As Virtudes da Luz

CAPÍTULO 1 - Fogos de Artifício

"Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação." (Tiago 1:17)

Nunca busquei ser o que sou, mas sei que este dom me foi confiado por razões que ultrapassam minha compreensão. Assim como as folhas caem das árvores por um desígnio superior, guiadas pela vontade do Pai das Luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação, eu acredito que há um motivo pelo qual as coisas acontecem nas nossas vidas, sejam elas boas ou ruins. Talvez esse seja o senso de propósito. Você conhece o seu propósito? Estou tentando descobrir o meu.

Eu sou Simas. Tenho 15 anos. A minha irmã mais nova se chama Samara. Ela é minha única amiga, e divide comigo as mais loucas aventuras. Não que eu seja antissocial. Eu até sou legal e divertido. Quero dizer, ao menos é assim que a minha mãe me vê. E isso deve valer de algo. Porém, apesar disso, ela não gosta muito das ideias e das "loucas aventuras", principalmente quando envolve a minha irmã.

Acontece que a gente não gosta do convencional. Enquanto as crianças se divertem correndo por aí, pulando, correndo e andando de bicicleta, eu e minha irmã nos divertimos no lago Silver, que banha Blacksmith, a nossa cidade, nele vivemos a maior parte de nossas aventuras. Bem no centro do lago há uma ilha, que o nosso pai costuma nos levar para fazer trilha e acampar. Daí você pode entender o porquê de termos um espírito aventureiro. Puxamos mais ao papai.

- Onde os mocinhos pensam que vão?

- Vamos ao lago Silver, mãe - respondemos saindo de fininho.

- Tenham cuidado. A previsão do tempo de hoje é para chuva!

- Não precisa se preocupar.

Saímos de casa em direção ao lago Silver e minha mãe tinha toda razão. O céu estava anunciando uma chuva que com certeza cairia daqui a pouco. Porém não nos intimidamos, pegamos o barco do meu pai e logo entramos na água.

Amamos quando chove enquanto estamos nos divertindo no lago, as águas ficam mais agitadas, o que nos leva a passar de uma cena de velejo tranquilo para uma grande e perigosa batalha naval. Deixei Samara no barco, com a boia salva-vidas e mergulhei, depois me virei para o céu e fiquei admirando as nuvens de tempestade enquanto flutuava sobre a água.

Rapidamente, o céu se fechou e começou a chover.

– Não acha que devemos ir para casa, Simas? A chuva está ficando mais forte!

- Não. Você está com medo, criancinha? – murmurei.

– Eu não sou criancinha!

Além de nadar e brincar no lago, minha outra diversão preferida era irritar Samara. Minha mãe detesta. Ela diz que eu devo ser um bom exemplo, e cuidar muito bem da minha irmã. Apesar de tudo, a amo muito, e não há nada que eu não faria por ela. Sim, a gente irrita quem a gente ama, não é mesmo?

As nuvens acima de nós ficaram ainda mais densas. Enquanto minha irmã ficava mais atemorizada, eu me divertia ainda mais. Há beleza nas tempestades. Eu simplesmente amo tudo isso. Elas nos trazem fé, porque sabemos que logo após o sol brilhará de novo, e no fim, nossos olhos contemplam um arco-íris. Basta saber esperar.

- O que deu em você hoje? Parece até que nunca fez isso antes.

De repente, ouvimos um barulho como de trovão. Samara gritou como se aquele fosse o fim do mundo.

- E você ainda quer ver os fogos de artifício de hoje à noite com medo de um trovão como esse?

Nessa ocasião, tínhamos outra diversão, observar a queima de fogos da festa do Renovo, que acontece sempre que um ano se finda e um novo se inicia. O espetáculo de luzes enchem nossos olhos de alegria. Eu sei que isso não é algo extraordinário, mas para nós é simplesmente incrível.