com Pâmela – pois o seu se encontrava em reforma –, estava lotado de suas primas e filhas de amigos dos seus pais que conversavam animadamente sobre qualquer asneira insignificante para si.
Seren se surpreendeu ao ver o seu pai ainda ali dentro. Ele estava vasculhando a sua gaveta convulsivamente claramente a procura de algo e, quando finalmente achou, virou-se aliviado e tomou um pequeno susto ao notá-la ali.
— Querida... — Suspirou, para logo depois abrir um sorriso acolhedor: — Você me assustou. Está tudo bem?
Ela anuiu com a cabeça.
— Só preciso ficar um pouquinho sozinha.
Hugor Silveira, seu pai, concordou, em compreensão. Aproximou-se dela e beijou a sua testa em um ato fraternal. Se o gesto fosse feito pela sua mãe, sem dúvida, ela teria se afastado. No entanto, tratando-se de seu pai, Seren apenas fechou os olhos e deixou que ele a envolvesse em seus braços tão familiares e tranquilizantes.
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Com Amor, Jazz & Café {degustação}
RomansaCONCLUÍDA / √ QUEBRE AS REGRAS: Seren Silveira detestava, com todas as suas forças, a vida que levava com os seus pais e a sua irmã mais nova, Pâmela Silveira, no Brasil. Detestava ainda mais a escola e contava cada segundo restante daquele último...