A Marota

Ciúmes?

Pov Marina Potter

O passeio com Régulus tinha sido extremamente agradável, embora eu tivesse sentido uma estranha sensação o caminho todo.

Todo momento em que ele olhava para o céu, o meu coração acelerava. Não sei explicar o porquê. Régulus não me sufocou, pelo contrário, foi totalmente gentil, mas algo estava errado. Eu senti como se precisasse correr a qualquer momento. Eu senti a minha mão formigando para pegar a varinha. Eu sorri para ele inúmeras vezes, mas não parecia sincero. Eu tive vontade de chorar, de gritar, mas não havia explicação.

Afinal, eu tinha acabado de conhecê-lo. Não é possível que eu me sinta assim em relação a alguém que foi tão legal.

Ele me deixou no quadro da Mulher Gorda, embora eu tenha deixado claro que não havia necessidade alguma. Ele se despediu me dando um beijo na minha bochecha, nesse momento pensei que o meu coração iria sair pela boca, mas nada aconteceu. Régulus sabe como tratar uma mulher.

Ele deu as costas e saiu, me contive de chamá-lo. Tinha algo que eu queria falar para ele, queria o avisar, mas não sabia o que era. Senti um aperto no coração e me arrependi de não ter falado nada. Ele é um bom garoto, não merece essa pressão toda que as pessoas colocam por ele ser um membro de uma família importante.

Sirius está certo em fugir disso tudo, é extremamente surreal a pressão que os adultos colocam nas crianças. É como se, por conta dos mais velhos estragarem tudo, as crianças têm que lidar com as consequências. É totalmente injusto e imoral. Isso não merece ser nomeado de família.
Suspiro e olho para o quadro na minha frente. Sei que do outro lado os garotos estão me esperando para dar o relatório mas, por mais estranho que seja, eu me sinto feliz. Quero falar com eles. Quero passar esse tempo com eles. É como se eu estivesse tentando me apegar somente à memórias felizes.
Assim que passei pelo quadro, dei se cara com todos os garotos sentados nas poltronas, impacientes. Seus rostos se iluminaram quando me viram, pareciam cachorrinhos esperando pelo seu dono depois de um longo dia de trabalho. Só faltou eles pularem na minha direção.

Atrás estavam as meninas, sorrindo. Mais controladas, elas estavam encostadas no sofá com os braços cruzados e conversando entre si.

ㅡ E então? ㅡ James perguntou, atraindo a atenção de todos. As garotas pararam de conversar e me olharam com curiosidade.

ㅡ E então o quê? ㅡ me fiz de desentendida e comecei a olhar qualquer coisa que não fosse o olhar severo dele.

ㅡ Sobre o seu encontro! ㅡ Lily falou animada, e as meninas concordaram com a cabeça.

Brevemente arrisco um olhar para Sirius, que olha fixamente o chão. Não parece demonstrar qualquer tipo de sentimento, o que me faz ficar levemente triste, mas não me abalo.

ㅡ Primeiro: não foi um encontro ㅡrespondo, mesmo eu mesma tendo uma dúvida interna. Qual é, eu acabei de conhecer ele, com certeza é só um passeio ㅡ e segundo: ㅡ continuei, abrindo um sorriso ㅡ foi maravilhoso! ㅡ era verdade. Amei cada segundo ao lado de Régulus, ele é uma pessoa com quem é agradável passar a tarde. Decido ignorar o fato de que tive uma sensação estranha.

ㅡ Hm, legal ㅡ resmungou Sirius e, se eu não tivesse perto dele, não teria escutado.

ㅡ O que é isso, Sirius? Ciúmes por que ela saiu com o seu irmão e não com você? ㅡ perguntou Dorcas e, por um momento, isso passou pela minha cabeça.

Ciúmes? De mim? Acho que soa mais como uma piada.

A verdade é que talvez eu só queira amigos para não ficar sozinha novamente. Não quero sentir aquele vazio que senti no orfanato. Eu só quero me sentir amada também.

ㅡ O quê? Claro que não! ㅡ Sirius disse pasmo, mas por um breve segundo seu olhar vacilou. Parecia que ia baixar a guarda naquele momento, mas logo seu olhar duro voltou.

ㅡ Acho bom mesmo! ㅡ disse James olhando estranho para Sirius. Eu não consegui entender o olhar do meu irmão, mas acho que Sirius entendeu, já que também lançou um olhar estranho.

ㅡ Ok, hm... ㅡ comentei, enquanto ainda olhava para eles ㅡ meninas, vamos lá em cima? Eu conto os detalhes ㅡ continuei, elas então concordaram e se movimentaram para ir até a escada.

ㅡ Se vocês vão lá, eu também vou ㅡ James falou, se levantando rapidamente e se esticando, pronto para subir os degraus.

É então que uma ideia passou pela minha cabeça. Poderia ser arriscada, caso algum deles soubesse o que aconteceria, mas optei por fazer mesmo assim. Estávamos precisando de boas risadas, mesmo que isso significasse que alguém talvez passasse a maior vergonha.

ㅡ Ok ㅡ falei dando de ombros e as meninas me olharam pasmas, mas apenas fazia parte do meu plano ㅡ vocês também querem ir? ㅡ perguntei para os outros Marotos, eles concordaram, então eu e as meninas subimos primeiro, depois os meninos tentaram subir.

É aí que o plano acontece. Sinto um tremor nos degraus, mas nada acontece onde eu piso. Viro para ver os garotos: a escada simplesmente se transformou em um escorregador, fazendo com que todos caiam um em cima do outro.

Comecei a rir e as garotas me acompanharam. Os meninos formaram um tipo de torre humana e o rosto deles foi impagável.

ㅡ Você sabia disso? ㅡ Remo perguntou enquanto tentava se levantar.

ㅡ É claro que sim ㅡ falei, ainda rindo.

Sei disso desde que escutei uma garota falar par aumentar garoto, já que ela queria que ele fosse até seu dormitório, o que não iria acontecer justamente por causa disso. Os dois pareciam tristes, mas pareciam se amar ainda mais.

Voltando para os Marotos, se eles querem começar a controlar com quem eu saio ou deixo de sair, é melhor começarem a repensar isso. Sei me cuidar muito bem sozinha e não preciso de guardas costas.

ㅡ Bem feito! ㅡ Marlene falou e nós rimos mais ainda. Depois que vi a cara de ódio deles, saí correndo para meu quarto, juntamente com as meninas.