II - Salvação

134 45 3
                                    

Era um dia comum, fazendo coisas normais do dia-a-dia até que as questões espirituais batem na minha porta novamente.

Em virtude de tantas reflexões, decidi fazer algo que nunca pensei que faria uma vez sequer em minha vida.

Eu fui à igreja.

Haha... imagine só... eu indo à igreja.

...

10 de Outubro de 2012

NA IGREJA

Estou andando em círculos, com um pouco de ansiedade. Estou ouvindo e prestando atenção, embora eufórico.

— A virtude vem da prática, meu jovem. — diz o Padre que está tendo uma conversa comigo.

Decidi ir à igreja justamente para ter esse tipo de conversa de alto nível com os servos do Senhor. Eles dedicaram suas vidas para aprenderem a reagir à pessoas como eu, então nada mais sensato do que vir aqui.

— Nunca precisei das virtudes para nada na minha vida. Elas não fazem as pessoas gostarem mais de mim por isso. — eu respondo, ainda caminhando pra lá e pra cá.

— As virtudes são para si, não para os outros. — o Padre continua explicando, rebatendo minhas colocações. — Sua vida intelectual só poderá começar se ao mesmo tempo começar a prática das virtudes.

O Padre é formado em filosofia e teologia pela universidade católica. É de fato um grande pensador, cheio de sabedoria – e é exatamente por isso que estou aqui diante dele.

O Padre está parado me observando andar feito uma barata tonta. Ele afirma:
— Seu ego é mesmo tão inflado como você diz ser. No entanto, você teve a humildade de vir aqui até mim e pedir por conselhos.

Eu paro de andar e fico parado de uma vez. Gostei de ouvir isso. Significa que existe uma mudança vindo de dentro pra fora, e que nem percebi essa mudança.

Eu sendo humilde?

Começar uma vida intelectual não é tão simples quanto estalar os dedos. É necessário ser sincero consigo mesmo e verdadeiro mediante a busca pelo conhecimento.

— Você não vai mais conseguir voltar a ter sua vida de antes, meu jovem. Você só vai preencher teu vazio em algo maior do que você. — afirma o Padre, que abriu um sorriso de canto.

— Obrigado, Padre Tomás. Mas não adianta vir com esse papo de conversão. Não quero decepcionar Deus mais do que já decepciono todos os dias, porque se for pra servir a Cristo, que seja de uma vez. Não quero assumir um compromisso com Deus e continuar viver do jeito que vivo. — eu digo, indo embora, sem dar a oportunidade do Padre responder.

Já ouvi o bastante por hoje!

Não acho justo tentar enganar Deus ou tentar enganar a mim mesmo com isso. Vou deixar as coisas caminharem a seu rumo, e se um dia eu achar que devo me converter, assim o farei.

O complicado é que só consigo aprender com o Padre Tomás. Não adianta eu conversar com um leigo católico ou um filho de pastor evangélico. Me converter só porque um crente me obrigou a me converter me parece algo insensato e falso. Se a conversão não for espontânea, de quê ela vale?

O Nephilim - ApocalipseOnde histórias criam vida. Descubra agora