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Aeron Reed.

O Senhor das Armas, o Filho do pecado e o patrono da morte, acho que é assim que o chamam nos fóruns internacionais que eu assisti no jornal das 19:00 ontem.

Eu observo-o em pé perto da popa do iate usando uma calça jeans folgada, quadris estreitos e costas largas, ombros que tensionam quando ele se move, braços definidos e cabelos compridos que se estendem por sua nuca, escuros e lisos.

Não sei como se sente tão confortável sabendo que suas armas já destruíram tantas vidas ao redor do mundo, famílias inteiras no Irã, no Iraque, crianças e crianças mortas por conta das bombas criadas por muitas de suas fábricas espalhadas nos quatro cantos do mundo.

Acho que qualquer pessoa daria tudo para ter uma chance perto desse cara, mas eu infelizmente não gostaria de estar aqui em nenhum sentido porque não me sinto confortável em saber que estou tão perto de um verdadeiro assassino, contudo precisar e querer são coisas distintas das quais aprendo todos os dias a tentar entender.

Acho que Reed é como uma droga ou por assim dizer, algo que deveria ser proibido banido da sociedade, mas que é perpetuado como algo legal que a longo ou curto prazo pode matar, como um copo de uísque, como um cigarro, como cafeína.

Coisas que vão matando toda e qualquer chance de uma pessoa conseguir viver até uns noventa anos, mas ainda sim todos nós insistimos em fazer uso, ainda mais aqui no Estados Unidos que a cada meio metro que nós damos, encontramos alguém com uma arma, como se fosse um pirulito, algo banal, mas que não é.

É por isso que eu sinto falta de casa.

Minas Gerais era o melhor lugar do mundo nesse sentido, longe de todo o barulho da grande metrópole, de uma cidade violenta, de tantas coisas que só de pensar me faz sentir mal por ter vindo até aqui por isso eu queria estar no Brasil.

Entretanto estou aqui na Flórida limpando chão e cuidando para que a minha filha não passe fome, não acho indigno porque também era minha realidade em casa, só que aqui a vida é mais dura, nada do que me prometeram quando decidi vir.

Devo me sentir grata?

Eu noto a presença de uma moça se aproximando por trás dele, usa apenas a parte de baixo do biquíni, os cabelos longos de cor castanho avermelhado se espalham com o vento, magra e esbelta, como aquelas mulheres que eu vejo no instagram todos os dias e sei que nunca vou conseguir ser por diversos fatores.

Suspiro, porque bem, nunca imaginei que fosse ver uma mulher andando assim num iate que contem eu e pelo ou menos uns vinte funcionários circulando para todo lado, depois quando o Senhor Reed se vira ele a olha e segura suas faces, noto um anel quadrado e grande em seu dedo mendinho, ele a olha mas não exprime nenhuma emoção, olha para o canto de onde ela saiu, sei que mais a frente tem algumas espreguiçadeiras confortáveis e grandes.

Então assim do nada ele olha na minha direção, abaixo a cabeça sob o boné que uso e me encosto na lateral me afastando de fininho, me apresso, sei que o iate sairá daqui a cerca de vinte minutos, então sou a responsável pela limpeza de tudo aqui, já terminei.

Bem, rico ou não, assassino ou não, meu trabalho aqui acabou.

Agora é partiu casa e pegar a Cassandra na casa da babá dela, desço as escadas e saio do iate, Tico estende o braço me ajudando a subir no tablado, ele é o guarda que cuida da segurança de alguns iates que ficam ancorados aqui, mas apenas os mais importantes, eu faço alguns durante a semana, a empresa na qual eu presto serviços todas as terças e quintas fazem principalmente limpeza de iates e pequenas embarcações.

D A R K - SOMBRIO - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora