I - A CRIANÇA ABANDONADA

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            Eu nunca soube direito a minha origem. Eu sempre fui uma criança estranha para todos, apesar de possuir longos cabelos negros que era uma das características dos Uchiha's, os meus olhos diferenciavam a ponto de até mesmo chamar a atenção. Possuíam uma cor verde cintilante, que as vezes brilhavam no escuro, chegava a ser aterrorizante às pessoas que não me conheciam. Essa minha peculiaridade dificultava até mesmo durante os Henge no jutso — Jutso de transformação —, era necessário eu sempre estar usando um par de óculos escuro durante as missões de espionagem.

A minha mãe se chamava Hitomi, nome em homenagem aos seus olhos. Ela foi encontrada em uma estrada deserta, ainda com o cordão umbilical. Era uma noite chuvosa, a pequena, estava enrolada com vários tecidos velhos, deitada abaixo de uma árvore, sendo protegida da chuva através da densa folhagem que formava uma espécie de cabana. O choro desesperado daquela criança, chamou a atenção de um grupo de viajantes que passavam por ali. Eram ninjas de Konoha, em particular, o mais velho deles que liderava a missão. O homem a encontrou e se encantou por aqueles olhos verdes cintilantes.

A levou para casa, apesar de ser casado, não pôde gerar herdeiros por um problema de saúde de sua esposa. Aquela pequena menina foi uma dádiva em sua vida, porém, no início foi um tanto complicado para todo o seu clã aceitar a criança, pois, eles pertenciam aos Uchiha's, não poderiam de forma alguma adotar um membro que não possuísse o sangue no clã. Exigiram que entregasse aquela criança a uma outra família na aldeia ou deixasse sob os cuidados do Hokage, porém, aquele homem recusou todas as tentativas de "ajuda", mesmo contrariando o seu povo, ele passou a ser o pai da menina dando o seu sobrenome a ela.

A minha mãe cresceu naquele ambiente, um tanto hostil para ela. Claro, a sua família era bastante amorosa, mas os demais naquela vila a desprezavam. Diziam que ela era algum tipo de demônio encarnado, simplesmente por olharem diretamente em seus olhos verdes. Por medo, ela não quis seguir a carreira ninja, mas o seu medo não era das batalhas ou dos treinos e sim, das pessoas que a julgavam tanto.

Hitomi passava a maior parte do tempo em casa, ajudando a sua mãe, de vez em quando as duas saíam para fazer compras, passando por amontados de pessoas e visitando lojas e tendas dos feirantes. Por causa de seus olhos, ela acabava chamando bastante a atenção e ela corava com tudo aquilo, por ser bastante tímida.

Uma tenda de fitas e acessórios femininos chama a sua atenção. Ela apreciava a mercadoria, olhando em um pequeno espelho a cor de fita que combinava mais para a sua pele. Apesar de possuir cabelos curtos e quase não os prendê-los, adorava comprar aquelas coisas, mesmo que nunca as usassem. Ela pediu a mercadora uma fita verde na caixa, a velha lhe entregou com um sorriso. Hitomi ajeitou alguns fios de cabelo por trás de sua orelha e levou a fita até a altura de sua testa. Apreciava a sua imagem no espelho, fitando a cor de seus olhos contracenando com a peça de cetim.

— Combina com seus olhos.

Hitomi deixou a fita cair distraidamente ao escutar aquela voz e ver no reflexo no espelho a quem pertencia. Na verdade, ele não conhecia aquele sujeito. Era um homem de cabeleira branca, usava um protetor de testa e duas linhas vermelhas partiam de seus olhos terminando na clavícula. Ele abaixou-se para pegar a fita que a minha mãe havia deixado cair, porém, ela correu fugindo desesperadamente daquele sujeito. Tentou procurar por sua mãe, mas não a avistava em nenhum lugar.

Parou ofegante ao chegar em uma praça. Tentou descansar abaixo de uma sombra de uma árvore e recuperar o fôlego, porém, alguém surge ao seu lado subitamente. Ela grita e tenta fugir, mas o sujeito a segura pelo pulso.

— Calma, eu não vou te machucar. — Ele fala, demonstrando uma certa calma.

Ela olha para ele, ainda amedrontada. Era o mesmo homem da tenda há poucos minutos. Como ele havia chegado ali tão rápido? Ela não quis questionar, só queria apenas que ele a deixasse em paz.

— Uma moça tão linda não deveria sentir tanto medo.

Ele percebia os olhos chorosos dela. Suspirou seriamente.

— Por favor senhor, me solte! — Ela pediu com uma voz trêmula.

— Ah! Por favor! — Ele indagou — Me chame de Jiraya. Não sou tão velho.

Ela assentiu positivamente com a cabeça, ainda sob tensão diante daquele homem estranho. O homem por sinal, fuçava o bolso de sua calça e lá de dentro ele tirou a fita verde que tanto Hitomi namorava na tenda da mercadora.

— Pegue! — Ele a entregou, mostrando um sorriso sedutor.

— Não, sen... Jiraya, eu não posso aceitar. — Ela recusou, ainda demostrando nervosismo em sua voz.

— Só a soltarei se aceitar esse presente. Pegue! É de coração.

Claro que minha mãe achou estranho, nem o conhecia, era a primeira vez que via aquele homem. Ela tentou relutar.

— Me desculpe, mas não o conheço. Não seria sensata de minha parte.

— Se esse é o problema, então vamos nos conhecer. Bem... Eu já falei o meu nome. Me diga o seu?

Minha mãe mordeu o lábio o inferior, ainda pensando se deveria se apresentar a ele ou não, mas concordou.

— Bem, eu me chamo... Hitomi Uchiha... — A sua voz falhou lentamente, ainda insegura em falar seu nome ao sujeito.

— Uchiha? — Ele questionou para si mesmo, observando bem a cor dos olhos peculiares de minha mãe.

Minha mãe não queria explicar a ele, sentiu suas bochechas enrubescer, afinal, ela era uma jovem solteira e estava diante de um homem forte e de um sorriso encantador.

— Então, já nos conhecemos. Já pode pegar a fita. — Ele falou, lembrando a minha mãe do presente em suas mãos.

Minha mãe obedece e a recebe. Como o prometido ele libera o seu pulso, mas, esperando que minha mãe fugisse, foi presenteado com um sorriso.

— Obrigada! — Ela disse timidamente, curvando seu dorso diante dele.

Jiraya fica sem palavras, embora aquele homem possuir fama de mulherengo e vadio, as suas atitudes com minha mãe foram opostas ao relacionado com outras mulheres. Ele nunca foi um homem de relacionamento sérios, mas diante de Hitomi, percebeu que sua vida poderia ser diferente. Com o passar dos dias ele foi conhecendo melhor a minha mãe e ela foi se acostumando com aquele jeito divertido e sábio dele. Ele mostrava a ela o mundo de uma outra forma e sorria esperançoso para que dias melhores haveriam de vir. Apesar da diferença de idade — Já que a minha mãe possuía apenas dezoito anos — Hitomi foi sendo conquistada lentamente pelo sujeito e ao passar de alguns meses, eu fui concebida.

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Uma Uchiha - Série Sob KonohaOnde histórias criam vida. Descubra agora