A Filha Dos Dragões

I

Sentia o coração batendo tão forte no peito, que se não fosse pelo alvoroço que estava aquele lugar, ele seria facilmente escutado. As borboletas no estômago estavam presentes e eu sentia como se fosse vomitar a qualquer segundo.

Era a primeira vez que iria dizer alguém o que realmente sinto, não me julgue.

Mirajane tagarelava algo que eu fingia prestar atenção, não podia me culpar, meus pensamentos estavam cercados de fios rosas e nervosismo.

E a única coisa que me fez finalmente voltar para a realidade, foi o grande estrondo seguido de gritos empolgados. Era ele.

Natsu Dragneel.

Ele soltava algumas risadas altas e agradáveis de se ouvir enquanto levava uma broca de Erza por ter feito mais um buraco na porta do local.

- Chegamos! - soltou o pequeno exceed alto o suficiente para que todos escutassem.

Apenas os olhem de longe, evitaria o máximo de contato até que a hora chegasse.

Levy, sendo a observadora que era, percebeu meu comportamento. Ela se sentou ao meu lado e esperou que eu a percebesse ali.

- Parece que alguém está bem distraida hoje - soltou enquanto apoiava a cabeça em um dos braços. Mirajane riu do comentário.

- É, parece que sim - respondi estampando sarcasmo na voz.

- Qual é a do nervosismo? Resolveu se declarar hoje foi? - Perguntou dando uma risada, indicando que aquela pergunta era apenas para tirar uma com minha cara.

Respirei fundo e finalmente a encarei séria. No mesmo momento ela percebeu que a brincadeira havia sido certeira.

- Você só pode estar brincando. - disse a garota de baixa estrutura enquanto tinha uma expressão incrédula tatuada no rosto.

Lhe dei um sorriso tremido, e resolvi que faria aquilo antes que a pouca coragem que ainda me restava se fosse.

Com os passos acompanhando o bater do coração que ameaçava quebrar minhas costelas de tão forte que pulsava, não demorou muito para que eu atravessasse toda a guilda e enfim chegasse perto do rosado.

Segurei seu pulso, isso foi o suficiente para que ele se virasse, abrindo um sorriso largo ao me ver.

- Posso conversar com você? - disse abrindo um sorriso sincero pela primeira vez naquele dia.

Ele balançou a cabeça freneticamente, indincando que sim. Eu ri com sua empolgação toda.

Sai andando pela guilda arrastando ele pelo pulso, e apenas soltei quando tive certeza que estavamos longe o suficiente, afinal, não queria ninguém vendo e ouvindo.

- Por que tão longe assim? - perguntou ele equanto olhava para trás tentando enxergar alguma parte da grande construção.

- Medo de alguém ouvir - respondi sincera.

- Ouvir o que? Por um acaso você resolveu se declarar? - ele soltou uma de suas risadas ridiculamente gostosas de ouvir.

- Como... - foi a única coisa que meu cérebro conseguiu fórmular.

- Estava estampado em seu rosto o tempo todo.

- E quem te disse isso? - Natsu podia ser bom em várias coisas, mas perceber as coisas não era uma dessas coisas.

- Eu percebi - ergui uma das sombrancelhas, uma mentira daquelas não me enganaria - Ta bom, ta bom, foi a Erza. Foi sem querer. Ela só perguntou quando a gente iria namorar, ja que, segundo ela, "vocês só não estão juntos por cu doce dos dois".