Capítulo Nove - Fragilidade

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Quando somos crianças nada parece impossível. Com certeza você já pensou que pensamentos alegres e um pouco de pó de fada fariam você subir, flutuar, voar sempre reto em direção a ... esqueci o resto. Terceira estrela até o nascer do sol? Ou seria a primeira? Nunca fui boa com direções. Se não fosse o GPS do meu carro provavelmente não acharia nem a padaria da esquina. Com certeza um GPS faria essa linha de pensamento voltar ao caminho original.

Mágica. Para uma Tara de sete anos, mágica era tão real quanto o ar. Eu vivia com um lobo e com uma necromante. Eu não precisava de fé para acreditar em magia, eu tinha provas.

Eu me lembro de como todas as manhãs Stella saía da casa e ficava parada de pé na frente da nossa casa esperando o sol nascer. Eu costumava ficar na janela olhando enquanto a luz nascia e observando o que ela fazia. Seus braços ficavam caídos aos seus lados, suas mãos espalmadas enquanto seus dedos se mexiam, se alongavam. Seus olhos ficavam fechados e conforme o sol surgia por trás das montanhas, ela respirava fundo, sorria e movia os lábios formando palavras que eu não conseguia escutar.

Eu sempre fui uma criança desprovida de paciência e muito bem servida de curiosidade. Sendo assim, uma dessas vezes eu pedi pra que ela me explicasse o que ela fazia ali e ela me convidou pra assistir o sol com ela.

"Não é algo que pode ser explicado." Ela falou pegando minha mão e se abaixando na minha frente até nossos rostos ficarem na mesma altura. "Não com palavras."

Naquela manhã ela me levou junto com ela e ficamos esperando. Meu pe não parava de bater, eu estava ansiosa para o que veria. Lentamente, o sol começou a aparecer no horizonte. A luz banhando tudo que tocava e era lindo. Eu achava que havia entendido o que Stella via até olhar pra ela e ver a expressão que ela tinha no rosto.

"Mãmãe?" Eu chamei sua atenção, seus olhos estavam cheios de lágrimas não derramadas. "Por que está triste?"

"Oh, Tara." Ela falou se abaixando na minha frente. "Você não consegue sentir?"

Eu sentia muitas coisas, o vento nos meus braços, o calor do sol no meu rosto, mas nenhuma dessas coisas me fazia sentir como ela estava sentindo. Então eu apenas sacudi a cabeça sem entender o que tinha feito ela chorar.

Sorrindo ela passou as costas da mão afastando as lágrimas e colocou meu rosto entre suas mãos.

"Respire." Ela falou quase sussurrando. "Eu vou mostrar pra você, mas prometa que vai ser nosso segredo, ok?"

Eu disse sim mexendo minha cabeça e ela deslizou as pontas dos polegares sobre minha testa. O movimento era simples, mas eu senti ela abrindo alguma coisa na minha mente quando fez aqui. Por um instante eu achei que era só aquilo. Ou talvez o problema fosse comigo. Mas então eu senti.

Ela estava certa quando falou que não se pode explicar. Meu vocabulário de sete anos com certeza não estava equipado o bastante para poder descrever o que senti naquela manhã. Não havia adjetivos suficientes para explicar. Eu podia dizer, simplificadamente, que era como estar no centro de um tornado. Mas como eu nunca estive no centro de um tornado. E essa sensação de estar imóvel enquanto o mundo ao meu redor girava incontrolavelmente era exatamente o que eu estava sentindo agora.

"ME RESPONDA!" O som da voz do William era como o som do trovão nos meus ouvidos.

Seu corpo estava curvado pra frente, ameaçador como uma besta selvagem, como o lobo alfa que ele era. Aquele era a primeira vez que eu via ele assim e era quase impossível não me acovardar com o som da voz dele.

Eu fechei meus olhos e o som do punho dele conectando com o rosto do Oscar ecoou pela sala. Quando eu abri os olhos Oscar estava de joelhos e cuspia sangue no chão.

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⏰ Última atualização: Dec 19, 2017 ⏰

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Tara Wilkes e o Lobo MauOnde histórias criam vida. Descubra agora