Capítulo 5

4 0 0
                                    

Quem são os lobos na sua cabeça?

4 AM – Oliver The Kid


Uma vez não era...


Um garoto que havia sido abandonado por seu pai. O homem entregou o garoto a um casal de amigos de anos. Disse que à noite voltaria para pegá-lo... Mas nunca veio. O casal, sem opções, acolheu o menino.

Mas o pequeno parecia desconfortável com toda aquela situação. Passava o dia inteiro na janela, observando a rua onde os carros passavam, com a esperança de que um deles fosse do pai. Ele era calado, e ninguém poderia culpá-lo. Havia perdido a mãe em um incêndio na fazenda, e o pai se amigou pouco tempo depois com um homem.

O único namorado do pai que o pequeno gostou foi um homem amigável que precisava de emprego. Eles o encontraram no meio da estrada, pedindo carona. Foi a primeira pessoa que ele confiou, logo depois do pai. Mas, como sua mãe, o homem também se fora em uma noite qualquer. E ele nunca mais o viu.

O casal tentou se aproximar do garoto, que não confiou nos dois por nada.

Três meses depois, no meio da madrugada, o casal acordou com um telefonema do pai do menino. O homem pediu que o casal adotasse o pequeno, que fizessem tudo aquilo que ele nunca seria capaz de fazer. Mas o casal recusou a oferta. Não estavam preparados para criar um filho.

O pequeno ouviu toda a conversa e ficou contente. Em sua mente, ele tinha a esperança de rever o amado pai novamente.

Os meses passaram, e o casal foi se apegando ao garoto, que, aos poucos, se tornava íntimo dos dois. Quando o natal chegou, o casal por fim decidiu adotar o menino, que pareceu feliz com a ideia.

Mas, naquela noite de véspera de natal, um carro estacionou na porta da casa do casal. O garoto ficou contente ao ver o pai ali. Ele voltou para buscá-lo e, juntos, foram embora.

O garoto abria os presentes que o casal havia comprado para ele no banco detrás, enquanto o pai dirigia. Em certo momento, teve sono e deitou para dormir. Seu pai continuou dirigindo, sempre observando o garoto, que sorria como se estivesse tendo um sonho bom.

O pai mudou a rota, pegou uma estrada deserta e ali parou o carro. Abriu o porta-malas e pegou uma almofada, a usando para sufocar o garoto, que acordou aos sustos. Lutou bravamente, mas acabou morrendo.

O pai então largou o corpo frágil do menino na beira da estrada, naquela noite fria de natal. O pequeno ainda tinha o sorriso no rosto pálido, talvez estivesse sonhando coisas boas, sim, sonhando um sonho eterno.

O pai foi embora sem olhar para trás e desapareceu, como sempre costumava fazer.



Era uma vez...Uma vez não eraWhere stories live. Discover now