— Elas ainda tem essa barraca? — perguntei.
— Elas alternam por vários parques, já passaram por quase todos. — disse ela.
— Me dê o nome dos parques que elas já passaram. — pedi.
A moça entrou em casa, e me convidou para entrar também. Anotou os nomes numa folha em branco, e me deu. Percebi que ela tinha um computador, e pedi para usá-lo.
Sinceramente, não lembro muito como se mexe nisso. Mas tentarei. A tecnologia não me faz falta em Northmoss.
Os seres humanos se limitam de mais.
Pesquisei a lista de parques da cidade, e comparei com os nomes da lista. Elas passaram por todos os parques, exceto um: Brovelly Park.
Não ficava muito longe dali, então fui andando e sem demora, cheguei lá.
A montanha russa do parque era fascinante, inclusive senti saudades desse mundo ao vê-la. Faz tanto tempo que não venho num desses, meu coração doeu um pouco ao lembrar de tudo isso, e saber que essa não é mais minha realidade. O mundo humano tem muita coisa boa, mas também muitas coisas ruins.
Procurei por girassóis azuis, e não demorou muito para que eu achasse-os. E lá estava: Quara e Druella. Usando vestes normais, diferente dos vestidos extravagantes que elas usavam em Northmoss. Estão irreconhecíveis.
Fui andando discretamente e me aproximando delas, evitando ser vista, afinal, elas me reconheceriam imediatamente.
Elas estavam distraídas olhando para duas crianças na fila da montanha russa, e estavam sorrido para elas, tentando atraí-las. Então me aproximar foi fácil, dado a distração delas.
Logo, eu estava em sua frente.
— Sentiram saudades? — falei, chamando atenção delas.
Elas imediatamente se viraram, e arregalaram os olhos, uma expressão clara de medo.
Elas estavam se levantando da cadeira para tentar correr, mas peguei na gola da camisa das duas.
— Não tentem fugir. Eu poderia gritar que vocês são as sequestradoras e todo mundo iria espancar vocês aqui mesmo. — falei.
— Você conseguiu o que queria. Seu reino livre de nós, o que quer agora, macaca de circo? — disse Quara, irônica como sempre.
— Eu quero o planeta Terra livre de vocês duas, não apenas Northmoss. — Peguei no cabelo delas, e arrastei-as para fora do parque.
Fui andando em direção a floresta com elas, ainda segurando elas pelo cabelo.
As pessoas olhavam de forma estranha, desconfiadas. Mas antes segurar o cabelo do que soltar fogo nelas ali mesmo.
Cheguei a floresta, e larguei-as no chão.
— Agora digam porque estão fazendo isso. — ordenei.
— Por que faríamos isso? — questionou Druella
— Porque eu posso matar vocês sem piscar os olhos. Não brinquem comigo. — alertei. — Lembre-se, essa foi uma ordem, não um pedido.
— Você não pode demonstrar seus poderes aqui, alguém pode ver. — disse Quara.
— Mesmo que alguém veja, e esse alguém fale para alguém, quem iria acreditar nisso? Seja sensata. — falei.
— Tá bom. — disse Quara. — Contarei.
Druella interrompeu.
— Mãe, não conte! — pediu Druella.
— Estou zelando pela nossa vida. — disse Quara. — Nós passamos todos esses anos tentando voltar para Northmoss, e claro, sem êxito. Mas um homem disse ser capaz de nos levar para lá, ele pode entrar sem ser visto, e sem abrir o portal, nós vimos. Ele parou entre a arvore e a rosa, e entrou em Northmoss sem que o portal aparecesse. Ele simplesmente sumiu. — contou ela.
Isso é impossível, eu acho.
Nunca soube de outras raças capazes de entrar lá. Apenas os elementais, e os curandeiros. As pessoas nulas de poderes nasceram em Northmoss, e tem sangue mágico, apesar de não ter poderes.
— Ele é elemental ou curandeiro? — perguntei.
— Não. Ele se diz um feitiçeiro, e afirma querer vingança. — contou Quara.
— Ok. Quero saber das crianças, onde estão? — perguntei.
— Não estão mortas ainda. O feitiçeiro ordenou que a gente matasse elas na noite de natal. — afirmou ela. — Estão em um galpão numa casa vermelha, que fica nessa floresta. Posso te levar lá, mas o feitiçeiro deve estar lá.
— Leve-me. — ordenei.
Feitiçeiros… Ninguém nunca citou nada sobre eles, sempre achei que fossem seres apenas de livros e filmes. Será que este homem é mesmo um feitiçeiro?
No caminho, fiquei calada o tempo todo. E logo fui capaz de avistar a casa vermelha.
— Não vamos entrar. Ele vai nos matar. — afirmou Druella.
— E se isso for uma armadilha? — perguntei.
— Ok. Eu entrarei junto. — afirmou Quara.
Eu e Quara entramos no galpão, haviam cerca de quinze crianças lá. Sujas, suando. Todas amontoadas.
— Estou aqui para salvar vocês. — afirmei.
Guiei as crianças para fora do galpão.
Estávamos indo embora, mas fomos supreendidos.
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Resgate
Short StoryApós ser expulsa de Northmoss, um reino mágico, Quara e Druella só pensam em voltar para lá, custe o que custar. Elas vêem a chance de voltar através de um feitiçeiro, mas ele tem um preço: Sequestrar crianças de suas famílias. O Natal dessas famí...