O JOELHO RALADO E A VIDA

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Bom, uns 2 meses atrás, aconteceu uma coisa muito engraçada comigo ( engraçada e triste também, vamos assumir isso ). Todo mundo tem umas fases mais complicadas da vida e nessa semana, não estava passando por uma fase muito boa, eram muitas coisas que estavam acontecendo ao mesmo tempo, não necessariamente ruins, mas GRANDES, e eu estava um pouco assustada, estava sem ter uma noção de qual direção tomar, então eu estava meio confusa em relação ao que estava acontecendo na minha vida. Eu estava no meio de umas crises, estava acumulando um monte de coisa dentro de mim e não conseguia parar pra analisar o que estava acontecendo e simplesmente descarregar as coisas dos meus ombros. Existem dias de sol e dias nublados, justamente pra gente entender que nem todos os nossos dias são felizes, nem todos os dias a gente precisa estar sorrindo e nem todos os dias a gente precisa estar de bom humor. Então, lá estava eu, na minha bad assumida, voltando da escola..nesse dia eu estava até um pouco animada porque tinha ido tudo bem na escola, peguei meu celular, tirei algumas fotos do parque e eu estava "ok, a vida vai melhorar", até que eu estava com um sapato um pouco liso na sola e eu escorreguei e caí com tudo na calçada, e foi com tudo mesmo ! Eu realmente me esfolei, esfolei a mão, esfolei o joelho, enfim...Naquele momento, as coisas dos meus ombros só desceram junto comigo, caíram junto comigo, tudo desabou em mim. Então eu pensei, bom, já que eu estou no chão, eu vou ficar aqui 5 minutinhos chorando minhas mágoas, e foi realmente o que eu fiz, eu fiquei encolhida na calçada igual um bebê e comecei a chorar sem saber exatamente por que, mas eu precisava muito chorar. E eu estava naquele momento "eu só quero que tudo pare, que o mundo pare, que os meus problemas acabem". Depois de uns 5 minutos, eu levantei, encarei a vida de novo e pensei "ok, vamos lá", "tenho que voltar pra casa". Quando eu levantei, olhei pro lado e vi que tinha um homem parado no ponto de ônibus de braços cruzados e me olhando. Aí naquela hora, aconteceu mais uma onda de "meu, eu não acredito". Eu quase gritei pra ele "nem pra perguntar se eu estou bem né ?', aí naquela hora, foi meio que mais um tapa da vida na minha cara de "bom, você caiu, você chorou, você precisava disso porque você precisava chorar as mágoas que estavam te atormentando" e as pessoas estavam vendo isso, a vida estava observando isso, mas ninguém vai te ajudar porque você tem que passar pelos seus problemas sozinha e essa é a verdade. Mas enfim, o ponto que eu quero chegar aqui, é que ás vezes a gente precisa dessa mini pausa pra sofrer e pra passar pela fase que a gente está passando. A gente precisa sofrer quando é necessário, poxa, eu estava alí lidando com umas coisas muito pesadas pra mim, eu estava muito sobrecarregada com questões que eu não conseguia resolver porque muitas pessoas estavam envolvidas nessas questões também e nem tudo depende de mim. A única coisa que podia fazer naquele momento, era cair no chão da calçada e chorar, e a gente precisa disso de verdade, é necessário ! Talvez não literalmente caindo na calçada, mas é bom sofrer, aceitar seus sentimentos, passar pela fase e entender que "bom, hoje as coisas não estão legais", "amanhã elas podem melhorar". Bom, depois de tudo isso acontecer, depois de eu esfolar o meu joelho e uma calçada aleatória de São Bernardo do Campo, eu fiz um desenho, um desenho que representa muito bem o que eu estava passando, que é entender que ás vezes a gente tem dias extremos, ás vezes a gente tem dias muito bons em que a gente se sente livre, que existem flores ao nosso redor e que as coisas são muito positivas, muito agradáveis, mas existem coisas abaixo disso, coisas muito pesadas, coisas que talvez nem a gente consiga enxergar exatamente e muito menos outras pessoas, e está tudo bem ! Está tudo bem ser assim ! As pessoas realmente são assim, todos nós somos ! Ninguém conhece a gente 100% e nem mesmo a gente se conhece 100% e está tudo bem, não tem problema ! É um processo, a gente vai descobrindo novas coisas sobre si mesmo, vai trocando de opiniões, vai trocando de ideias e vai aceitando as nossas dores, os nossos sofrimentos e entendendo aquilo que a gente não pode resolver sobre a nossa vida. Então esse desenho que eu fiz, é um reflexo do que eu estava passando, existe uma parte muito boa, leve e tranquila, uma Júlia muito leve, muito de boa com a vida, muito esforçada e muito feliz, mas também existe uma Júlia que é pesada, que ás vezes quer cair no chão e quer chorar pra caramba em uma calçada porque a vida não é fácil, todo mundo tem esse lado mais pesado, mais difícil de lidar, tem seus problemas, as coisas complicadas da vida e algumas coisas que outras pessoas não vêem, mas ao mesmo tempo a gente tem esse lado leve, suave, de bem com a vida, que é otimista, que acredita nas coisas e que vai fazer a gente levantar da cama e seguir em frente mesmo.

I Found MyselfWhere stories live. Discover now