Christmas Gift

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“Feliz, feliz Natal, que nos traz de volta as ilusões da infância, recorda ao idoso os prazeres da juventude e transporta o viajante de volta à própria lareira e à tranquilidade do seu lar.”
– Charles Dickens.

Recomendação: iniciar o play de música quando aparecer a cena específica e o aviso.

Faltavam algumas horas para a tão sonhada ceia natalina e como de costume toda a família estaria reunida na sala de estar, inclusive a irmã que Mike não falava há pelo menos 5 anos. O astro estava sozinho em seu quarto quando uma batida frenética em sua porta ecoou por todo o recinto. Ele soltou um quase inaudível "pode entrar" ainda de olhos fechados e sonolento em meio aos seus lençóis caros e travesseiros de plumas. De repente uma voz familiar chamou seu nome, fazendo com que todo seu corpo ficasse em alerta, acordando-o de uma vez para ter certeza de que aquilo não era apenas um sonho.

— ... O que você está fazendo aqui? — ele observou a figura ainda incrédulo com sua presença.

— Precisamos conversar, não dá mais para evitar esse assunto e você sabe disso. — a luz fraca brilhou por toda a extensão do rosto da pessoa até então misteriosa nas sombras...

[...]

1 semana antes...

O papo entre Jessica e sua filha não tinha acabado bem naquela semana, elas ignoraram a presença uma da outra durante vários dias até que Gwen teve a iniciativa de iniciar uma conversa que se resumia em "me passa a manteiga" "obrigada" Jessica achava estranho toda aquela situação, não queria jogar na cara de sua filha o quanto eu havia perdido, talvez o dobro da dor que sua filha injustamente quis colocar em uma balança. A mulher suspirou fundo e bebeu seu café olhando de soslaio para a loira devorando seus waffles.

— Tem algo que eu gostaria de contar... — Jess colocou a xícara com cuidado em cima da mesa. — Acho que não te contei tudo, sabe?

Gwen parou no ar o waffle que iria pôr na boca e suspirou fundo ainda de pijamas.

— Achei que já tivesse me contado o suficiente, mamãe — a palavra soou mais como uma ofensa do que um jeito carinhoso.

Jessica suspirou fundo novamente disposta a ignorar e prosseguir com o assunto.

— Eu sei que você acha que eu sou uma pessoa fraca ou algo do tipo. Alguém que se afunda no álcool e esquece de cuidar da própria filha. — ela fez uma pausa para impedir que sua garganta se feche completamente impedindo-a de prosseguir. — ... Mas é que na última vez que vimos o seu pai, bem, eu tinha contado que estava grávida do nosso segundo filho... Bem, você ia ter um irmão ou irmã, Gwen. Infelizmente, com a morte do seu pai eu não consegui evitar, resistir. Era como uma dor que eu não conseguia me livrar, algo que me matava por dentro e me consumia cada vez mais, então eu fui a um bar próximo e tomei apenas uma dose, logo após o funeral do seu pai. Juntamente com um de nossos amigos, até a lembrança nos fez chorar e chorar até que eu não consegui mais parar, saí do limite e bebi de forma exagerada, acabei tendo um coma alcoólico, logo após desmaiar no chão daquele bar sujo. Quando eu acordei, estava no hospital, os médicos não acreditaram que eu conseguiria acordar e logo então veio a notícia ruim. Eu havia perdido meu bebê naquela noite. Desde então, eu me sinto culpada todos os dias, me sinto incapaz, insuficiente, como se toda a culpa do mundo fosse minha. Eu sei que é mas... — Jessica parou parou rapidamente a sua história deixando as lágrimas rolarem sem conter a enxurrada de medo e culpa.

Gwen ficou perplexa e demorou alguns segundos para absorver cada fibra de informação que havia acabado de receber. Agora entendia um pouco o motivo de sua mãe ser tão infeliz e sempre parecer estar no fundo do poço. Bem, pelo menos até um mês atrás, agora ela parece saudável, melhor do que Gwen costumava conhecer. Observou inerte a sua mãe chorar e tentou em vão não fazer o mesmo mas quando percebeu as duas já estavam abraçadas em meio às lágrimas e mágoas passadas.

Unlikey Couple H.S | INCOMPLETAOnde histórias criam vida. Descubra agora