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Começar é sempre difícil. Seja um texto, um trabalho, qualquer coisa. Talvez seja essa a prova da tão falada Inércia da Física, isto é, o quão difícil é sair do lugar. 

Pois bem, não sei por onde começar, afinal na minha vida foram tantos fins e começos recentes que mal posso cita-los.

Muito prazer leitor, meu nome é Gabriel, tenho 19 anos. Desde já peço perdão à todas as pessoas que serão citadas ao decorrer dos capítulos.

Do começo.

O meu ano de 2017 foi extremamente confuso, provavelmente falhei e me renovei umas 10 (??) vezes. Tentei me matar, inclusive. Mas esse assunto terá um capítulo especial. Das coisas que vivi esse ano, acho que a que mais me marcou foram os aprendizados, o quão humano me tornei. Aprendi a sentir as pessoas, perceber tristezas e sorrisos falsos, algo meio que inexplicável. Nem sempre foi simples, o ódio que eu tive do mundo foi tão grande e por tanto tempo, que eu não saia da minha cama. Minha vida foi deitado, ou no computador, por quase 2 meses, na época eu morava sozinho e meus pais não tinham como saber do meu estado, eu não contava, então continuei nisso por um bom tempo. Quando decidi que era a hora de sair disso, não tinha forças pra isso. A Inércia, que citei anteriormente, me obrigava a continuar na cama. Sem ninguém pra conversar, com problemas na faculdade, eu não sabia o que fazer. Então decidi largar a faculdade, largar tudo. Estava chegando a data da colação de grau da minha irmã, como teoricamente eu teria aula, não poderia ir, devido a distância considerável entre Guarapuava e Maringá. Acabei indo, meio brigando com meus pais, mas eu precisava fazer algo. Cheguei em maringá na quinta-feira, ansioso, fomos a colação de grau, até ai tudo bem. Voltamos pra gaucha. 

 Lembro como se fosse hoje, domingo, meio dia, tempo aberto, o sol refletia no piso da edícula o que me obrigou a colocar a mão nos olhos, segui firme, tinha que ser agora. Se eu não contasse a eles agora, não contaria nunca mais. Desabei. Mal podia falar, as lágrimas caiam antes mesmo de começar, podia ver o desespero da alma transposta no rosto dos meus pais, não tinha mais volta. Então falei. Entre lágrimas e palavras, acabei contanto. Contei que já não frequentava mais a faculdade, que não voltaria a Guarapuava, enfim, contei tudo. Apesar da dor do fracasso, da dor de decepcionar meus pais, eu me sinto leve. A meses eu carregava aquele peso, agora, ele já não existira mais nessa forma, foi como se aquele problema gigante se tornasse dezenas de problemas pequenos, os quais agora um por um eu iria enfrentar, mas não sozinho, meus pais estavam comigo. Se hoje estou vivo, devo a eles. São pessoas incríveis, das quais eu me orgulho de ser filho, mas que com pensamento um tanto quanto antigo, tive que lápida-los.

O primeiro passo fora dado, neste momento lembro que me sentia quase que enjoado, como se caminhasse sobre uma ponte de madeira amarrada com cordas, que a cada passo você pensa que vai cair, mas não podia parar. Então vivi, andei e sobrevivi. E a cada passo novos problemas surgiam, novas pessoas surgiam, me afastei de amigos e com isso encontrei os verdadeiros amigos, mas deles eu falo depois. 


Não se deixe engolir pela inércia, saia do lugar.


StepsWhere stories live. Discover now