As Virtudes da Luz

CAPÍTULO 4 - Bem Vindos à Selva

Vivi muitas aventuras nesta ilha, a maioria delas com o meu pai ou com a minha irmã. Mas, essa é a mais sinistra de todas. Em um momento, eu sou uma pessoa normal, em outro, sou um procurado por criaturas homicidas, que acham que eu roubei alguma virtude deles.

- Vou acender a fogueira. Precisamos nos aquecer - disse.

- Ok. Você realmente é bom nisso. – elogiou Juan.

- Obrigado. Meu pai quem me ensinou. Ele costumava fazer esses momentos pai e filho e me ensinou como sobreviver em casos como esses. Não exatamente como esses... Enfim, você entendeu.

- Que legal – disse cabisbaixo.

- Está tudo bem, Juan?

- Está tudo bem sim!

- Você pode conversar se quiser.

- Obrigado. É que meus pais nunca estão por perto quando eu preciso. Sempre estão viajando. Cuidando dos negócios da família. Eles nunca têm tempo para sair comigo e nos divertir porque precisam cuidar da empresa.

- Entendo. Deve ser difícil para você. Mas, não fique assim. Agora você tem um amigo aqui.

- Obrigado, Simas.

Após tentar consolar o meu amigo, voltei a focar na fogueira, que já estava quase pronta. Após alguns minutos friccionando dois pedaços de madeira, as faíscas logo acenderam as folhas secas no centro, e o fogo começou a tomar forma.

Juan ficou admirado com todo o processo. Com a vida que ele tem, acredito que talvez nunca se imaginou passar por situações como essa. E que bom que ele está prestando atenção em tudo, uma hora ele vai ficar responsável pela fogueira, e não queremos causar um incêndio na floresta.

- Do quê você está rindo?

- Só estava pensando em uma piada - respondi.

- Qual piada?

- Vamos deixar para lá.

- Tudo bem então. Sabe, Simas. Eu estava aqui pensando. Como devem ser os poderes das outras virtudes?

- Se eu consigo fazer essas coisas com a água e você irradiar luz do seu corpo, as outras também podem fazer coisas extraordinárias.

- Estou ansioso para descobrir mais sobre essas virtudes.

- Eu também estou. Mas, agora vamos dormir. Amanhã precisamos decidir onde procurar primeiro.

- Ok. Boa noite, Simas.

- Boa noite.

Apagamos a fogueira, e entramos na cabana para dormir. Dentro dela havia alguns tecidos, que usamos como lençol. A exaustão me trouxe o sono depressa. Enquanto dormia, sonhei com tempestades, grandes terremotos e muita devastação. Pessoas correndo desesperadas para salvar as suas vidas. Porém, aqueles lugares eu não conhecia. As tragédias continuavam até que uma luz brilhou tão forte que me ofuscou a visão.

- Você está bem? – perguntou Juan me acordando.

- Acho que estou.

- Você estava se remexendo muito.

- Eu tive um sonho esquisito. Sonhei com destruição. Muita destruição.

- Calma. Foi apenas um sonho. Passamos por muita coisa desde a noite dos fogos. E dormir no chão de uma cabana no meio de uma floresta em uma ilha, sendo ameaçados por monstros que querem nos matar também não ajuda.

- Você tem razão, Juan.

- Quando eu tenho pesadelos eu costumo ir para a sala de música e toco o meu piano.