O dia chegou, retornar para o Brasil, voltar para a cidade onde tudo aconteceu.
A editora acabou concordando com o lançamento em dezembro, queria aproveitar para ver e passar o fim do ano com minha mãe, só não esperava que a editora deixasse para o dia 24 de dezembro.
Ainda não acredito que estou voltando, lembro de tudo, mesmo que 11 anos tenham passado. Leozinho veio comigo, era a primeira vez dele no Brasil.
Fecho meus olhos e mesmo com eles fechados, é difícil conter as lágrimas quando o ônibus começa a parar na rodoviária da cidade. Ah, aquela cidadezinha pequena do interior de minas, se ela pudesse falar.
_Acorda filho, chegamos. A vovó já deve estar esperando para te encher de porcaria.
Leozinho sorrir, sabe que é verdade, sempre assim, quando minha mãe o encontra, sempre o leva para comer besteira. Mas é aquilo, acho que toda avó deve ser assim.
Descemos do ônibus e minha mãe está lá, sentada calma no banco. Leozinho sai correndo quando a ver e logo, pula em seu colo.
Chegar bem dia 24, sabia que ia ser corrido, mas tinha sido por conta da firma.
_ Oi mãe, está tudo bem com a senhora?
_ Está sim. Você que chegou em cima da hora. Mal vai dar tempo de se arrumar e vai precisar correr para a livraria.
_ Sim, mas tudo bem. A senhora sabe que eu queria vim antes, mas não deu.
Entrar na minha antiga casa, uma sensação tão diferente, tão estranha. O piso ainda é o mesmo, tudo está no mesmo jeito. Deixo Leozinho com minha mãe e vou me arrumar, de fato, está tudo em cima da hora.
Entrar no meu antigo quarto é como voltar no tempo. A cama, os retratos e lá, entre as fotos, a foto dele. O motivo que me fez voltar.
Me aproximo da cômoda e pego o porta-retrato. A foto foi tirada na escola, em um dia onde tinha mexido muito com Léo. Naquele tempo, eu já gostava dele, mas não entendia.
Uma lágrima cai em minha face e deixo o retrato, preciso me arrumar. Sabia que seria o dia todo assim. Dia 24, o clima natalino, o lançamento do livro, o livro da nossa história.
Em meia hora estou pronto, combino com minha mãe, ela levará Leozinho para o evento mais tarde. Me despeço e saiu para a rua.
A cidade está decorada, a praça principal que fica perto do meu antigo colégio está toda iluminada, mesmo sendo dia. Dia nublado, dia que combina com o que sinto dentro do meu peito.
Cada olhada, cada pessoa que passa, eu lembro do Léo. Eu lembro da gente.
Me distraio e olho para o céu, na sacada de um prédio, que dá de frente para minha antiga escola, vejo um casal, os dois estão sorrindo e abraçados. Ver os dois me faz sentir falta ainda mais do meu amor.
Desvio o olhar e vou para a livraria, "Meu Melhor Amigo" já é sucesso em diversas cidades e países, mas aqui na cidade, fiz questão de vim. Léo ia querer que fosse assim.
Entro na livraria, me viro para fechar a porta e um garoto que deve ter seus 16 anos me passa correndo. Ele está chorando, e aquele olhar, me lembra o Léo.
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O lançamento - Um conto de Natal
Ficção AdolescenteNesse pequeno conto de Natal, dividido em 5 capítulos. No capítulo 1, Bruno, voltando a sua cidade, 11 anos depois do falecimento do seu amor. Bruno vem acompanhado de seu pequeno filho e volta para o lançamento do livro, livro baseado na sua histór...