Aquele natal de sua infância permanece. Ainda está dentro de você. Como disse, o natal não pode ser ignorado. Ele mora no nosso mais íntimo imaginário, nas nossas lembranças, nos nossos valores.
É a respeito do pai. Não podemos ignorar Deus. Ele habita em nós, mesmo quando o ignoramos. Mesmo os ateus buscam segurança em seus confrontos sentimentais, buscam justificar suas negações e nisso reside uma luta interna bastante difícil: O mundo que eles creem sem Deus.
Achamos que rompemos com o passado, mas não passamos de consequência dele. Achamos que rompemos com o divino, mas não passamos de fruto dele.
O natal que mora dentro de nós, e que sentimos mesmo sua falta, quando não o buscamos, com toda sensação de desolamento e clausura quando não participamos dele, demonstra bem isso.
Desde a antiguidade nos encanta a ideia do Deus que se fez menino. Que se fez humano. Que teve pai, que teve mãe. Que nasceu em uma humilde manjedoura. Que passou pelas tentações mundanas, sem nelas cair.
Que se fez como nós, para que nos entendesse e perdoasse.
Somos espelhos de Deus, somos seus filhos.
E em nossa tradição passada íamos a missa do galo, estávamos com os nossos, participávamos de festividades, abastadas ou não. Demos e obtivemos caridade.
Provamos dos sabores das rabanadas, nos deliciamos com os luzeiros e bolas de vidro coloridos nas ruas, nos encantamos com o menino nascido do presépio e cantamos sobre o pobrezinho, nascido em Belém, e lhe pedimos que dormisse em paz, Oh Jesus, na noite feliz.
É nossa tradição. Deus criou as tradições para que os homens as mantivessem para se lembrarem de quem eram, para que se conservassem. Deus fez os ritos para que a unicidade de um povo permanecesse.
E os ritos e as tradições nos tocam fundamente, não adianta negá-las. Nossos hábitos nos fazem humanos e nos diferenciam dos animais. Nossas tradições civilizam e nos dão a ideia de continuidade, de progresso, de identidade, de irmandade.
A tradição nos ensina sobre a longa linha geracional que nos trouxe até aqui, que devemos tudo aos antepassados, pois tudo nasce da continuidade. Nada provém daquilo que já não tenha sido.
Nossas tradições nos irmanam com o passado e nos ensinam de onde vêm as coisas, como elas crescem e se mantêm.
Contudo, com a atual vontade do rompimento, sofrimentos e graves consequências são trazidos.
Não somos felizes rompendo com essa tradição importantíssima e tão significativa que é a natalina.
Mas natal significa a esperança de inclusive reatar com nossos antepassados, e também com nosso pai primeiro e fonte de inspiração, a quem tudo devemos, o nosso criador, o nosso Senhor.
Natal significa também a humildade de reconhecer a importância das tradições e as tragédias e retrocessos que advêm dos seus rompimentos.
Reconhecer que não somos melhores que nossos antepassados, que não sabemos mais que eles em verdade, e ainda reconhecer que tudo o que temos se deve aos antigos.
Tradição é manutenção da ordem, é manter nossa sanidade mental individual e coletiva.
Natal é nossa tradição, é nossa procissão de fé, é nosso rito de graça. É nossa continuidade como seres humanos, filhos de Deus.
O ímpeto de mudança a qualquer custo, de modernização, secularização traz um grande vazio existencial, doenças de cunho emocional que antes não existiam, transtornos mentais, desequilíbrios de toda ordem.
Romper com as tradições é cair no perigoso torvelinho das mudanças que, os antigos sabiam, mas nós não, trazem agruras, loucura e morte.
Observamos todos os dias o fruto da secularização, do abandono do compromisso com nossa fé e com o equilíbrio das coisas. Observamos os jovens em intensa desordem emocional, num rumo autodestrutivo que, se não quiserem, não vai ter fim.
A solução de suas dores não está no que eles procuram. Eles caíram no engodo da nula fé ou da pouca fé. Na insistência vã da contestação cega, na falta de amor próprio, a outrem e ao zelo com o mundo. Romperam com Deus. Romperam com nossas tradições. Nossa tradição Ocidental é judaico-cristã. Ela é nossa formadora.
Portanto, sejam a resistência, e resgatem esse amor perdido. A esperança não morreu. Deus não está morto.
A esperança se renova. Natal é nascimento, é nascer de novo. Amor novo, vida nova em berço antigo, berço certo.O nosso berço cristão. A nossa alma cristã. A nossa formação.
Ao nos afastarmos do que somos, do que nos agrega e do que nos forma, nós morremos.
Chegará o dia do juízo final, por certo, mas até lá, busquem a graça, ante todas as adversidades. Busquem no Senhor. Obedeçam sua vontade. Sua vontade é que, no natal, você se rejubile.
Rejubilem-se no natal, pois, lembrem-se. Cristo nasceu. E nós, com ele, também.
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Não deixem o natal morrer
SpiritualNatal quer dizer relativo a nascimento. Onde ocorreu o nascimento (de alguém ou de algo); natalício. Natal não é uma festa pagã inventada para o comércio. Natal é celebração do nascimento de Cristo. Natal quer dizer que, celebrando o natal de Crist...