Carta 1

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Boa tarde, estou sentado num banco velho de uma praça ao lado da minha casa. Estava 

um tanto monótono lá dentro e decidi respirar um pouco do lado de fora. E foi uma ótima escolha. 

Está frio, mas a brisa é acolhedora e, veja só, apenas um ser inanimado. Que ironia, as vezes, daqueles que menos esperamos vem aquilo que mais desejamos.

Um banco de praça te faz pensar muito.

Estou usando um sobretudo marrom escuro, o comprei semana passada me deixa uma sensação de segurança. Como a armadura de um cavalheiro. 

Há poucas coisas  ao meu redor, apenas um balanço e umas casinhas de madeira ainda úmidas porque choveu ontem á noite, com exceção do banco. Minhas botas estão bastante surradas e, mesmo assim, em ótimo estado para usar. Até elas ficam mais fortes com o tempo.

 Uns minutos atrás, uma gota d'água escorreu da bota esquerda. Talvez fosse uma lagrima só não sei de onde poderia ter vindo. 

O céu está limpo, bem azul, e dividido pelos galhos de uma grande árvore que nos cobre- eu e o banco e... uma lâmpada de rua. Acesa do meu lado, sua luz constantemente rouba minha atenção e ilumina a mais profunda vontade de desgostar mais ainda as botas, vagando mais além desta praça. 

Estou indo viajar, a pé. Eu quero ir, mais não foi por causa da lâmpada , não. Ela é apenas uma daquelas pequenas coisas que a vida põe ao nosso lado para inspirar um pouco. Minha vontade me impulsionou desde sempre, ou me iludiu.

Agora, sigo caminho para um destino desconhecido. A brisa me acompanha e deixo o velho banco sombreado pelos longos galhos; quem sabe aparecerá outro alguém.

Ansiosamente, Gabriel C. 

P.S. Estou a procura de alguma coisa. Talvez seja eu. 

Cartas e Contos do meu amigoOnde histórias criam vida. Descubra agora