II - A MINHA PRIMEIRA RUÍNA

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Os meus pais não chegaram a se casar, mas planejavam isso após o meu nascimento. A minha avó materna desejava que a cerimônia acontecesse antes que a gravidez se tornasse visível, mas o meu avô discordava em tudo, até mesmo daquela união, nem tanto pela idade de Jiraya, pois, naquela época era comum relacionamentos com dez, quinze ou vinte anos de diferença, mas, por aquele ninja ser um homem vadio, que vivia em longas viagens se "divertindo" e fazendo "pesquisas" para o seu famoso livro pervertido.

Porém, ele realizou uma dessas viagens e se passaram meses. A minha mãe lhe esperou por todo esse tempo, triste pelo fim da gravidez que se aproximava e por não ter o seu amado por perto. Ela sempre olhava pela janela, um tanto solitária, mesmo na presença de seus pais até sentir a dor das primeiras contrações.

A minha mãe estava dando à luz naquela noite, foi chamada duas parteiras, as melhores da vila, mas houve complicações. Uma hemorragia se formou, a sua pressão alterou-se subitamente e os seus olhos estavam perdendo aquele brilho cintilante. Segundo umas daquelas velhas senhoras que conduziam o seu parto, ela estava delirando, falando que via imagens distorcidas e animais imaginários e principalmente de um rato azul. Ocasionalmente, ela gritava desesperadamente a cada contração e por fim, eu nasci, chorando sob a fina luz lunar que adentrava através da janela. As minhas características se assemelhavam as de minha mãe. Cabelos negros e aqueles mesmos olhos verdes marcantes. Recebi o nome de Hikaru, que significa "Brilho".

A minha mãe sorriu, mesmo pálida e exausta, porém, nem chegou a me segurar ou me olhar com clareza. A sua visão tornava-se turva gradativamente e aos poucos o seu corpo foi desfalecendo até a vida lhe abandonar. Ela morreu aquela noite, na presença de seus pais adotivos e das parteiras, ao som do meu choro angustiante.

Recebi o sobrenome "Uchiha", já que o meu pai se tornou ausente onde minha mãe e ele nem chegaram a se casar. Após um ano, O grande sábio regressou a Konoha, ainda ciente sobre sua responsabilidade para com minha mãe, foi visitar a casa de meus avós, na tentativa de honrar seu compromisso. Chegando lá, se deparou com a notícia devastadora, era percebível nos olhos tristes do casal, tanto a tristeza como o desprezo para aquele homem.

— Me perdoe. — Meu pai disse cabisbaixo, ainda pensativo sobre os seus atos.

O ninja ainda estava do lado oposto da porta, ao lado de fora na varanda da casa. Fitava as faces aturdidas dos meus avós e tentava ler as expressões daqueles dois, mas o desgosto estava estampado naquelas faces.

— Não o queremos aqui! Vá embora! — A minha avó exclamou entre lágrimas.

— O que você fez a nossa filha foi imperdoável. — O meu avô falou — Não queremos que faça mal a nossa neta.

Meu pai olhou emocionado. Foi naquele momento que soube de meu nascimento e que eu era uma menina, porém, se encontrava em uma péssima situação.

— Ao menos eu posso visitar a minha filha? — O meu pai perguntou esperançoso.

Os olhares dos dois Uchiha's se fecharam. Talvez Jiraya, um dos grandes sannins lendários não houvesse entendido. Ele estava proibido de chegar perto de mim, de me tocar ou de se pronunciar como meu pai. Nunca me veria, ou me conheceria, poderia me reconhecer nas ruas através de meus olhos marcantes, mas não poderia falar comigo. Por mais que fosse algo doloroso e injusto, o meu pai concordou, afinal, era o culpado por toda desgraça naquela família.

O meu pai não era o tipo de homem que se prendia em relacionamentos, mas com minha mãe foi diferente, ele realmente gostava dela, porém não deixaria a sua vida vadia. Era como se, suas "pesquisas" fossem mais importantes que estar ao lado de minha mãe. Naquele instante ele se sentiu um verdadeiro traste, abusou da inocência da minha mãe, lhe gerando uma criança e por final foi embora lhe causando uma falsa ilusão de casamento, sabendo ele, que nunca se casaria, mesmo que fosse com a mulher mais perfeita de todo aquele mundo.

Ele foi embora, carregando uma terrível angústia em seu coração. Não seria mais capaz de amar um outro alguém, ele agora era só amargura e arrependimento. Após alguns meses, ele deixou Konoha mais uma vez, pretendia seguir os movimentos de seu antigo colega de equipe Ochimaru e de uma possível organização que o mesmo havia se unido. Com isso, ele sumiu por anos, mesmo ainda sendo fiel a aldeia.

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Uma Uchiha - Série Sob KonohaOnde histórias criam vida. Descubra agora