Capítulo 4

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O que significa ser alguém?

Gabriel – Alec Benjamin


Uma vez não era...


Uma casa que há muito tempo fora esquecida. Metade havia sido construída, e a outra metade, esquecida por falta de verbas. Mas era comum ouvir as crianças falarem sobre o real motivo do abandono: a morte prematura do seu futuro dono.

Desde a sua morte, os trabalhadores começaram a presenciar atividades sobrenaturais no local. Alguns pedreiros se feriram seriamente e precisaram passar um bom tempo no hospital. Foi então que, por fim, resolveram abandonar a obra.

Mas uma certa porcentagem costumava dizer que tudo não passava de lendas criadas por alguns garotos que queriam chamar atenção. Havia também aqueles que juravam ter visto sombras de pessoas dentro da casa. E foi assim que o conflito se iniciou.

Para dar um fim à história da casa mal-assombrada, cinco garotos corajosos decidiram ir à casa logo após a meia-noite. Alguns disseram ser loucura, imploraram para não fazer, mas os outros estavam convencidos da ideia. Nada é mais teimoso que uma criança quando coloca algo na cabeça.

Todos deixaram suas casas na surdina e se encontraram no único poste que ali funcionava. Dois tentaram desistir, mas se você já estava ali, desistir era impossível. Os cincos, juntos, foram até a casa de ar assombroso, que arrepiou a todos.

Eles invadiram a residência em silêncio, caminhando lentamente, iluminando os cantos com as lanternas que haviam trazido consigo. No andar de baixo, nada encontraram, mas, no andar de cima, jazia o mal em pessoa.

Se a ignorância não sobressaísse na inteligência, talvez tivessem deixado a casa assim como alguns sugeriram. Mas a coragem se sobressaiu em quase todos, que subiram as escadas, ainda feitas somente de tijolos.

Após verem a cena, nada mais podiam fazer.

Tentaram correr, mas foram capturados pelos homens. Suas bocas foram amordaçadas, seus braços, presos por fitas, e foram jogados em um canto. A coragem já havia os abandonados. O medo transpirava por suas peles.

A casa que todos diziam ver sombras era habitada por homens depravados. Homens que iam para lá se drogar e praticar atividades ilícitas. O mal ali não era sobrenatural, era bem pior.

Todos os garotos tremeram, podiam enxergar o que viria a seguir nos olhos dos homens que os encaravam com aquelas expressões confusas... e diabólicas.

Quando o dia amanheceu, cinco crianças estavam desaparecidas. Ninguém nada disse. Até mesmo crianças vivem sob um código de sigilo entre si. Seus pais buscaram as autoridades, que de nada suspeitaram. Crianças estão sempre a fugir, a desaparecer e a se tornar apenas números na estatística de nosso pobre país.

Seus pais nunca souberam o paradeiro dos garotos, que foram brutalmente mortos, esquartejados e jogados para os animais famintos.

Mas seus espíritos passaram a habitar a casa, onde nunca houve nada, a não ser mentiras.


Era uma vez...Uma vez não eraWhere stories live. Discover now