O pedido que deu lugar as Promessas

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Estou ansioso, com as mãos suando e o coração batendo forte. Faz quase um ano que papai e mamãe estão tentando ter um bebê, eu pedi uma irmãzinha, mamãe disse que não tem como garantir isso, mas que levaria meu pedido em consideração.

Prometo que vou brincar sempre com ela.

Eles tentaram como eu não sei, mas não está dando certo, por isso agora eles foram ao médico para ver o que está dando errado. Espero que nada. Estou pedindo muito que não seja nada grave.

Tia Monica e Tio Eric estão aqui em casa esperando comigo. As horas parecem não passar nunca e fico cada vez mais ansioso.

A consulta foi marcada para a uma hora da tarde é quase duas e meia e meus pais não chegaram ainda. Gostaria de ter ido junto.

–Jared – tia Monica me chama – fique tranqüilo, garanto que em breve teremos boas notícias.

Assinto com a cabeça e volto minha atenção para a porta em expectativa, sei que mamãe não virá com ela no colo, mas ainda assim estou com grandes esperanças.

Ouço o barulho do carro ao chegar em frente a casa e me preparo para vê-los entrando... O que eu não espero é ver minha mãe com o rosto inchado de quem chorou o caminho todo para casa.

Espero eles entrarem, tia Monica vai até mamãe que suspirando vai até a cozinha com tia Monica atrás dela, papai é quem vem até onde estou sentado imóvel.

– Oi filho. – Papai senta-se ao meu lado e respira fundo. – Sei que você quer muito ter uma irmãzinha, mas infelizmente eu e a mamãe não vamos poder realizar seu desejo.

Começo a chorar como mamãe na cozinha, pensei que fosse ser fácil. Pedi tanto, vovô diz que quando pedimos com muita vontade, somos atendidos, não fui atendido, estou sendo deixado de lado.

Papai me abraça forte, mas nesse momento não quero ouvir mais nada, saio dos braços de meu pai e corro para meu quarto, nesse momento não quero mais falar com ele.

As horas parecem ter passado muito rápido agora, quando mamãe bate em minha porta mais calma, já é noite lá fora. Ela sorri e entra, sento-me na cama e dobro os joelhos apoiando o queixo em cima.

–Oi meu amor. – Ela diz ao beijar meu rosto. – Sei o quanto está triste Jared, eu e seu pai também estamos. Tentamos de tudo, não sabemos onde está o problema a médica também não soube dizer...

–Procure outra! – Digo com raiva.

–Faremos isso querido, mas por enquanto é melhor irmos nos acostumando com as notícias que temos. – Me jogo nos braços de minha mãe e começo a chorar mais uma vez. Sinceramente, acho tudo muito injusto.

Quando Ana vem com sua mãe naquela noite, não quero vê-la, não quero que me veja chorando, não quero dizer a ela, que não terei minha irmãzinha.

Eu prometo que voltarei a pedir por você.

***** *****

Meses depois

Já faz alguns meses que papai e mamãe desistiram da minha irmã. Três médicos sem respostas conclusivas e aqui estamos nós, seguindo em frente.

Já não choro mais durante a noite, já me acostumei com a idéia, embora ainda peça nas minhas orações.

Chego da escola mais cedo e encontro mamãe e tia Monica chorando na cozinha, espero um momento antes de perguntar o que está acontecendo. Papai está lá fora arrumando alguma coisa. Desde que soubemos que mamãe não poderia engravidar, papai tem passado mais tempo em casa do que no escritório.

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