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—Bom dia.

—bom dia senhor Reed.

Não há muito a conversar.

Cassandra me abraça dando as costas para Reed, é claro que ela está estranhando estar aqui, acordei com ela me cutucando a pouco.

—eu vou a cozinha, tomar um café e dar algo para a Cassandra comer.

—fique a vontade.

Não tenho tantos receios, já fui dormir pela manhã, com um medo e muitas dúvidas e receios dentro de mim, eu imaginei que acordaria mais tarde, só não pensei que acordaria basicamente as 14:00, meu corpo está dolorido e a Cassandra meio agitada.

Vou para a cozinha, ela é conjugada com a sala porém mais afastada, uma cozinha americana daquelas bem chiques com todos os eletrodomésticos que nem se eu juntasse por dez anos conseguiria comprar. Acomodo Cassandra de lado e ela fica pendurada em mim, vou até a geladeira e abro as duas portas, pego uma garrafa de leite surpresa em ver tantas frutas e verduras aqui, Cassandra indica uma maçã e entrego para ela, a coloco no chão e pego pão integral e queijo, fecho a porta da geladeira, o senhor Reed se aproxima em silêncio e se senta diante da pedra de refeições, agora ele usa uma calça jeans e uma camisa comprida, os cabelos estão presos num tipo de coque no alto da cabeça e a trança dele—eu realmente não sei porque fico prestando atenção na trança—está pendurada de lado, desvio o olhar e fico constrangida.

Não é pra ficar encarando demais, os americanos não gostam disso.

—gostou da minha trança senhorita Tereza?

Arrogante!

—mamãe—Cassandra puxa a barra do pijama.

Minhas roupas estão sujas, não tinha notado mas suei muito, não tenho outra roupa para vestir por isso continuo com o pijama, não sei se era de alguém, uma outra mulher talvez, mas me serviu bem. Eu a olho e ela mostra a maçã, pego a fruta e coloco Cassandra sentada diante da mesa de refeições que fica centralizada, pego uma faca que está em cima da pia e fatio a maçã depois entrego para ela, ela adora maçã.

—você vai ficar sem falar comigo mesmo ou só está tentando me irritar? Tenho que avisar, não funciona.

—desculpe—respondo e vou até a cafeteira—o senhor já conseguiu trazer as minhas coisas?

—estão em um quarto que eu aluguei, pedi que trouxessem uma mala com roupas suas e para a menina—ele diz—chega hoje até o fim do dia, com documentos, essas coisas.

—obrigada—tento ser o mais educada possível.

—você não respondeu a minha pergunta—instiga—gosto do meu café sem açúcar, as canecas ficam na quarta porta do armário a esquerda.

Vou até lá e abro, pego duas canecas tentando dizer para eu mesma que quando o Alexandre decidir ouvir a mensagem que eu deixei na caixa postal dele, talvez venha até aqui saber se a Cassandra está bem, eu liguei hoje de madrugada e decidi que definitivamente preciso estar em algum lugar melhor que esse, eu até vou agradecer a iniciativa do senhor Reed de tentar me "ajudar" depois de basicamente eu ter quase sido morta de tiro por culpa dele, isso é bem mais sério do que parece, mas acho que na cabeça dele deve ser normal, na minha não.

Não devo nada para ninguém, porque devo me esconder?

—você não me disse que o Elvis não era seu namorado.

—foi uma conclusão do senhor.

A caneca com o primeiro café fica cheia então seleciono o café que quero e coloco a outra caneca, vou até o senhor Reed e lhe entrego a caneca com café amargo.

—mas você não negou—ele argumenta e quando faço menção de me afastar novamente ele segura a minha mão—não precisa continuar zangada comigo, eu também não tenho culpa disso Tereza.

—entendo a posição do senhor—argumento surpresa—eu liguei para o pai da minha filha, acredito que até o fim da tarde ele venha nos buscar.

Uma sobrancelha escura sobe e a outra fica parada, e notável que Aeron Reed não goste da notícia.

—vocês são minha responsabilidade, é mais seguro que fiquem aqui comigo.

—eu não quero ficar de favor na casa de um estranho.

—achei que já houvéssemos passado dessa fase Tereza, você está sendo infantil, até que tudo se resolva não é seguro que fique andando por ai com a menina.

Me solto de sua mão, cruzo os braços, é que ele me olha de um jeito muito hostil e isso faz com que eu me sinta inferior, como um pai que olha para sua filha lhe dando uma bronca.

—não causei isso senhor Reed—argumento mesmo assim—é culpa do senhor que tudo esteja acontecendo.

—não é minha culpa que estejam tentando me matar, eu jamais achei que iriam atrás de mim e que atirariam daquela forma na sua casa, ou você acha que eu faria isso de propósito?—pergunta ele me encarando duramente—você tem que ficar por perto até que eu descubra quem está fazendo isso.

—bem capaz de eu continuar perto de você e acabar levando uma bala nem na cara, não vou colocar a vida da minha filha em risco—me afasto e vou até a cafeteira.

—sei que está chateada, eu garanto que logo que esses dias passarem você terá uma casa confortável e uma vida melhor, vou providenciar tudo, ambas estarão protegidas, mas preciso descobrir quem fez isso e a única forma de que vocês fiquem seguras até que tudo se resolva é ficando aqui.

—o pai da minha filha mora em Denver, posso ir para lá com ela, estaremos seguras.

—ele não mora aqui?

—não, ele mora em Denver.

—ainda acho que seja mais seguro aqui.

Ele é tão robótico que me dá nos nervos.

—confie em mim, espere ao menos esses quinze dias, depois você poderá ir e ficar bem, pagarei uma boa quantia para você poder cobrir todos os gastos, fique tranquila quanto a isso.

Não respondo.

Volto para a mesa de refeições e começo a montar um sanduíche para mim, Cassandra já comeu basicamente quase toda maçã.

—sei como se sente Tereza, mas no momento é a única coisa que podemos fazer.

—o senhor não sabe como eu me sinto, pode ter certeza, não sabe como é ver sua filha deitada no chão com medo dela levar um tiro na cabeça, como é fugir de sua própria casa correndo no meio da noite, não sabe nem metade sobre mim.

Dessa vez ele fica calado, se levanta e sai da cozinha rumo a sala, beijo a cabeça da Cassandra, eu sei que esse homem nunca vai conseguir ter um pingo de sensibilidade na vida, ele é frio, indiferente e sarcástico, mas de todas as formas, vou esperar para ver o que o Alexandre fala, se fala, acho que depois de tudo o que passamos ele talvez ainda se importe com a Cassandra, afinal de contas, não é o pai dela biológico, mas não tive culpa de como tudo aconteceu.





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