Capítulo 1

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Trancada no quarto, sozinha no canto escuro da parede chorando mais uma vez, rotina diária, vida monótona. Rodeada de pessoas, mas para mim é como se não houvesse ninguém.

Lágrimas escorrem pelo meu rosto como gritos de desespero pela escuridão da noite,angústia que me cerca, vazio no meu peito.

Tenho apenas dezessete anos, mas é como se eu estivesse com noventa anos deitada no leito de morte abandonado pelos filhos e sem ninguém a quem segurar a mão no último suspiro de vida.

Levanto-me, caminho em direção ao espelho e vejo alguém triste. Olhar carregado, semblante cansado,cabelos esvoaçados,é realmente assustador.

Viro para a janela e sigo,vejo através do vidro as luzes da cidade de Strwet acesas e penso no que me espera lá fora, não me encaixo em nada.

Caminho novamente em direção ao espelho, olho para mim e tento me reconhecer,acendo as luzes do quarto, procuro um pente na pequena penteadeira de madeira, começo a pentear meus longos cabelos,procuro um "tic-tac" no porta jóias e prendo-os.

Já não estou mais chorando, estou alegre agora, como já havia dito; o choro me alivia. Boca seca, garganta áspera,enchugo as lágrimas, olho para o relógio e são exatamente 19h e 20min.

Pego minha linda toalha preta bordada e me dirijo ao banheiro,passo pelo corredor e quando chego admiro-me, não me recordava que o banheiro era tão pequeno.

-Aparentemente um cubículo com
com pia,chuveiro, e sanitário_ Digo para mim mesmo e sorrio.

A água percorre meu corpo como purificante para a alma, sinto-me mais leve e livre,é como se a água que escorre sob mim apagasse todo o meu sofrimento.

Depois de um demorado e prazeroso banho volto para meu quarto,abro as portas do meu guarda-roupas e procuro algo confortável, visto uma camiseta regata cinza, e um shortinho de tecido listrado.

Estou realmente horrível, nada atraente, mas perfeita pra uma noite a sós comigo mesma.

Pego meu Mp3 e meu fone de ouvidos, coloco "sing" de Ed Sheeram pra tocar e me jogo na cama. Viajo na letra das músicas por horas, quando percebo ja são 20h e 30min.

Ouço batidas na porta, tiro os fones de ouvidos e ouço;

-Medly ? Está aí?
-Não vai descer para o jantar ?
- Oi mãe, estou descansando _Digo em voz calma.
- Fiz seu prato predileto_Ela responde com um sorriso simpático.
- Tá bom me convenceu,desço já.
-Na verdade,minha fome me convenceu!!_Reviro os olhos e desço escada abaixo.

Chego na cozinha avisto a mesa de vidro redonda e logo me sento ,meu pai esta sentado do outro lado ainda de uniforme. A comida está muito apetitosa, chaga a dar água na boca. Observo a cozinha e percebo que minha mãe mudou os móveis de lugar.

-Ficou melhor assim_Falei.
-O que ?_Perguntou ela sem entender nada.
-A cozinha_explico.
-Ah sim,quis mudar porque assim fica mais espaçosa.
-Hum_Respondo sem interesse algum na conversa tediosa que estava surgindo.

Olho de novo para o meu pai que esta comendo.
-Que nojo tenho dele_ pensei.Sinto meu rosto esmaecer.
Respiro fundo, solto o ar dos meus pulmões, mudo a música e finjo que nada aconteceu.

-Ouvindo música na hora do jantar?
é falta de educação, você sabe_Diz ele.
-Não te interessa_Respondo irritada.
-Medly, já disse que tem que respeitar seu pai!_interrompe minha mãe.
-Tenho mesmo ? Será? Esse cara não merece meu respeito e ele sabe disso_sinto um nó na garganta ao dizer.
-Medly,não sei por que age assim comigo filha,sou seu pai_ Diz ele com cara de cachorro que caiu da mudança.
-Não sabe ? Deixa de ser cínico, você não é meu pai é apenas um idiota que me colocou na droga desse mundo.
- Chega! Grita minha mãe.
Será que todos os dias vai ser a mesma coisa ?

Deixo a comida no prato e saio irritada. Corro pelas escadas, entro no meu quarto e bato a porta com força.
A raiva me invade e tenho vontade de morrer.

-Calma Madly,Calma_Repito a mim mesma.

Conto de um a dez. Expira, inspira,expira, inspira. Faço repetidas vezes na intenção de que isso me acalme.

Sinto a raiva se esvair,desaparecer como uma nuvem cinza no céu, e logo a tristeza vem me consumir novamente,lembro de tudo que me faz mal, de todos os motivos que tenho para chorar, de todas as coisas que me fizeram tornar-se essa garota tão deprimente e melancólica.

Motivos aos quais ninguém entende,motivos que as pessoas desconhecem,simplesmente motivos.

Claro que motivo algum é motivo o suficiente para alguém se tornar a tristeza em pessoa,um ser quase depressivo.

Ainda com vontade de chorar,sinto meus olhos se encherem de água, frágil, sensível, e sentimentalista.

Ouço vozes, vou até a porta e tento capitar a conversa, estão tendo uma DR.

- O que você fez pra essa menina te odiar assim, Francisco ?
- Eu ? Não fiz nada, sabe bem que ela é assim, só pode ser a aborrescência,digo, adolescência.
- Não importa. Acho bom você se resolver com sua filha!
- Adianta tentar ?
- Não sei, porém ela precisa no mínimo ter respeito por você.

Saio de trás da porta, não quero mais ouvir nada do que dizem. Afinal eu sou sempre a adolescente revoltada.
Se minha mãe soubesse os motivos que eu tenho para odia-lo!
Quanto a ele, bom ele mente tão bem e é tão repugnante, ele poderia estar nos cinemas de Hollywood, atuar é o que faz de melhor.

Meu pai vive atrás de uma máscara que, esconde toda a monstruosidade que ele realmente é.
O que me deixa mais triste é saber que, geralmente o laço de pai e filho é sinônimo de amor, bom, não é o meu caso.

Sinto o meu peito se partir,como se meu coração fosse começar a jorrar sangue ali mesmo.
Seria um sonho ?
Penso em me multilar na esperança de esvaziar minha raiva e minha angústia.

-NÃO ! O que eu estou pensando ?
Chacoalho minha cabeça a fim de expulsar meus pensamentos toscos.
Sei bem que nada mudaria, apenas seria a mesma garota porém com os braços cortados.

Caminho até minha cama, sento no chão, apoio os braços e cabeça no colchão.
La vem ele de novo, o choro.
A lagrimas escorrem pelo meu rosto como gritos de despero.

Penso no meu futuro.
- Como será ? Eu vou conseguir superar ? Vou deixar de ser assim ?.
Eu anseio que sim, seria horrivel fracassar a vida toda, todo dia uma frustração.

Falo com Deus, pergunto o por que de todas as coisas.
Me derramo em lágrimas e peço; - Por tudo que há de mais sagrado, ME AJUDA?!

Sinto no mesmo instante um alívio, uma sensação de bem estar.
E vejo saltitante a felicidade de novo ao meu encontro, abraço ela, ficamos juntinhas.

(OI, AINDA ESTOU ESCREVENDO A HISTÓRIA POUCO A POUCO, DEPOIS TEM MAIS.)

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⏰ Última atualização: Aug 19, 2023 ⏰

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